Enxergar outros campos de atuação pode ser a solução para o mercado de arquitetura e urbanismo

Arquitetura como linha política

Encarar a arquitetura como uma linha política pode ser a saída para as novas formas de atuação da profissão. A ideia trazida pela representante da Cooperativa Arquitetura, Urbanismo e Sociedade (CAUS) de Pernambuco, Manoela Jordão, foi o cerne da última discussão preparatória para o 45º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetura e Urbanismo (ENSA).

Sair do campo urbano e compreender a profissão como um agente social da vida humana ainda é um dos principais desafios enfrentados pela classe, que também vem sofrendo com as mudanças do mercado de trabalho.

O debate, realizado na noite de quinta-feira (21/10) e que buscou discutir alternativas para a categoria, ainda contou com a participação da sócia do escritório AH! Arquitetura Humana, de Porto Alegre, Taiane Beduschi, e a arquiteta e urbanista do Movimento Sem Terra (MST), no interior do Estado de São Paulo, Aya Nishimuta. A mediação ficou por conta da arquiteta e urbanista Karla Moroso.

Dando início às discussões, Beduschi procurou explicar um pouco do projeto que vem realizando, em parceria com a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a respeito dos Trabalhadores Articulados em Benefício da Arquitetura (T.A.B.A).

“Fazer esse levantamento de mercado e entender como os arquitetos e as arquitetas têm se organizado, principalmente em relação a atividades menos convencionais, vai permitir discutirmos o futuro da nossa profissão”, destaca.

A profissional ainda salientou que os métodos contábeis e jurídicos da atuação em arquitetura ainda são grandes desafios para a classe.

“É uma deficiência de formação não compreendermos as diferenças de profissional autônomo, pessoa jurídica, entre outros, na nossa área. Por isso, o T.A.B.A. vem para nos ajudar a organizar essas informações e compartilhar com os demais colegas que existem locais ainda a serem explorados”.

O debate também abordou a atuação em Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) e destacou que as áreas mais distantes das cidades podem ser uma possibilidade de mercado.

“Se prestarmos atenção na nossa própria nomenclatura de profissão, o termo ‘urbanismo’ acaba limitando que a nossa atuação seja apenas dentro das cidades. E isso não é verdade, tem todo um ambiente rural que também requer nossa intervenção”, afirma Nishimuta.

As possibilidades sobre as áreas de atuação também recaem no PL 55/21, que pretende incluir os arquitetos e urbanistas para atuarem como Microempreendedores Individuais (MEI).

Jordão destaca que são compreensíveis as tentativas de se contornar a crise econômica do país, e que não seria diferente para os profissionais de arquitetura.

“Eu não julgaria a escolha de um arquiteto em atuar como MEI, pois estamos todos tentando encontrar diferentes formas de trabalho. Mas o nosso papel como profissionais é não aceitar qualquer saída, mas sim buscarmos uma solução”.

O 45º ENSA acontece entre os dias 22 a 28 de novembro e será realizado em formato virtual. De acordo com edital publicado no site da Federação, a programação completa deve ser divulgada até o dia 3 de novembro. O conteúdo do evento e todas as discussões preparatórias estão disponíveis no canal do YouTube da entidade.

Contato:
Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA)
(61) 983-611-145
http://www.fna.org.br/