Artista Maria Fernanda Paes de Barros, da Yankatu, traz o resgate da essência brasileira em obra que abraça todas as culturas
Maria Fernanda Paes de Barros, artista, pesquisadora e designer à frente da marca Yankatu, foi convidada pelo hotel Tivoli Mofarrej São Paulo Hotel e pelo curador Waldick Jatobá para criar a sua famosa árvore de natal deste ano.
Levando a sua trajetória na arte, no design e no propósito como fomentadora da cultura ancestral brasileira, Maria Fernanda criou uma árvore que exalta a nossa cultura e nossos povos originários, trazendo elementos que remetem diretamente a estas comunidades.
“São muitas as simbologias que podem ser percebidas na época de Natal, esta é também a época onde muitas culturas do Hemisfério Norte comemoram o Solstício de Inverno. Busquei sair do contexto religioso, olhar para o todo e trazer leveza e simplicidade”, comenta a artista.
A ideia de Maria Fernanda partiu de uma estrutura em madeira semelhante à estrutura da oca, lugar de abrigo e proteção indígena. Colocada de ponta-cabeça, ela faz referência à manjedoura, local de abrigo e proteção da criança divina. Esta estrutura simboliza o acolhimento do divino, da vida, do sonho, do futuro.
A morada original dos povos indígenas é feita de vários troncos de pindaíba amarrados um ao outro com cascas de árvore. A “manjedoura” criada pela artista foi produzida com várias tiras de madeira jequitibá rosa maciça, “amarradas” por meio de encaixes e parafusos, “simbolizando que somos muitos, mas se não estivermos unidos não conseguimos nos estruturar”.
A estrutura feita em madeira jequitibá rosa maciça recebe fios de algodão tingidos com açafrão pela Mattricaria, de Brasilia, e fios de buriti tecidos pelas mulheres da Aldeia Kaupüna, da etnia Mehinako, no Alto Xingu.
Para confeccioná-los, elas vão de barco colher a palha da palmeira, depois limpam, separam e deixam secar. Separam fios finíssimos e aos poucos vão enrolando-os com o vaivém das mãos sobre a coxa.
Esses fios simbolizam o sol, a luz divina, a vida que flui num fluxo constante, descendo do céu. “Olhando no sentido contrário, eles podem ser lidos como o caminho para a luz divina, ou seja, a nossa criança interna acolhida no berço vislumbra as possibilidades de um futuro melhor”, explica Maria Fernanda.
Para a artista, a criança simboliza o futuro em potencial e o sol um conforto psicológico, uma esperança, “pois como nós ele enfrenta a morte e a ressurreição e manifesta a possibilidade divina da fagulha da vida”.
Por isso a iluminação invertida da obra, de baixo para cima, que ficou a cargo da Zolt Lab, representa a caminhada em direção a luz de auto conhecimento e desenvolvimento, um sair da proteção do berço e encarar a vida real dando para ela o que temos de melhor.
Contato:
Yankatu
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