Em meio às discussões de reabertura, ou não, dos estabelecimentos do ramo alimentício, é importante, primeiramente, saber que as coisas terão que mudar

Questões para o pós-pandemia

Arquiteto Henrique Hoffman – do escritório Painel Arquitetos Associados

Recentemente, em Belo Horizonte, houve o impasse sobre a reabertura dos estabelecimentos do ramo alimentício – como bares, restaurantes e lanchonetes, durante a pandemia da COVID-19 pela qual estamos passando.

No dia 20 de julho, o juiz Wauner Batista Ferreira Carvalho determinou a reabertura deste segmento comercial, com o apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG), com algumas restrições como controle de distanciamento entre as mesas, controle de fluxo do lado externo (como fila de espera) entre outros. Porém, no dia 22 de julho, o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o desembargador Gilson Soares Lemes, derrubou a liminar, alegando que a abertura destes estabelecimentos agravaria, ainda mais, a situação da pandemia na capital mineira.

Apesar do impasse, o mais importante a saber é que nada será como antes. Quando for estabelecida a reabertura de bares, restaurantes e lanchonetes, é crucial que os comerciantes tenham em mente que seus estabelecimentos terão que ser modificados e se adequar às novas regras sanitárias contra a proliferação do novo coronavírus.

De acordo com o arquiteto Henrique Hoffman, do escritório Painel Arquitetos Associados, os comerciantes devem criar ambientes que gerem segurança física e psicológica aos seus clientes, tornando os seus estabelecimentos mais confortáveis e confiáveis.

“Estratégias de arquitetura aliadas às regras de vigilância sanitária poderão ativar a confiança e alavancar os resultados que os comerciantes almejam após tanto tempo inativo. É imprescindível estar atento às medidas legislativas, como funcionamento reduzido; distanciamento entre mesas; entrada com medição de temperatura; área de higienização (álcool gel), obrigatoriedade de uso de máscara e uso exclusivo de a la carte. Já em relação às medidas de arquitetura, destaca-se: cardápio sem contato (digital), decoração que remeta à limpeza – incluindo a tonalidade das cores do ambiente; materiais com baixa porosidade, de fácil limpeza; biombos e ou separadores de ambientes (para segregação física e geração de sensação de segurança); ventilação efetiva, cruzada natural ou mecânica com extração”, explica.

A ventilação, por exemplo, é um dos fatores primordiais que deve ser observado, atentamente, pelos comerciantes. Afinal, quanto maior a dissipação do ar, menores são as chances da permanência do vírus no ambiente. É imprescindível aumentar a capacidade de circulação e renovação de ar natural, sempre que possível.

“O interessante é que existem diversas estratégicas que vão muito além de aumentar as dimensões das janelas, como alguns exemplos, tais como o Efeito chaminé, onde trabalhamos aberturas na parte mais baixa e na parte mais alta do local e, desta maneira, o ar quente (menos denso) é repelido pelo ar frio por diferença de pressão, promovendo, além de um ambiente mais ameno, um ambiente ventilado naturalmente. Outra sugestão é a ventilação cruzada, onde trabalhamos com, no mínimo duas aberturas (portas ou janelas) em lados de paredes opostas ou adjacentes (de preferência nas que tem vento a direção do vento dominante) que permita o fluxo cruzado de vento e a renovação do ar. Sempre que possível, utilizar janelas de abrir em vez dos modelos de correr, pois, em geral, janelas de abrir permitem 100% de sua área de ventilação, já as de correr, cerca de 50%, pois parte da abertura é vedada pela própria janela”, detalha Henrique Hoffman.

O arquiteto destaca que, quando não é possível trabalhar com ventilação natural, deve-se utilizar a ventilação mecânica, que também é uma boa estratégia, como por exemplo os mecanismos de renovação de ar com sistemas de extração mecânica que provoca pressões negativas no interior do edifício, atuando em conjunto à insuflação mecânica para garantir a ventilação dos mesmos.

“Esse sistema mecanizado é incorporado à arquitetura e compatibilizado através do uso de shafts bem localizados, pisos elevados e entreforro que auxiliam na distribuição dos sistemas, manutenção e conforto termo/acústico. Dessa forma, temos a constante troca de ar externa/interno mesmo em ambientes totalmente fechados e reduzimos exponencialmente as chances de contágio. Ainda sobre ambientes ventilados artificialmente, é importante destacar que o ar condicionado não troca efetivamente o ar e sim faz o mesmo ar que pode estar contaminado circular no ambiente, favorecendo assim o contágio em um espaço fechado”, encerra Henrique Hoffman.

Contato:
Painel Arquitetos Associados
(31) 2555-3663
https://painel.arq.br/

 

Sua conexão com o Arqbrasil