Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo comemora 150 anos com exposição em homenagem a Victor Brecheret

Victor Brecheret, o mestre das formas

Beijo (1930), bronze polido (Detalhe)

A mostra, que discute a escala das obras produzidas por um dos alunos mais ilustres da escola, tem curadoria de Fernanda Carvalho e Ana Paula Brecheret, neta do artista.

Uma das principais instituições de ensino em São Paulo, o Liceu de Artes e Ofícios comemora seu 150º aniversário em 2023 e presta homenagem a um de seus mais ilustres alunos, o escultor Victor Brecheret.

Em parceria com o Instituto Victor Brecheret, a exposição intitulada “Victor Brecheret: o mestre das formas” apresenta a trajetória desse renomado escultor brasileiro e mundial.

A mostra, com curadoria de Fernanda Carvalho e co-curadoria de Ana Paula Brecheret, neta do artista, estará aberta ao público no Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo a partir de 20 de maio.

Nascido na Itália, Brecheret migrou para o Brasil em seus primeiros anos de vida. Quando tinha apenas 15 anos, enquanto trabalhava com sua família consertando sapatos, ele encontrou um jornal no Viaduto do Chá com uma foto de uma escultura do francês Auguste Rodin.

Naquele momento, Brecheret percebeu ser isso que gostaria de concretizar e compartilhou sua aspiração com sua tia, que o matriculou no curso de Desenho e Modelagem do Liceu.

Assim começou uma frutífera relação que moldaria um dos artistas brasileiros mais geniais.

Foi no Liceu que Brecheret teve seus primeiros contatos com a escultura, e essa experiência serviu como base para seus estudos posteriores em Roma, onde se tornou um dos principais responsáveis pela introdução da escultura brasileira no movimento modernista internacional. Ao longo de sua carreira prolífica, ele transitou entre São Paulo, Paris e Roma.

A exposição ocupa o primeiro pavimento do Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e apresenta 14 obras de coleções particulares, divididas em seis núcleos que abrangem as décadas de 1910 a 1950.

A curadoria explorará a escala das obras produzidas pelo artista ao longo de sua trajetória.

“Brecheret utilizou diversas tradições e materiais, criando desde obras monumentais com mais de trinta figuras de seis metros de altura até pequenas peças retratando dançarinas graciosas, mitos polivalentes e paixões estilizadas”, afirma Fernanda Carvalho.

A exposição “Victor Brecheret: o mestre das formas” aspira elucidar as contraposições trabalhadas pelo escultor.

Segundo a curadoria, a mostra percorre o amplo espectro temático da produção do artista, explorando o sagrado e o profano, o masculino e o feminino, o oriente e o ocidente, a cultura dos povos originários e a mitologia, apresentados em obras multifacetadas de diferentes períodos históricos.

Dividida em seis núcleos – “Núcleo Modernidades — Figura de convite”, “Núcleo Vanguardas”, “Núcleo Memórias”, “Núcleo Modernismos — Contextos”, “Núcleo Tecnologia” e “Núcleo Múltiplas sintaxes” — a exposição propõe exames breves, porém densos, dos aspectos emblemáticos da trajetória do escultor por meio de suas próprias obras.

Os visitantes encontrarão memórias pessoais, iconografias, réplicas digitais e a manipulação de materiais, cada um envolto em cenários especialmente criados para eles.

No Núcleo Modernidades – Figura de convite, estabelece-se um diálogo entre as peças produzidas por Brecheret e outros artistas modernistas, como Jean Baptiste Houdon, através de um podcast criado pelas curadoras.

As conversas imaginárias e emocionais aproximam os personagens expostos, como a obra “Dama Paulista” (Retrato de Dona Olivia Guedes Penteado), de Brecheret, e “Diana, deusa da Caça”, de Houdon.

Nessa conversa roteirizada pela curadoria, ambas as mulheres, que moraram em Paris, se encontram acidentalmente e começam a discorrer divertidamente sobre o modernismo e outras afinidades que as aproximam.

No Núcleo Vanguardas, os visitantes terão a oportunidade de vivenciar as experimentações artísticas do escultor.

Nesse espaço, encontram-se obras como “Beijo” (1930), “Dançarina” (1920) e “Banho de Sol” (1930), além de peças de mobiliário que preservam a intimidade do artista.

Já o Núcleo Memórias traz arquivos sonoros e fílmicos entremeados com depoimentos pessoais de membros da família do artista, além de documentações das passagens de Brecheret por Roma, Paris e São Paulo.

O acervo histórico do Liceu de Artes e Ofícios pode ser encontrado no Núcleo Modernismos — Contextos, que ilustra diversos contextos nos quais as obras do artista foram inseridas.

Com arquivos do final do século XIX e início do século XX, assim como entre as décadas de 1910 e 1950, esse núcleo apresenta exemplos emblemáticos de modernismos possíveis, incluindo a obra “Pietá” (1912-1913), a única peça esculpida em madeira por Brecheret, além de “Virgem Indígena” (1950), esculpida em gesso patinado, “Beijo” (1930), feita de bronze polido, e “Veado Enrolado” (1947-1948), cuja técnica é pedra rolada pelo mar.

No Núcleo Tecnologia, os visitantes têm a oportunidade de interagir com réplicas digitais de obras icônicas em hologramas, criando uma experiência mágica.

Peças como “Fuga para o Egito” (1925 – 1929), “Soror Dolorosa” (1920) e “O Ídolo” (1929) são apresentadas nesse contexto. Por fim, o Núcleo Múltiplas sintaxes traz diversos elementos e ferramentas utilizados pelo escultor ao longo de sua jornada, como o registro da matrícula de Brecheret no curso de Desenho e Modelagem, ferramentas originais usadas pelo artista, materiais usados pelo escultor, uma maquete do Monumento às Bandeiras, entre outros.

“Esta exposição, contemplando todas as fases do saber-fazer do escultor, é uma combinação de tributo da escola ao seu ilustre aluno ao mesmo tempo que uma homenagem de Brecheret aos 150 anos do Liceu”, comenta a curadora Fernanda Carvalho.

Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios

O CCLAO encontra-se anexo ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, uma das instituições de ensino mais tradicionais do país, com mais de 145 anos de história e relevantes serviços prestados à cidade e à sociedade paulistana, na produção de propriedades industriais e bens culturais.

Trata-se de um espaço de eventos lindo, moderno, elegante e multiuso, com 1.630 metros quadrados nos dois pisos, situado no tradicional bairro da Luz, bem no centro da capital paulista.

Instituto Victor Brecheret

O Instituto Victor Brecheret (IVB), fundado em 18 de novembro de 1999, pretende realizar e promover pesquisas, estudos, consultorias, cursos, conferências, avaliações e implementações de projetos destinados à divulgação e incentivo de atividades artísticas e culturais relativas às artes e artistas plásticos em geral, especialmente à obra do escultor Victor Brecheret.

Realiza exposições e eventos nacionais e internacionais por meio de doações, subvenções, incentivos fiscais ou outros mecanismos legais.

Desenvolve trabalhos de documentação, certificação, catalogação, arquivo e editoração de livros, referentes à produção de obras de arte e cultura em geral.

Apoia programas e intercâmbios educativos, sócios-culturais e de informação. O IVB desenvolve atividades culturais junto às empresas e organizações públicas e privadas.

Estabelece mecanismos para captação de recursos para a consecução de seus objetivos, individualmente ou em colaboração com empresas e entidades públicas, particulares, nacionais e internacionais.

Serviço:
Victor Brecheret: o mestre das formas
Local: Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios
Endereço: R. Cantareira, 1351 – Luz, São Paulo – SP
Visitação: Terça a sábado, 12h às 17h – domingos (para grupos previamente agendados)
Período: 20 de maio a 12 de agosto de 2023
Entrada: Gratuita
Contato: (11) 2155-3300
https://cclao.com.br/

Contato:
Instituto Victor Brecheret
(11) 3891-2462
https://brecheret.com/

 

Palavras-chave: Liceu de Artes e Ofícios, Comemoração, Victor Brecheret, Escultor, Mostra, Instituto Victor Brecheret, Trajetória, Curadoria, Fernanda Carvalho, Ana Paula Brecheret, Exposição, Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo, Itália, Emigração, Viaduto do Chá, Curso de Desenho e Modelagem, Paris, Roma, Movimento modernista, Obras de coleção particular, Escala das obras, Contraposições, Núcleos, Vanguardas, Memórias, Modernismos, Tecnologia, Múltiplas sintaxes, Podcast, Jean Baptiste Houdon, Diana, deusa da Caça, Intimidade, Acervo histórico, Contextos, Modernismos possíveis, Interatividade, Réplicas digitais, Hologramas, Ferramentas, Monumento às Bandeiras, Tributo, 150 anos do Liceu, Arte, Esculturas.