Entidades representativas dos arquitetos e urbanistas uniram-se em coro pela democracia e pela liberdade de pensamento

Entidades unidas pela democracia

Thiago Teixeira de Andrade, Cícero Alvarez, Beatriz Vicentin Gonçalves, Célio da Costa Melis Junior e Erika Kokay

Lado a lado, as principais entidades representativas dos arquitetos e urbanistas uniram-se em coro em um manifesto informal pela democracia, pela liberdade de pensamento e pela educação com direito à formação política não apenas da categoria, mas de toda a sociedade.

O ato ocorreu durante a abertura do 42º Ensa, na noite de sexta-feira (23/11), em Brasília (DF) e contou com a presença de dirigentes da FNA e seus sindicatos, CAU/BR, CAU/DF, IAB, ABEA e FeNEA.

Anfitrião do evento, o coordenador do Sindicato Arquitetos DF, Danilo Matoso, abriu os discursos pedindo unidade e lembrando que a arquitetura só tem efetividade quando constitui espaço público. Mobilização que também foi centro da manifestação do presidente da FNA, Cicero Alvarez. Ele citou que vivemos um momento nebuloso, “onde direitos parecem ser privilégios”. “A vida e o ser humano parecem estar fora dos interesses e em benefício de mercado que se assanha sobre nosso mundo e o nosso futuro”, alertou Cicero.

Presente ao encontro, a deputada federal Erika Kokay fez um discurso enérgico contra o movimento que chamou de “silenciamento dos contrapontos” e contra o fascismo que, segundo ela, assume atualmente um grau de ousadia não vista nem no período da ditadura militar. “É preciso resistência. Os arquitetos e urbanistas lidam com a cidade, que é onde a gente se faz humano”. A parlamentar conclamou os arquitetos a pensar a cidade de modo a compor territórios onde tenhamos condições de viver e exercer nossa humanidade. “O fascismo está perdendo a modéstia.

Quando escutamos uma proposição como a da escola amordaçada, isso significa a intenção de silenciar, controlar corpos e pensamentos”, pontuou, referindo-se à política do medo e da opressão que esmaga o potencial criativo da sociedade. E seguiu: “Criar é ato de liberdade. O que se quer é que sejamos todos reprodutores de concepção e de uma ideologia única. Querem calar as escolas porque é um espaço natural de diversidade”, disse, pedindo que as entidades dos arquitetos e urbanistas deem as mãos.

No mesmo sentido a jovem Beatriz Vicentin Gonçalves, diretora de Documentação e Informação da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e

Urbanismo do Brasil (FeNEA), reforçou o discurso de união e defendeu a liberdade nas escolas como fator essencial para formação de seres políticos. “Se não temos formação política, não há como ter um arquiteto político”. E reforçou o papel das diversas entidades nessa tarefa. “Temos que lembrar que todas as entidades têm um histórico de luta e resistência que não se pode deixar morrer agora”, citou, lembrando que o primeiro encontro nacional da FeNEA ocorreu exatamente durante a ditadura.

Respondendo ao pleito geral de valorização da habitação de interesse popular, o presidente da ABEA, João Carlos Correia, anunciou que a Assistência Técnica passará a compor a nova diretriz curricular dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, assim como a política de trânsito e mobilidade. “Não dá mais para a gente deixar esses assuntos de forma soltas e sem discussão com nossos estudantes. Coisas novas estão vindo pela frente”, disparou.

O presidente do CAU/BR, Luciano Guimarães, pontuou que é fundamental que se aborde a temática arquitetura para todos. “A arquitetura e urbanismo está aí para atender às demandas da sociedade. Se não tiver uso, vira ruína. Temos que trabalhar formação. Nas possibilidades de transformar pessoa física em jurídica para ter mais oportunidades de trabalho”.

Palavras que ganharam reflexo na fala do presidente do IAB/DF, Célio da Costa Melis Junior, no ato representando a Direção Nacional do Instituto. Ele referendou que é fundamental as entidades estarem juntas para não “correrem o risco de sumir”. “A gente perdeu algumas agendas, temos muitos problemas para cuidar daqui para frente, mas ninguém solta a mão de ninguém. Se não fizermos isso, vamos sumir”, salientou.

O secretário de Gestão do Território e Habitação (Segeth) do Distrito Federal, Thiago Teixeira de Andrade, citou que vivemos um momento de profunda ruptura e reflexão. “Mas uma coisa parece clara: é o momento de união e a pauta da agenda urbana é a grande bandeira”. O conselheiro do CAU/DF Raul Wanderley Gradim reforçou que os arquitetos e urbanistas não podem deixar de lado sua atuação política. “Temos que ter coragem para propor políticas inclusivas para as pessoas que hoje estão nas franjas das cidades”.

Contato:
FNA – Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas
(51) 3024-0626 / (61) 3347-8889
http://www.fna.org.br/

 


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