O resgate da essência artesanal e da produção familiar atrai clientes que buscam produtos mais autênticos e, por consequência, estimula o mercado regional

O bom negócio da produção familiar

A agricultura familiar é responsável por cerca de 70% dos produtos que chegam à mesa dos brasileiros. A produção artesanal de demais produtos, como adornos e acessórios, por exemplo, também possuem uma grande escala em Minas Gerais.

E, como a maioria da população não sabe ou não conhece a importância desses produtores, que desenvolvem seu material em pequenas propriedades e feito por pequenos grupos de pessoas, esse mercado está investindo na sua valorização.

Com a ajuda da arquitetura, os produtores familiares trazem ao mercado consumidor de Belo Horizonte uma nova perspectiva sobre a produção artesanal, com formas atrativas e singulares. Segundo a arquiteta Estela Netto, os produtos regionais têm sido cada vez mais valorizados, desde o artesanato à culinária. “Os empresários têm percebido essa busca e valorização da identidade vernacular e investido nisso. Eles percebem a possibilidade de retorno financeiro”, afirma.

A arquiteta é a responsável pelo projeto da loja Leve Minas, que abriu recentemente mais uma unidade (sua terceira) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. A loja tem o intuito de dialogar diretamente com a cultura mineira, transcendendo o universo das fazendas, com a ajuda do impacto da arquitetura. “Cabe à arquitetura um papel importantíssimo no Ponto de Venda (PDV).

A exposição do produto, a iluminação, o fluxo do cliente dentro da loja, o mapa de calor e a conformação da identidade da marca. Neste projeto tivemos um desafio novo, onde a loja dialoga, também, com o cidadão cosmopolita, que viaja pelo mundo, e tem sempre novas demandas. A linguagem estética que utilizamos tem a ver com a cultura mineira tradicional e também com a cultura mineira contemporânea”, explica Estela Netto.

Com o foco nessa expansão, Belo Horizonte traz para a capital mineira uma novidade para o segundo semestre deste ano. O Mercado de Origem tem como proposta ser um espaço para a troca de conhecimento e para a realização de negócios relacionados à agricultura familiar.

No local, pequenos produtores oferecerão uma ampla gama de gêneros alimentícios in natura ou processados de forma artesanal ou em pequena escala. Os produtos virão diretamente do campo para a cidade e a venda será feita ao consumidor final ou a pequenos revendedores, sem a presença de atravessadores.

Responsável pelo projeto do Mercado de Origem, o escritório Dávila Arquitetura ressalta a retomada da arquitetura dos mercados em Belo Horizonte, repleta de referências aos antigos espaços mercantis da capital mineira, como explica o arquiteto Afonso Walace. “Antes de chegarmos ao conceito do Origem, pesquisamos alguns mercados de BH, principalmente a antiga Feira de Amostras de BH, localizada na Praça Rio Branco.

Identificamos um símbolo importante naquele edifício – a torre de relógio – que marcava verticalmente o empreendimento, em alinhamento com o eixo da Av. Afonso Pena. Achando interessante resgatar o conceito, aproveitamos uma caixa d’água preexistente, um volume que já existia e o transformamos em torre de relógio”, revela.

O reaproveitamento será a tônica do novo projeto que partiu de um prédio existente. O Mercado de Origem é uma ampla obra de retrofit com alteração no uso: um obsoleto prédio usado como motel sai de cena e a cidade ganha um mercado que concilia tradição e inovação.

Além do relógio, outras referências aos antigos mercados de Belo Horizonte podem ser encontradas no design do Mercado de Origem, como elementos que remetem ao Mercado Central e ao Mercado Novo, porém com inovações arquitetônicas e a modernidade dos elementos. “A fachada traz elementos diferenciados dos antigos mercados da capital, mas que podem ser lidos em outros edifícios da cidade.

Outro efeito inovador é que no meio das paredes ‘cobogó’, imaginamos vitrines que conferem um toque contemporâneo surpreendente à edificação. Há também na fachada principal um terraço para o qual se abrem algumas lojas com potencial para serem ocupadas por bares e restaurantes. Estas, por sua vez, terão a frente em tijolos aparentes e com a entrada protegida pelos característicos toldos que marcam cafés e mercearias europeias”, exemplifica Afonso Walace.

O Mercado de Origem funcionará no bairro Olhos D´água e sua inauguração está prevista para outubro de 2019.

Contatos:
Mercado de Origem
(31) 3288-2661
http://mercadodeorigem.com.br/

Leve Minas Empório
(31) 3689-2220
Website não informado

Dávila Arquitetura
(11) 3103-2150 / (31) 3303.2100
http://www.davila.arq.br/