Com as coleções Arcadia, SAL e Sense of Self, Vinícius Siega revisita sua trajetória e reafirma o design autoral como expressão de memória, tempo e identidade no mobiliário brasileiro
Em nova mostra na Boobam, Vinícius Siega apresenta as coleções Arcadia, SAL e Sense of Self, consolidando uma década dedicada ao design autoral brasileiro.
Uma década de criação e maturidade no design brasileiro
Celebrando dez anos de carreira, o designer Vinícius Siega marca o período com o lançamento de três coleções que sintetizam sua trajetória e apontam novos rumos para o design autoral. A exposição na Boobam, em São Paulo, apresenta as linhas SAL, Sense of Self e Arcadia, reunindo peças que dialogam entre si e com o tempo, em um exercício de revisão e continuidade criativa.
Arcadia: memória e futuro no mesmo gesto
Mais que uma série de mobiliários, a coleção Arcadia surge como um ensaio sobre o tempo. Ao revisitar formas de criações anteriores, Siega preserva a identidade de cada peça, adaptando-as ao presente com rigor técnico e sutileza estética.
O resultado é uma coleção que funciona como arquivo vivo, na qual o passado não se encerra, mas se reconfigura como ponto de partida. A Arcadia reafirma a autonomia do designer e reflete uma concepção em que a longevidade da forma se sobrepõe à efemeridade da novidade.
SAL: permanência e escultura nos espaços externos
A linha SAL, reconhecida como uma das criações mais emblemáticas de Siega, ganha nova interpretação pensada para áreas externas. A estrutura em aço inoxidável polido substitui o alumínio da versão anterior, oferecendo resistência e refinamento visual. O assento em concreto moldado introduz densidade e contraste, ampliando o caráter escultórico da peça.
Nessa releitura, a relação entre leveza e peso, entre o desenho preciso e a matéria bruta, mantém o equilíbrio formal da coleção, reafirmando o diálogo entre durabilidade, estética e conforto.
Sense of Self: identidade e convivência em movimento
Em Sense of Self, Siega explora o tema da individualidade e da interação. Cada peça possui expressão própria, mas revela complementaridade quando integrada ao conjunto. A coleção propõe um espaço em constante mutação, onde as formas se relacionam como espelhos da experiência humana — ora introspectiva, ora coletiva. O gesto de projetar torna-se, aqui, também um gesto de reconhecimento: de si e do outro.
#Coerência entre gesto e materialidade
A leitura do conjunto revela um amadurecimento formal e conceitual. A transição de Siega do design colaborativo para o design autoral marca uma consolidação de linguagem, apoiada em escolhas materiais precisas e coerentes com cada proposta. O uso do aço inoxidável e do concreto moldado na linha SAL, por exemplo, demonstra domínio técnico e atenção ao comportamento da matéria em contextos externos, preservando a integridade estrutural e o valor plástico da forma.
#Tempo, identidade e continuidade no processo criativo
A Arcadia sintetiza o pensamento projetual de Siega como processo contínuo, em que o tempo é componente ativo do design. A ideia de um “arquivo vivo” amplia o campo de atuação do designer, permitindo que peças revisitadas coexistam com criações inéditas em uma paisagem de permanência e mutação. Essa abordagem evidencia a maturidade de um autor que compreende o design não como produto isolado, mas como discurso em evolução.
#Design como espelho da subjetividade contemporânea
A Sense of Self introduz a dimensão emocional do mobiliário, em sintonia com a atual reflexão sobre o habitar e o estar no espaço. A coleção articula forma, uso e narrativa de maneira equilibrada, traduzindo uma estética relacional que reflete o sujeito contemporâneo — múltiplo, mutável e em busca de sentido nas coisas que o cercam.
Em sua totalidade, o trabalho de Vinícius Siega reafirma o papel do design como linguagem cultural, capaz de unir memória e invenção, técnica e poética, permanência e transformação.
Contato:
Vinicius Siega
https://arqbrasil.com.br/51993/vinicius-siega/
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