Design com terra ganha expressão em obras inovadoras que combinam ancestralidade e sustentabilidade na exposição Matéria.Design
Exposição “Matéria.Design – A Terra” reúne cinco peças que exploram o design com terra por meio de técnicas vernaculares, dialogando entre ancestralidade e contemporaneidade
Design contemporâneo com terra
A Casa Seva, em parceria com a MateriaLAB Design, inaugura a exposição “Matéria.Design – A Terra”, que convida o público a uma imersão na relação entre ancestralidade, técnica e contemporaneidade. A mostra, que abre em 21 de outubro, em São Paulo, apresenta cinco obras desenvolvidas por estúdios e designers que exploram a terra como matéria-prima, numa leitura sensível e experimental.
A ancestralidade reinterpretada por Argus Caruso e André Bastos
Entre as criações expostas, destaca-se “Vasos Dedo Verde”, de Argus Caruso e André Bastos, uma obra concebida a partir da técnica ancestral do pau a pique. Inspirados na fábula O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon, os designers transformam o barro em uma narrativa simbólica sobre regeneração e esperança. Cada camada moldada reflete o gesto humano, o tempo e a memória, numa metáfora sobre a continuidade entre passado e futuro.
Para Caruso, a terra representa o primeiro abrigo e o primeiro material de construção da humanidade. Trabalhar com esse elemento, afirma, é retomar o diálogo entre o natural e o técnico, entre o gesto primitivo e o pensamento projetual contemporâneo.
Matéria, tempo e gesto como linguagem
A mostra apresenta ainda a mesa “Erosão”, da Suite Design, que combina taipa de pilão e plástico reciclado, num exercício formal que revela como o tempo atua sobre a matéria. Já o estúdio Superlimão propõe a luminária “Costura da Terra”, feita de fragmentos cerâmicos unidos por fios de cobre, em um gesto poético que reconstrói o quebrado e valoriza a imperfeição como parte do ciclo criativo.
O Banco Reverso, da d.Propósito, em colaboração com Fábia Toqueti e Bruno Camarotti, estabelece um diálogo tátil entre taipa e madeira entalhada, criando uma dualidade entre permanência e transformação. Por sua vez, Diego Motta, da Attom Design, desenvolveu luminárias que unem madeira, argila, feno e o tradicional Tadelakt marroquino, aplicado por Marcela Ary, destacando o acabamento manual e o brilho obtido pelo polimento natural.
Curadoria e propósito sustentável
Sob curadoria de Carol Piccin (MateriaLAB Design) e Carolina Pileggi (Casa Seva), a exposição propõe uma reflexão sobre a terra como território e memória viva, elemento simbólico que sustenta a vida e convida à reconexão com os ciclos naturais.
O projeto marca o início da parceria entre a Casa Seva e a MateriaLAB Design, que unem suas especializações em arte, cultura e sustentabilidade para fomentar o uso consciente de materiais regenerativos e técnicas tradicionais reinterpretadas pelo design contemporâneo.
#Reinterpretação das técnicas vernaculares
O conjunto de obras apresentado em “Matéria.Design – A Terra” evidencia o retorno das técnicas construtivas vernaculares ao campo do design contemporâneo. O uso do pau a pique, da taipa de pilão e dos pigmentos minerais não se limita ao valor estético ou artesanal, mas assume um papel conceitual — de resistência cultural e de crítica ao paradigma produtivo industrial.
#Matéria como meio expressivo e discurso ambiental
A terra, tratada não somente como substância física, mas como meio expressivo, atua aqui como agente simbólico de sustentabilidade e regeneração. Os projetos transformam o gesto artesanal em linguagem projetual, revelando como o design pode mediar o reencontro entre técnica e natureza. Cada obra manifesta um processo tectônico consciente, onde a matéria e o tempo se tornam protagonistas.
#Design, memória e tempo
O valor poético e técnico das peças está em sua capacidade de revelar o tempo inscrito na matéria. A mesa “Erosão” e a luminária “Costura da Terra” sintetizam essa ideia ao explorar as marcas da transformação e da reparação. São experimentos que se aproximam da arte pela densidade simbólica, mas que preservam o rigor material do design.
#Uma poética do fazer regenerativo
O projeto curatorial demonstra como o design pode atuar como ferramenta crítica e educativa, promovendo práticas regenerativas e de baixo impacto ambiental. Ao trazer a terra para o centro da discussão, a mostra reposiciona o design como campo de experimentação ética e estética, capaz de ressignificar o gesto humano na criação de um futuro mais integrado aos processos naturais.
Serviço:
Exposição: “Matéria.Design – A Terra”
Abertura: 21 de outubro de 2025, das 18h às 21h
Período de visitação: de 22 de outubro a 22 de novembro de 2025
Horários: de terça à sexta, das 11 às 18h, sábado, das 11h às 15h, segunda e domingo, fechado
Local: Casa Seva, na Vila Modernista
Endereço: Alameda Lorena, 1257, Casa 1, Jardins, São Paulo (SP)
Entrada gratuita
Contatos:
Argus Caruso Arquitetura
https://arqbrasil.com.br/51226/argus-caruso/
Casa Seva
(11) 944-459-595
https://www.casaseva.com/
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