A proposta buscou
aproveitar o máximo possível da estrutura existente, ao mesmo tempo que
lançou mão de recursos construtivos que pudessem dar novo caráter e vida ao
edifício para receber com qualidade o uso educacional. Algumas das
estratégias adotadas foram a inclusão de pré-sombreamento das fachadas para
melhor conforto térmico e filtragem de luz difusa nas salas de aulas,
adoção de grandes átrios verticais, novas escadas internas, nova passarela
de entrada, liberação do térreo inferior como grande pátio e jardim.
Algumas dessas estratégias foram a inclusão de pré-sombreamento das
fachadas para melhor conforto térmico e filtragem de luz difusa nas salas
de aulas, adoção de grandes átrios verticais, novas escadas internas, nova
passarela de entrada, liberação do térreo inferior como grande pátio e
jardim, entre outras.
As plantas foram organizadas para melhor atender alguns dos desafios
impostos em um edifício vertical: grande fluxo de estudantes e limitação de
pátios. Dessa forma, as salas de aula foram organizadas nos pavimentos mais
baixos – à exceção do térreo inferior, que é dedicado à praça de chegada e
refeitório. Com uso mais esporádico, as salas de uso especial ficaram no 3o
pavimento.
À biblioteca e área de estudos, com toda simbologia dentro de uma
instituição de ensino, foi reservada o espaço superior e junto à fachada
frontal do edifício – como se a biblioteca se debruçasse sobre a rua
frontal e como se convidasse as pessoas a desfrutarem da instituição. O
Térreo Inferior é tratado em projeto como a “Praça de Chegada e Convívio”
de todos os estudantes, seja aqueles vindo da rua ou de van escolar. Por
isso, grande atenção foi dispendida em abrir o máximo possível de espaço
como área livre, para acomodar jardins e recantos de utilização.Assim, o
primeiro pavimento acomoda 7 salas de aulas, enquanto o segundo abriga
outras 10, totalizando 17 salas. As salas de usos especiais foram alocadas
no terceiro andar (biblioteca, laboratórios e salas de estudos), tendo em
vista que o fluxo nesses espaços é mais reduzido.
A contenção do desnível com a rua à frente do prédio é tratada como um
jardim escalonado, como uma arquibancada que configura uma arena em direção
à porção coberta da praça, integrando pátrios externos, cobertos e o
refeitório. Com a demolição parcial de 2 trechos de lajes frontais, foi
possível a criação de grandes átrios centrais que permitem arejar a
verticalidade do edifício existente. Esses átrios, cobertos por sheds de
iluminação e ventilação, e abertos lateralmente, também propiciam abundante
circulação de ar por ventilação cruzada e por efeito chaminé.
Outro ponto chave é a correta adequação das circulações verticais.
Aproveitando os átrios abertos, foram criadas duas novas e proeminente
escadas, possibilitando a demolição da escada existente. Como maneira de
garantir o acesso de cadeirantes ao edifício, foi proposta a substituição
da passarela em concreto, que hoje é muito íngreme, por uma peça em
estrutura metálica que avança mais adentro no edifício.
Essa nova passarela dá acesso direto ao primeiro pavimento do edifício –
que abriga as salas administrativas da escola. Assim, entende-se que pais
de alunos, funcionários e visitantes utilizarão essa passarela ao invés da
descida por escadaria ao Térreo Inferior – que tem uma utilização mais
franca pelos estudantes.
Ao longo dos 3 pavimentos superiores, salas de aulas e de usos especiais
ocupam as áreas perimetrais e liberam grande porção central de laje –
trunfo do projeto, apelidadas de “Praças Aéreas” – caracterizadas por dois
grandes vazios e pelas circulações verticais.
Vistas das Praças Aéreas, as paredes das salas de aula são peças especiais,
com faixa superior de vidro e fresta de circulação de ar com chicane para
absorção de som. Os diferentes ângulos gerados em planta, por conta da
posição das escadas de emergência existentes, são valorizados com as
paredes, que se moldam ora como mesas e em especial, como bancos.
Há de se propiciar, através do mobiliário e equipamentos, a possibilidade
de apropriação por parte dos alunos de cada recanto criado nas Praças
Aéreas, como forma de compensar o pouco solo disponível. Essas
oportunidades de interação refletem diretamente no educar através do
convívio. O edifício existente, despido de sua alvenaria externa – dá lugar
à grandes panos envidraçados – sendo protegido por uma camada extra de
chapa de alumínio expandida e brises.
Afastada 75cm em relação à fachada existente, a chapa de alumínio
expandida, na cor branca, tem duas funções: filtrar a luz direta em uma luz
difusa e homogênea de alta qualidade ambiental às salas de aulas, e
pré-sombrear o edifício para minimizar o ganho térmico. Evita-se assim o
contrassenso do chamado “dilema do chá gelado” em que se espera que o
edifício ganhe calor para depois tratar de seu resfriamento. Esse sistema
da fachada é dividido em módulos articulados, o que propicia uma melhor
orientação em relação ao sol, e facilita a manutenção e limpeza.
O sistema de chapa de alumínio expandida é fixado através de estrutura
metálica auxiliar que também apoia um piso em grade, que serve de galeria
técnica contínua para limpeza e manutenção. Esse interstício entre duas
fachadas acomoda também equipamentos, em especial ventilador de
insuflamento de ar às salas de aula e tubulação frigorígena e dreno do ar
condicionado.
Questão crítica em escolas, a performance acústica do edifício foi objeto
de atenção especial para o Shieh. Dentro das salas de aula, o professor
vive o dilema de precisar das superfícies refletivas para se fazer ouvir,
mas também precisa de superfícies absorventes para os ruídos. A solução
adotada pelo escritório foi a adoção de “pistas” alternadas com materiais
das duas características, forro de gesso liso e forro de gesso perfurado –
na direção professor ao fundo da sala.
Ficha:
Fundação Bradesco
Local Obra: Osasco, São Paulo
Data Início do Projeto: 2015
Data Conclusão da Obra: 2017
Área do Terreno: 3.000,00m²
Área Construída: 4.000,00m²
Arquitetura: Shieh Arquitetos Associados - Shieh Shueh Yau, Leonardo Shieh,
Irene Shieh (Autores), Karen Minoda, Nathália Grippa, Ricardo Azevedo, Yuhu
Minami, Juliana Stendard, Thiago Peng (Equipe).
Colaboradores: Lenita Pimentel (Estúdio Casa 64)
Fundação: MG&A
Ar-Condicionado, Exaustão e Ventilação: Thermoplan
Estrutura: Prodenge
Elétrica e Hidráulica: PHE Projetos
Caixilhos: Dinaflex
Comunicação Visual: João Nitsche (Nitsche Arquitetos)
Paisagismo: Rosa Kliass e Luísa Mellis
Luminotécnico: Franco Associados Lighting Design
Interiores: Shieh Arquitetos Associados
Acústica: Sresnewsky Acústica e Tecnologia
Sustentabilidade: Jörg Spangenberg
Imagens 3D: Priscila Dianese
Gerenciadora Obra: Metroll
Construtora: Inova TS
Fotos: Fernando Stankuns
Fornecedores: Abatex (Divisórias Internas), Bertolucci (pendentes), Braston
(Pisos Externos), Berneck (Painéis Madeira Teca), Board Solutions (Lousas),
Eco Verde Paisagismo (Paisagismo), Forbo (Piso Vinílico), Hunter Douglas
(Piso Cozinha, Refeitório e Sanitários), Jatobá (Revestimento Banheiros),
Kiir (Caixilhos), Knauf (Forro), Lumini (luminárias), Macom (Equipamento
Cozinha), Metadil (Mobiliário escolar), Neocom (Divisórias), NS Brazil
(Revestimento Paredes), Otis (Elevador), Permetal (Brises Alumínio
Expandido), Portobello (Pisos Áreas Técnicas).
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