A arquiteta Andrea Camillo mostra o que considerar no projeto para inserir uma ilha na cozinha
Super conceitual e tendência nos projetos contemporâneos, a estrutura contribui para agregar funcionalidade e praticidade no ambiente, simultaneamente, em que torna a cozinha ainda mais moderna e receptiva para moradores e convidados.
Reconhecida tendência para ambientes amplos e modernos, a ilha da cozinha é um balcão com função autônoma e geralmente localizada no centro do ambiente.
Desconectada de qualquer ambiente ou estrutura, sua presença nos projetos agrega, além de charme, uma funcionalidade muito bem explorada para a vida dos moradores.
Entretanto, para deslocar uma pia ou cooktop – que ficavam geralmente situadas no perímetro da cozinha – o que é necessário considerar? Esse conceito de layout fica mais atrelado a ambientes maiores ou pode ser implementado em cômodos mais compactos?
A arquiteta Andrea Camillo, à frente do escritório que leva seu nome, afirma que, havendo espaço suficiente para prover a circulação em seu entorno, a presença da ilha é plenamente viável.
“O ambiente não pode ficar apertado em função dela. Geralmente, consideramos sua implantação em projetos de conceito aberto, mas essa premissa não impede que ela exista em uma cozinha fechada”, salienta.
Em vias de regra, o projeto de arquitetura pode trabalhar com dois tipos de ilhas de cozinha:
• Central: mais ‘tradicional’ e empregada em cozinhas amplas e integradas. A proposta é deixar a ilha em destaque, no meio do cômodo, oferecendo mais praticidade e funcionalidade no uso do ambiente;
• Península: ideal para layouts menores, é apoiada em alguma das paredes do ambiente. Com essa otimização, nada se perde com relação à sua aplicabilidade
Vantagens para considerar uma ilha de cozinha no projeto
O grande benefício da ilha na cozinha é servir de apoio para os trabalhos que o ambiente envolve. Entre os diferentes modelos e variações, elas podem (ou não) contar com a estrutura para pia e cooktop.
Caso não tenham, ainda assim atuam como um apoio ou, muitas vezes, como mais uma área de trabalho, apoio dos eletrodomésticos, presença de gavetas para abrigar acessórios ou um local a mais para servir as refeições que, é acompanhada por banquetas.
Em síntese, a ilha é um espaço multifuncional que contribui no dia a dia da residência. Além de ser sinônimo de integração, ela adquiriu cada vez mais atribuições, como o ato de receber. “O elemento acabou agregando a proposta de ser uma área de convívio entre as pessoas, deixando a cozinha com um clima receptivo e acolhedor”, enfatiza Andrea.
O que deve ser analisado antes de instalar uma ilha
Segundo a arquiteta, as ilhas acopladas com cooktop e pia são acompanhadas pela execução de uma infraestrutura para seu funcionamento:
1. Medidas – Estudar as dimensões disponíveis é essencial para definir a disposição da ilha no layout, tanto aquilo que será instalado nela. De acordo com Andrea, em se falando de uma ilha central, ela recomenda considerar uma folga, de pelo menos 1m de circulação, entre a ilha e o restante da cozinha para que a área comporte a presença simultânea de duas pessoas.
“No mundo perfeito, o ideal seria esticar esse espaço para 1,20m. Mas em casos de plantas reduzidas, é possível até estimar um espaçamento de 80 cm e, ainda assim, desfrutar de um convívio confortável e harmonioso”, explica.
Quando a ilha também for imaginada como apoio para refeições, a profissional recomenda reservar uma área, entre 27 e 30 cm, para acomodar joelhos e pernas dos usuários na posição sentada.
Considerando a colocação de um cooktop ou cuba em seu conjunto, é preciso conceder 60 cm de profundidade de maneira a posicionar a marcenaria na parte inferior, proporcionando um nicho suficiente na pedra para atender as especificações do equipamento.
Prosseguindo com as orientações, a arquiteta relata calcular 90 cm de profundidade para a ilha que também assuma a função de bancada. Com relação ao comprimento, pode variar conforme a extensão disponível e o que se pretende instalar.
“Quando empregamos pedras naturais ou industrializadas, como o quartzo, para a bancada, vale ressaltar que o comprimento máximo aproximado é de 3m. Acima disso, as emendas prejudicam o visual”, relata Andrea.
No capítulo altura, o padrão recomenda entre 90 cm – que acompanha uma pia, e 94 cm quando são embutidos equipamentos ou eletrodomésticos na parte debaixo da ilha.
2. Sistema de gás – Para ilhas com cooktop a gás instalado, o projeto de infraestrutura precisa incluir a tubulação para o abastecimento, seja de cobre ou mangueiras flexíveis, que devem conter um isolamento nos registros de proteção e o medidor de gás principal. O acesso a eles precisa ser livre e facilitado para, no caso de uma emergência, serem fechados sem nenhuma intercorrência.
Cozinhas ou ambientes integrados também necessitam de uma coifa para evitar os odores ocasionados pelo preparo de comidas. No caso do cooktop na ilha, o posicionamento e modelo da coifa mais indicado vai depender também da sua localização. Caso seja central, os modelos de ilha são confeccionados como uma peça solta que vem do teto.
Além dessa, existem outros diversos modelos e formatos que conseguem se adequar a cada ambiente e as suas necessidades: trapezoidal, retangular, redondo ou quadrado, entre outros.
“Basicamente, a diferença está ligada ao poder de sucção. Particularmente, tenho gostado muito das coifas redondas, que por seu design deixam a atmosfera superleve”, compartilha a profissional.
Nas ilhas com interferência, como uma viga passante no teto, o mais acertado é investir em uma peça de linhas retas, facilitando intervenções futuras.
3. Elétrica – A elétrica em uma cozinha precisa ser dimensionada para atender as especificações dos equipamentos. “Normalmente, fazemos um circuito independente para os equipamentos que consomem mais energia, como o forno elétrico, que demanda uma fiação 220v”, detalha a arquiteta.
Mesmo quando a escolha é por um cooktop a gás, uma tomada é fundamental para dar o start do equipamento.
Uma dica da profissional é inserir torres de tomadas embutidas nos tampos das ilhas. Mesmo no caso das apoiadas, em muitas situações a parede de apoio não comporta tomadas suficientes. Principalmente em ilhas centrais, o item se torna essencial para manter o apoio e utilidade dessa área.
4. Mobiliário – Outro item essencial em uma ilha diz respeito ao mobiliário, que pode facilmente seguir as mesmas recomendações e padrões do restante da cozinha. Porém, é valioso ressaltar a necessidade de pensar primeiro em sua estrutura, ou seja, o material e modelo das laterais, assim como do fundo e do tampo, responsáveis por sustentar a peça.
“Normalmente, para a marcenaria da ilha, prefiro aplicar um laminado na área da cozinha. Essa estratégia é válida para não arriscarmos estragar a marcenaria no contato com a água”, sugere Andrea.
No campo funcional, é recomendado inserir na marcenaria os espaços necessários para abrigar tudo aquilo que dará apoio para atividades a serem realizadas na ilha. Com a presença de um cooktop, gavetas para talheres e porta-temperos, entre outras separações, adequadas para auxiliar o ato de cozinhar. Caso a ilha conte com uma pia, a arquiteta também propõe a inserção de uma lava-louça e uma calha úmida.
Contato:
Andrea Camillo Arquitetura
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