O design de móveis passou por uma evolução significativa, com a integração de tecnologia e inteligência artificial / Por João Nehring
O design de móveis é uma prática que combina funcionalidade, estética e humanidade. O uso de tecnologia e materiais sustentáveis estão transformando a indústria moveleira, mas o valor do trabalho artesanal ainda é importante. O futuro do design de móveis é promissor, com novas possibilidades de inovação e expressão cultural.
Em sua evolução histórica, o design sempre manteve uma estreita ligação com a produção e a indústria. A palavra “designare”, derivada do latim, reforça a ideia de marcar, traçar e destacar a criação e suas formas.
O designer, como profissional, atua como um agente modificador, colaborando com diversos envolvidos para criar o melhor modelo possível.
Ele não trabalha isoladamente, mas sim como um catalisador de informações, centralizando dados para iniciar a criação, que se estende por toda a produção, aprimorando e entregando produtos impactantes.
Nos últimos anos, observou-se uma evolução significativa no design, especialmente em produções seriadas.
O design, de fato, passou a desempenhar um papel crucial, não apenas para aumentar o valor médio dos produtos, mas também para agregar valor repetidamente.
O design assinado, especialmente, destaca a questão da exclusividade e da produção em menor escala, onde o design dos mais variados objetos exige detalhes desde sua criação, buscando harmonia entre elementos.
A experiência do designer desempenha um papel crucial na criação, onde o profissional muitas vezes atua como mediador de conflitos, gerenciando condições para concretizar ideias.
Inclusive, o design faz a diferença nos desejos de consumo das pessoas, especialmente na construção de memórias formadas por momentos significativos como a sensação de amor, segurança, alegrias, independentemente da classe social.
Ele introduz variáveis essenciais para a renovação também da indústria moveleira, como pesquisa de matérias-primas alternativas, novos processos de fabricação, melhoria de recursos humanos, aquisição de novas tecnologias e a percepção de valor pelos consumidores.
No cenário internacional do design de móveis, figuras como Patrícia Urquiola, conhecida por desafiar o trivial, e Percival Laffer, que por sua vez, valoriza a elegância na simplicidade, contribuem para um panorama diversificado.
Marcel Wanders, é um exemplo de mestre em criar experiências quase que teatrais. Philippe Starck, que se destaca por suas abordagens que rompem paradigmas, reforçam a ideia de que manter a humanidade como centro das criações.
Não apenas inspira a inovação, mas também assegura que cada peça de mobiliário seja uma extensão autêntica da vida das pessoas, promovendo um ambiente que reflete o estilo, e também celebra a essência humana.
Costumo dizer que, de modo geral, tenho grande admiração pelo processo europeu, onde a criação de um novo modelo de cadeira, mesa ou poltrona, por exemplo, é uma jornada de vários estudos, prototipagem e refinamentos graduais.
Este método, realizado com calma e atenção aos detalhes, destaca a necessidade de o design amadurecer ao longo do tempo. É crucial ressaltar que um design inadequado tem o potencial de prejudicar seriamente uma empresa.
Todos os que participam do processo, incluindo diretores, profissionais de marketing, representantes e fornecedores em geral, desempenham papéis cruciais.
Um produto mal planejado e lançado inadequadamente pode resultar em uma série de problemas, enfatizando a importância de uma abordagem cuidadosa e estratégica em todo o processo de desenvolvimento e lançamento.
O design de móveis no Brasil, destaca a presença forte da madeira e seus derivados, e o papel fundamental da tecnologia. A tecnologia revoluciona a indústria moveleira, permitindo peças mais bonitas a preços acessíveis.
De modo geral, é uma fórmula que vem dando certo; inclusive a tecnologia tem sido um fomento para a indústria, permitindo a criação de móveis mais bonitos com custos produtivos mais acessíveis.
A fluidez nas peças, sem encaixes visíveis, tem aparecido de forma mais frequente, proporcionando um design mais elegante.
Quanto à questão da inteligência artificial e o mundo do design, nota-se que hoje, a IA é uma ferramenta que em várias situações influencia os processos de criação da nossa indústria, porém ainda é vista como uma ferramenta auxiliar, e de forma alguma age em substituição dos “criadores de produtos”.
A inteligência artificial é considerada uma ferramenta de economia de tempo, mas não se espera que substitua a criação feita por humanos, imediatamente. A manualidade e o artesanal ainda são considerados diferenciais em alguns cases.
Como previsão para os próximos períodos, espera-se ver mais móveis com superfícies organizadas e fluidas na categoria de linha média-alta e alta nos próximos períodos.
O design brasileiro deve permanecer sintonizado com conceitos globais para criar produtos modernos e descobrir novas possibilidades.
No entanto, para que esse movimento cultural e industrial brasileiro continue crescendo, é necessário questionar: é possível inovar sempre, incorporando características únicas do nosso país, e valorizando ainda mais o ser humano?
Sendo assim, em síntese, a interseção entre humanismo e tecnologia na fabricação de móveis desenha um cenário onde a inovação se torna a ponte entre a tradição e o futuro.
O design, como expressão máxima dessa fusão, não apenas atende às necessidades práticas, mas transcende para o reino da arte funcional.
Ao reconhecer a importância do design como agente de transformação e expressão cultural, abrimos as portas para um diálogo contínuo entre a riqueza da experiência humana e as possibilidades ilimitadas da tecnologia.
Nesse contexto, a busca incessante por soluções estéticas e funcionais, aliada à valorização do artesanal e à incorporação responsável da inteligência artificial, define o futuro da indústria moveleira.
Também a evolução constante do design de móveis como uma forma de arte que não apenas enfeita nossos espaços, mas enriquece nossas vidas diárias com narrativas visuais inovadoras e experiências que ultrapassam as fronteiras do convencional.
O design de móveis, assim, permanece como uma manifestação tangível da harmonia entre a maestria humana e o potencial transformador da tecnologia.
João Nehring comanda o escritório Amat Design
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