Para a arquiteta Patricia Miranda, a multifuncionalidade, cores e móveis soltos resolvem o décor e destacam a personalidade dos inquilinos
A locação de imóveis não é sinônimo de uma residência impessoal e sem graça. A arquiteta Patricia Miranda detalha como deixar o layout repleto de vida, mas sem mexer na estrutura com grandes reformas.
A proposta para o projeto de reforma residencial para um casal com dois filhos foi investir na descontração e a ousadia no uso das cores, para promover a reforma que permitiu a personalização do imóvel, conforme os sonhos dos moradores, mesmo sendo um imóvel alugado.
Segundo a arquiteta Patricia Miranda, à frente do escritório Raízes Arquitetos, o fato de não estarem em um apartamento próprio não implica na ideia de viver em uma estrutura descaracterizada e que não exprima conforto e um décor com as predileções e o jeito de daqueles que vivem por lá.
Localizado no Brooklin, zona sul de São Paulo, o casal de moradores contou com a experiência de Patricia para promover as adaptações no apto de 190m².
Logo na entrada, a estante desenhada pela arquiteta cumpre um papel crucial e muito além do ‘apenas’ receber a TV e elementos decorativos: a marcenaria se revelou como a solução para incluir um quarto de hóspedes com o home office.
“Como ambos têm família fora de São Paulo, era fundamental que pudessem proporcionar uma estrutura para receber pessoas quando necessário”, recorda-se.
Para tanto, o ambiente foi fechado com um móvel que também conta com portas de correr. “Realizamos aberturas, em pontos mais altos, para não escurecer o espaço que deu origem ao corredor. Ao invés de terminar com uma parede, é fechado pela estrutura de marcenaria”, detalha.
Para projetar as portas, a inquietude da arquiteta moveu o seu trabalho. Assim, ao invés de produzir um visual liso e monótono, ela investiu na marchetaria das folhas, alternando a direção do desenho da própria madeira.
A folha verde e lisa foi eleita para quebrar a unidade da estética amadeirada e produzir um contraponto descontraído.
Respeitando a questão que nunca saiu de foco, o fato do imóvel ser alugado, o projeto demandou uma solução para minimizar a fixação da estante tanto no piso, como no teto.
“Como não poderíamos quebrar nada, resolvemos por meio da instalação de uma viga metálica superior, que fez às vezes de um trilho reformado para segurar as portas por cima”, esclarece Patricia.
Na sala de TV, a presença das cores não ficou restrita ao verde da estante, que se estendeu pela face lateral da parede, com as prateleiras que decoram o home office e os gavetões soltos.
Com a vivacidade dos tons fortes, o ambiente se destaca com o sofá azul-real e o tapete vermelho. “Sem dúvidas, são peças que podem ser levadas em uma futura mudança e incorporadas ao décor de um novo imóvel”, relata a profissional.
Integrado, o layout do living foi elaborado com peças soltas, mas sem perder sua essência: sofá e poltronas, intercaladas por uma mesinha de apoio, compõem um ambiente com visual leve e ornamentado com nichos, de diferentes tamanhos, fixados de forma assimétrica para ser o cantinho do bar e expor objetos decorativos.
Um lar que não será para sempre
• É sempre importante pensar em móveis que poderão ser levados para outro local, mesmo que eles sejam pendurados em uma parede – em uma futura mudança, arrumar o piso é mais complicado e caro que fechar furinhos em paredes;
• Fazer uma brincadeira com prateleiras e nichos sempre deixa bem personalizado e bem individual;
• Papel de parede e adesivos são excelentes opções para revestir as paredes, uma vez que são simples de serem retirados e, normalmente, a pintura antes da devolução para o proprietário, elimina quaisquer vestígios.
• Biombos autoportantes são recursos utilizados para dividir espaços sem a necessidade de realizar furos ou instalar trilhos;
• Vale a pena recorrer ao uso de luminárias, ligadas em tomadas como abajures, luminárias de coluna, ou mesmo arandelas com fios que podem ser ligados em tomada. Essa solução deixa a casa com a iluminação mais autônoma, pode ser levada para outros locais e não exige autorização do proprietário.
Inserindo as cores
“Gosto muito de cores e por isso imergi na relação que pintores expressionistas como Wassily Kandinsky e Paul Klee realizam com elas”, conta a arquiteta Patricia. De acordo com ela, o olhar pela beleza da arte transmite mais segurança para deliberar nessa combinação.
“Pode se manter uma neutralidade no ambiente em geral e destacar pontos menores, usando tom sobre tom ou um leque de cores próximas, como o verde com azul, ou verde-claro com laranja, amarelado, ou tonalidades de vermelho mais suave com goiaba… se a escolha for por tonalidades mais fortes, vale evitar a mistura de cores, assim não tem erro”, aconselha.
Contato:
Raízes Arquitetos
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