Profissionais mostram como implementar o regime com sucesso e dão dicas para produtividade de empresas com expediente reduzido

O que muda com a jornada de quatro dias

Em uma prática que vem se propagando no mundo, e aos poucos no Brasil, a jornada semanal de quatro dias de trabalho está sendo adotada (ou já é levada em consideração) por empresas que enxergam essa mudança como uma forma de reter talentos, aprimorar o bem-estar e a produtividade dos seus funcionários, mantendo o salário do regime anterior.

Entretanto, não basta reduzir um dia de expediente na semana. É preciso inteligência habitacional.

“A ocupação dos escritórios não voltará a ser como antes. Por isso, muitas empresas investem em ferramentas para conexão e em espaços para interação de seus colaboradores, um universo cada vez mais conectado e descentralizado. Algumas tendências, como racionamento ou fracionamento de pessoas nos ambientes corporativos e o modelo de trabalho híbrido, por exemplo, são mudanças que vieram para ficar”, ressalta Edson Sá, CEO da AKMX Arquitetura e Engenharia, que tem 20 anos de experiência na execução de projetos para transformar e evoluir espaços físicos no mercado empresarial.

Oferecer uma boa estrutura tecnológica também é fundamental. Para aprimorar a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes, a AKMX, por exemplo, intensificou a oferta ao mercado de soluções completas para digital workplace, desde a disposição de ambientes até experiências de conectividade e automação das dinâmicas de trabalho presencial, híbrido ou remoto.

“Com isso, todo mundo ganhou um pouco de mais qualidade de vida, de poder se organizar, de ter um pouco mais de autonomia sobre o seu desempenho no trabalho e sobre como mesclar o trabalho com a vida particular. Resumindo, essa história criou para a gente uma experiência que está em desenvolvimento e com a qual nós estamos aprendendo a lidar”, ressalta a arquiteta Denise Moraes, diretora de criação da AKMX.

A otimização e a funcionalidade dos escritórios também passam pela capacidade da empresa de disponibilizar múltiplos espaços que sejam versáteis e inteligentes, como, por exemplo, mesas de uso compartilhado e que servem para utilização de qualquer pessoa, independentemente do seu nível hierárquico.

Na atual transição para o trabalho digital, esse modelo de organização é chamado de Clean Desk, que visa manter os móveis sempre livres de papéis e com aspecto de “limpos”, sem documentos e outros itens que “poluam” o espaço. Dessa forma, o local se torna mais democrático, formatado para ser usufruído por funcionários e pelos visitantes do escritório.

Armários com guarda-volumes que possuam lockers e sejam aptos para uso coletivo também ajudam a tornar o ambiente do escritório mais prático e humanizado, pois proporcionam conforto e praticidade ao permitirem que as pessoas armazenem seus pertences com segurança e sem a necessidade de ficar transportando malas, mochilas ou notebooks para onde se deslocarem.

Sem sobrecarga – A advogada Aline Carvalho, do escritório GBA Advogados Associados, explica que a utilização inteligente e bem-organizada da estrutura do escritório pode fazer a diferença para que o regime semanal de quatro dias de trabalho seja bem-sucedido.

“A funcionalidade dos espaços físicos pode, sim, contribuir com a produtividade, pois o espaço físico de trabalho é uma das ferramentas implícitas responsáveis pelo sucesso das atividades, conforme diversos estudos já apontaram. Sendo assim, um bom arranjo e planejamento do espaço físico poderá tornar os funcionários mais envolvidos, motivados e produtivos”, analisa a advogada trabalhista.

Aline esclarece que a redução da jornada semanal para quatro dias não dá direito ao empregador de sobrecarregar os seus funcionários neste período para compensar a nova folga concedida.

“Claro que cada formato de trabalho dependerá da política organizacional de cada empresa, mas existem duas formas de implementar esse modelo de quatro dias: com 32 horas semanais (8 por dia) e 40 horas semanais (10 por dia), ambas jornadas sem ajustes salariais”, afirma a advogada.

“É necessário ressaltar que a CLT autoriza jornadas de trabalho de no máximo 8 horas diárias e 44 horas semanais. No entanto, existe a possibilidade de compensação e de turnos de revezamento conforme acordo contratual, o que valida a dinâmica da jornada de trabalho de quatro dias semanais”, reforça a advogada.

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