Outros Territórios divulga artistas e arquitetos selecionados para exposição no Viaduto das Artes
Projetos farão parte de galeria on-line e podem ser instalados em palafitas (vigas aparentes) de edifícios.
O edital Outros Territórios – Chamada Internacional de Projetos para Intervenção Urbana elegeu os sete finalistas da primeira etapa do programa. Todos serão apresentados numa exposição no Viaduto das Artes: um instigante espaço cultural no Barreiro (região Oeste de Belo Horizonte) instalado sob dois viadutos e sintonizado com o conceito geral da chamada, que é explorar as possibilidades de ativação de lacunas urbanas. A abertura da exposição e mesa de debates ocorrem neste semestre.
Todas as propostas selecionadas estão disponíveis para consulta no site do concurso (https://www.outrosterritorios.com.br/galeria/), passando a ser integrante de uma galeria online de possibilidades de ocupação das “palafitas” (vigas e pilares aparentes) do bairro Buritis. Veja a lista abaixo.
Na segunda fase, as propostas serão discutidas com potenciais patrocinadores para que possam ser efetivamente construídas durante o Festival Cultural Outros Territórios. No momento, a premiação consiste na exposição dos finalistas no Viaduto das Artes. Se confirmado o Festival, os autores das propostas premiadas serão convidados a executar os seus projetos dentro de um orçamento de até R$ 20 mil.
Além do roteiro livre de visitação às instalações, Outros Territórios pretende se configurar como um promotor de debates em torno de questões relativas à cidade, explorando interfaces entre arquitetura, artes visuais, iluminação pública e paisagem urbana, e problematizando a gestão da cidade, os passivos ambientais e arquitetônicos, os vazios urbanos e o mercado imobiliário.
“Discussões inovadoras como essas estão na agenda dos mais atentos agentes culturais do século XXI. É por isso que estamos entusiasmados por lançar uma plataforma de debates que será compartilhada por criadores e moradores e que patrocinará uma nova mirada sobre o Buritis e os vazios urbanos”, afirma Carlos Teixeira, do escritório de arquitetura Vazio S/A e integrante da Comissão Organizadora, formada ainda pelo Coletivo Aurora e o curador Eduardo de Jesus.
Projetos selecionados
1. Nuvem
Autor: Juliana Sicuro Corrêa
Equipe: Vitor Garcez, Larissa Monteiro
País: Brasil
Uma estrutura em tubos de aço galvanizado forma uma grid espacial, que intercepta a estrutura de concreto existente e nela é fixada. Junto a uma caixa d’água de reuso, compõe um sistema de irrigação e banho para plantas e pessoas. A caixa é então coberta por uma fina camada de tela agrícola que possibilita também o cultivo de ervas e hortaliças.
No entender do júri, o conceito da proposta, além de configurar um novo microclima local e público, é muito adequado por ocupar-produzir o espaço nas conexões entre público e privado, trazendo a ludicidade de um modo menos funcionalista. Destaca-se a escala da proposta e o legado para o bairro.
2. Trama
Autor: João Nitsche
Equipe: Joao Nitsche, Pedro Nitsche, Lua Nitsche, Bruna Brito, Claudia Carpes, Denis Ferri, Eric Ferri, Flavia Schikmann, Gil Barbieri, Luciana Silva, Mara Cruz, Marcelo Anaf, Mariana Vilela, Pamela Gomes, Renata Mori, Rodrigo Tamburus
País: Brasil
Trama é um projeto de intervenção urbana feito especialmente para as estruturas/palafitas do Buritis. Propõe um uso inesperado das telas fachadeiras (referência à tecelagem artesanal), tão recorrentes na construção civil e em instalações desta natureza, criando tramas à maneira da lógica da cestaria e outras práticas populares no Brasil. Uma lógica reconhecível por todos, além de apropriável.
3. Dimensão Livre
Autor: Amanda Barbosa Da Silveira
Equipe: Lucas Veloso Schwab Guerra, Amanda Barbosa Da Silveira
País: Brasil
A proposta lança mão da movimentação e do reposicionamento de suas terras numa prerrogativa de evidenciar e questionar o valor da terra. Dentre altos e baixos de terra batida e concreto, cheios e vazios, usos e não usos, a experiência se apresenta de forma dicotômica e sensorial. A instalação revela um caráter efêmero, precário e inútil da arquitetura indicando a irracionalidade de processos urbanos e políticos da disciplina edilícia.
No entender do júri da Chamada, a proposta é conceitual, radical e bem fundamentada. É um convite ao pedestre para adentrar um espaço que é recôndito e escondido, exaltando a relação do vazio com o espaço construído, com o ar e a terra, e discutindo o custo de morar na cidade.
4. Mostra Territórios Impróprios
Autor: Pedro Maia
Equipe: Eduarda Kuhnert, Luiza Schreier, Diego Franco, Marcos De Amorim, Fernando Bonini
País: Brasil
A mostra proposta nesse projeto é desdobramento de uma série de encontros sobre cinema promovidos pela revista que assina a curadoria dos filmes. Como um laboratório no qual, através das narrativas do cinema, seja possível imaginar coletivamente outros meios de experienciar e conhecer a cidade, a proposta propõe cinco encontros e a exibição de nove filmes brasileiros contemporâneos, entre curtas e longas-metragem, oriundos de diferentes cenas locais.
A mostra será inaugurada com o filme Iluminai os terreiros, de Eduardo Climachauska, Gustavo Moura e Nuno Ramos, que parte de uma instalação de onze postes de iluminação dispostos em círculo, montados em áreas inóspitas na região montanhosa dos arredores de Belo Horizonte. Segundo Ramos, esse círculo de luz que ilumina o vazio “quer descobrir o noturno, o hiato, o esquecido, o inacessível, o de passagem e a paisagem que nunca se fixa”.
5. O Casamento Entre a Razão e a Miséria
Autor: Luiz Solano
Equipe: Luiz Solano, Gabriel Biselli
País: Brasil
O casamento entre a Razão e a Miséria é a união de dois corpos. De mesma ascendência, um deles é a reprodução em escala de parte do Edifício Niemeyer (1954) e o outro a Palafita 6 (década de 1980). União sagrada e profana, porque fruto do acaso e também de um arranjo, os dois corpos se atraem pelo rigor geométrico: a regularidade de um se funde à sinuosidade do outro.
Seguindo a tradição dos arranjos, essa união tem objetivos claros. Coloca à luz desenho e construção, ao mesmo tempo que, sem nostalgia, reescreve os desafios e as pesquisas da arquitetura nacional de outrora. Êxito e falência em lua de mel.
6. Oceanário Artificial Internacional [Buritis]
Autor: Daniel Jesus
Equipe: Daniel Jesus
País: Brasil
O Oceanário Artificial Internacional representa não somente a água em toda a sua potência com nascentes, rios e bacias, mas a água (e, principalmente, a vida) dos oceanos, somando-se inevitavelmente ao resgate da utilização das palafitas em suas origens, enquanto sistemas construtivos de sustentação em edificações localizadas em regiões alagadiças, desde o período neolítico. Daí a presente ideia: construir na palafita 09 (Maria Heilbuth Surette), uma das maiores do circuito traçado no edital “Outros Territórios”, um Oceanário Artificial, transformando este extenso espaço inativo, inóspito e ignorado, em foco de refúgio, de contemplação, de curiosidades e quem sabe, de sensibilidades.
Um Oceanário construído com boias e botes infláveis de animais realísticos e obviamente, também a representação do lixo produzido e descartado pelo ser humano, instituindo todo um universo de plástico.
7. Turbina Eólica Urbana
Autor: André Brandão
Equipe: André Brandão
País: Brasil
Proposta de um sistema de captação de energia eólica a partir de turbinas instaladas nas vigas da palafita. Além de gerarem energia para o edifício, as turbinas de eixo vertical se comportam como esculturas cinéticas refletindo a luz e a paisagem do bairro.
O júri:
Antônio Yemail – Antônio é arquiteto e designer industrial pela Universidade Javeriana de Bogotá. Desde 2007, dirige a admirável Yemail Arquitectura (anteriormente Oficina Informal), um estúdio focado na pesquisa, design e produção de infraestrutura cultural e espaços produtivos, e experimentos com diferentes técnicas e escalas na cidade.
Davide Sacconi – Davide é arquiteto, curador e educador em Londres, onde é doutorando na Architectural Association, diretor do Syracuse Architecture London Program e professor visitante no Royal College of Art.
Eduardo de Jesus – Eduardo é graduado em Comunicação Social pela PUC Minas, Mestre em Comunicação pela UFMG e doutor em Artes pela ECA/USP. Foi professor do programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas; e foi curador das exposições Dense Local (Festival Transitio-MX, Cidade do México, 2009), Esses Espaços (Belo Horizonte, 2010), Festival de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil (São Paulo, 2013), FIF-Festival Internacional de Fotografia (Belo Horizonte, 2013), entre outras.
Francisca Caporali – Francisca é fundadora e coordenadora artística do JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia desde sua origem, em 2010. Pelo JA.CA, coordenou diversos projetos desenvolvidos no centro: residências artisticas nacionais e internacionais, workshops, publicações, exposições e projetos de colaboração internacionais, além de desenvolver projetos autorais com os outros integrantes do coletivo.
Lúcia Koch – Lúcia é artista multimídia, escultora e fotógrafa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutora em poéticas visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde hoje é professora.
Marcos Franchini – Marcos possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela PUC-MG (2010) e é mestre em Ciências da Construção Metálica pela UFOP (2017). Atualmente, é professor na Faculdade Pitágoras no curso de Arquitetura e Urbanismo e já lecionou na graduação da UFOP, PUC-MG e na pós-graduação da Una.
Bráulio Lara – Associação dos Moradores do Bairro Buritis – Atual presidente da Associação dos Moradores do Bairro Buritis (ABB), representa o bairro no júri. A ABB é uma organização sem fins lucrativos fundada em 1996 e sempre envolvida com as demandas dos moradores do bairro. A Associação publica o jornal Folha Buritis, tem um site ativo e promove discussões sobre a região.
Comissão Organizadora:
Vazio S/A, fundado pelo arquiteto Carlos Teixeira, em 2003, é um escritório de arquitetura que busca uma postura propositiva e ativa: uma visão da informalidade, dos vazios e do mercado como algo que possa nos indicar novos projetos e oportunidades. Junto com o grupo de teatro Armatrux, já ocupou dois prédios do Buritis, na rua Stela Hanriot, por alguns meses em 2001 e 2004 (www.vazio.com.br/projetos/amnesias-topograficas-ii)
O Coletivo Aurora é uma iniciativa das arquitetas, urbanistas e designers de iluminação Mariana Novaes, Paula Carnelós e Diana Joels, atuantes no ramo da luz para os espaços construídos em suas respectivas empresas: Atiaîa Design, Acenda e concepDUAL.
Eduardo de Jesus é curador na área do audiovisual, arte contemporânea e tecnologia. Coordenou, com Jochen Volz, cursos numa parceria IEC-PUC Minas e Inhotim, e foi curador de “Esses Espaços” e “Densidade Local”, entre outras mostras.
Serviço:
Projetos Outros Territórios
info@outrosterritorios.com.br
https://www.outrosterritorios.com.br