Qual é a sua reação quando falamos em decoração no estilo clássico? Quais são as referências que primeiro lhe vem à mente? Não há resposta correta, mas estas perguntas servem para nos fazer refletir sobre o quanto conhecemos do estilo clássico e como o vemos em uma realidade cotidiana

É muito interessante visitar palácios e museus com arquitetura monumental, rebuscada, toda aquela arte em cada centímetro de parede. É adorável e vamos logo imaginado como seria quando um monarca estava presente naquele ambiente, toda a pompa e requinte, que maravilha ter os melhores artesãos à disposição, pois cada peça é uma obra de arte. Curiosamente nesta situação tendemos a colocar o clássico em uma situação de passado e ultrapassado, longe de nossa realidade.

A contradição nisso é que a todo momento somos confrontados com uma grande quantidade de referências e projetos clássicos em todo o tipo de publicação da área, coleções de lojas, publicidade. E olha que este é um tema que chama a atenção. Muitas vezes se recorre ao clássico pelo encanto que desperta, mesmo que ele não tenha muito haver com o produto em questão.

Aí ficamos com aquela vontade de colocar alguma coisa clássica em casa e ao mesmo tempo nos refreamos lembrando daquelas referências do passado, com medo que não fique bom ou que não combine com o restante da decoração. Como fazer? Bem, a resposta está na ADEQUAÇÃO.

Assim como a decoração palaciana foi sendo adequada ao longo do tempo conforme as variações estéticas de cada época, podemos e devemos adequá-la para nossa realidade hoje. No século XVIII, quando o start da decoração de interiores foi dado na França, os móveis tinham tamanho rebuscamento justamente para combinarem com a arquitetura dos ambientes, ditados pelo Rococó, um estilo extremamente rebuscado.

Pode ser chocante ter uma bergère Louis XV toda dourada e com sedas brilhantes em nossa sala minimalista hoje, mas ela se adequava muito bem ao contexto da época, assim como podemos adequá-la ao nosso contexto hoje. Este é um exercício que nos faz reviver a essência do clássico que é ser atemporal, uma decoração clássica pode ser extremamente atual se for adequada de acordo. Assim como introduzir apenas alguns elementos ou um mobiliário em estilo clássico pode ser o ponto alto da sua decoração se estiver bem harmonizado.

Outro aspecto muito interessante do clássico é que ele sempre tem uma história para contar. Não é apenas um objeto, mas sim um objeto carregado de conteúdo. E não precisa ser nada caro ou original, pode ser uma reprodução, se for bem feita, tem o mesmo efeito e desperta o mesmo interesse. Se você gosta de determinada peça, procure saber mais dobre ela, o estilo, a origem. Na maioria das vezes algo que você apenas gostava, se transforma em algo que você passa a amar, é a mágica do conhecimento.

Então, quando for redecorar sinta-se livre para escolher o estilo que lhe agradar mais sem preconceitos e medos. O resultado será a altura do esperado dependendo do quanto você adequar o estilo ao seu tempo, e mais do que tudo, ao seu gosto.

Sobre Vivi Serpentini – Vivi Serpentini é graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós-graduada em Estética e História da Arte pela Universidade de São Paulo – USP. Ilustradora pela Escola Panamericana de Arte – EPA, também possui especialização em História e Teoria da Arquitetura com foco em ornamentação e design de interiores, mobiliário clássico francês do século XVIII / mobiliário clássico moderno do século XX e adequação do clássico para mercado atual. Autora do site Arquitetura Clássica Research, especializado em história e teoria da Arquitetura Clássica.

Serviço:
Arquitetura Clássica Research / www.arquiteturaclassica.com.br

Nov/2015

 

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