“Terreiro” idealizado por Alexandre Salles se destaca na CasaCorSP24 por sua vibrante energia e profunda conexão com o passado

Alexandre Salles celebra ancestralidade e cultura negra

O arquiteto Alexandre Salles apresenta na CasaCorSP24 um “Terreiro” contemporâneo, celebrando a cultura afro-brasileira. Mediante cores, simbolismos e tecnologias, o espaço convida à reflexão sobre a ancestralidade e a importância da herança negra no Brasil.


Mais do que uma simples instalação, essa obra de arte convida o público a uma jornada imersiva pela rica cultura afro-brasileira, tecendo pontes entre a ancestralidade e a contemporaneidade.

O arquiteto Alexandre Salles, do Estúdio Tarimba, apresenta na CasaCorSP24 um espaço-instalação que celebra a ancestralidade afro-brasileira.

Alexandre Salles Celebra Ancestralidade e Cultura Negra / Fotografia Salvador Cordaro

Com 141 m², o projeto chamado “Terreiro” propõe uma releitura contemporânea dos quintais e terreiros, espaços tradicionais de convívio social e religioso.

O ambiente é materializado na cor terracota, destacando-se por sua importância histórica e cultural, e é uma das atrações mais aguardadas da mostra.

A Essência do Terreiro

Inspirado na vitalidade dos terreiros, Salles, mestre em Semiótica Urbana pela FAU-USP, traz uma proposta que enfatiza a preservação das memórias afro-brasileiras.

O espaço é composto por elementos verticais que evocam materialidades e memórias, convergindo plantas e sincretismo em um ambiente dinâmico.

Alexandre Salles Celebra Ancestralidade e Cultura Negra / Fotografia Salvador Cordaro

Os visitantes são convidados a explorar a riqueza da herança cultural negra, refletindo sobre sua contribuição para o Brasil.

Estrutura e Simbolismo

O foco do projeto está na Casa Ancestral, o Ilê, o Lar, o Abrigo e o Quintal, espaços carregados de simbolismos e significados. A pesquisa de Salles divide-se em três partes: Origem, Laços Profundos e [RE]Existência.

O arquiteto descreve o terreiro como um lugar de encontro, uma praça ligada à interação social. “Celebro o terreiro conectando-o ao quintal, que muitas vezes tem esse jardim sincrético, o jardim de vó com flores e ervas”, comenta Salles.

Materiais e Tecnologias

A representatividade afro-brasileira é destacada de maneira física, sensorial e abstrata, estendendo-se até o campo digital. Salles reinventa a materialidade do ambiente com elementos simbólicos, texturas e formas que constroem uma narrativa visual.

Alexandre Salles Celebra Ancestralidade e Cultura Negra / Fotografia Salvador Cordaro

A cor terracota predomina, simbolizando a ligação com a terra e a casa. A entrada do espaço é marcada por altares que remetem à família e à ancestralidade, seguidos por instalações que representam os orixás dos sete dias da semana.

Integração da Inteligência Artificial

Uma das inovações do projeto é a parede com código de inteligência artificial, criada por Indio San. Este elemento dialoga com a herança cultural e a tecnologia construtiva africana, propondo uma conexão entre o passado e o futuro.

A Instalação Costura do Tempo homenageia as matriarcas africanas, destacando a manualidade e resiliência dessas mulheres. “Não tem como referenciar esse terreiro sem a presença dessas mulheres: nossas avós, nossas mães e bisavós”, afirma Salles.

Quintais de Fé

O “Terreiro” de Alexandre Salles na CasaCorSP24 é um convite à reflexão, à celebração e ao aprendizado. Mais do que um espaço físico, ele representa a resistência e a pujança da cultura afro-brasileira, convidando-nos a reconhecer e valorizar a sua importância na construção da identidade brasileira.

Através da arte e da tecnologia, Salles nos presenteia com uma experiência sensorial única, que nos convida a repensar o passado, celebrar o presente e construir um futuro mais justo e equitativo.

Diálogo Entre Passado e Futuro

A proposta do ambiente-instalação de Alexandre Salles, nesta mostra de 2024, releva como é possível usar a arquitetura para ressignificar e preservar memórias culturais.

O uso da cor terracota, não só esteticamente, mas como símbolo da conexão com a terra, é uma escolha técnica que reforça o conceito de ancestralidade.

A integração de tecnologias modernas, como a inteligência artificial, com elementos tradicionais, cria um diálogo entre passado e futuro, oferecendo uma visão rica e multidimensional.

A homenagem às matriarcas através da Instalação Costura do Tempo destaca a importância da oralidade e das tradições manuais, proporcionando um espaço que celebra a resiliência e a sabedoria das gerações passadas.

O projeto equilibra de forma paradigmática a preservação da herança cultural afro-brasileira com inovações contemporâneas, resultando em um espaço que convida à reflexão e ao aprendizado contínuo.

Ficha:
Paisagismo: Gil Fialho / @gilfialhopaisagismo
Marcenaria: Marcenaria Tamboré/ @tamboremarcenaria e Pipa Movelaria/ @movelariapipa
Serralheria: Carvalho & Carvalho,
Caixas de som e painéis de LED: LG/ @lgbrasil
Bambu: Aurélio Pimentel/ @pimentel_combambu
Engenharia:BSER Engenharia/ @bserengenharia e RR Construtora
Fotografia Salvador Cordaro/ @salvadorcordarofotografia

Especificação:
Poltrona Bodocongó: Sergio Matos/ @sergiojmatos
Cadeira Tourinho: Daniel Jorge/ @daniel.jorge_
Cadeira Black Power: Philipe Fonseca/ @philipefonseca_
Banco Fió: Philipe Fonseca/ @philipefonseca_
Banco Bimbo: Estúdio Dendê/ @_____dende

Contato:
Estúdio Tarimba
https://arqbrasil.com.br/32465/estudio-tarimba/
http://www.tarimba.arq.br/

 


Referências — Alexandre Salles; Estúdio Tarimba; CasaCorSP24; espaço-instalação; ancestralidade afro-brasileira; quintais e terreiros; herança cultural negra; preservação de memórias afro-brasileiras; semiótica urbana; arquitetura e design; representatividade afro-brasileira; sincretismo; narrativa visual; cor terracota; materialidade do ambiente; altares de ancestralidade; orixás; inteligência artificial; Índio San; Instalação Costura do Tempo; matriarcas africanas; memória cultural; manualidade e resiliência; conexão com a terra; arquitetura contemporânea; elementos simbólicos; cultura afro-brasileira; oralidade e tradições manuais.