Edifício icônico de São Paulo, criado por Paulo Mendes da Rocha em 1987, ganha nova roupagem sob a assinatura do Estúdio Tupi

Uniflex em PMR pelo Estúdio Tupi

Uniflex abre em fevereiro, loja na Avenida Cidade Jardim com repaginação do Estúdio Tupi. Aldo Urbinati, à frente do escritório de arquitetura, desenvolveu um projeto exclusivo para a marca que desembarca em um dos espaços mais icônicos da capital paulista, com 500m².

Aldo explica que, para a loja de Mario Rudge Castilho – terceira do empresário – buscou inspiração na Bauhaus com suas cores primárias – amarelo, vermelho e azul – e, classificando o vermelho com um tom precedente – instalações anteriores tinham suas marcas identificadas pela cor – o aplicou dentro do projeto como uma seleção conceitual, para informar que os itens em vermelho não dizem sobre o prédio, tão menos sobre os produtos.

“É uma tradição na arquitetura moderna usar o vermelho como elemento quando se quer destacar algo dentro de uma configuração”, explica o arquiteto. No caso dos itens na cor escolhida pelo profissional, fica claro que tal intervenção não altera o projeto original, mas cria uma nova atmosfera para receber uma marca atual, conectada e que está em pleno movimento.

Baseado nessa premissa, Aldo criou ambientes em formato de cubos na parte externa da loja para exposição de produtos e manteve, propositalmente, imperfeições nos acabamentos da serralharia que, muito provavelmente seriam corrigidos em outra ocasião ou pelo próprio Paulo (e essa era a intenção: mostrar que não foi ele, Paulo, mas que foi uma interferência em sua obra); aquários de vidros que servirão como salas de reunião; cadeiras nichadas e devidamente acopladas umas às outras com medidas exatas no interior e grandes janelões que exibirão persianas em movimento, todos emoldurados em vermelho, apontando o que era original e o que é contemporâneo dentro do projeto modernista.

As ideias dos cubos surgiram para o arquiteto influenciado na arte americana minimalista dos anos 1960 de artistas como Sol Lewitt, Donald Judd, Robert Smithson, Gordon Matta Clark, entre outros, posteriormente à decisão de usar vermelho. É mais uma técnica para não interferir no projeto, já que a ideia de criar cubos, assim como os artistas, com medidas rigorosas,vem do conceito em criar algo que não interfira no todo.

“São artistas que usavam cubos na intenção de criar objetos com o intuito de não criar objeto nenhum”, conta Aldo. Classificando a obra de Paulo Mendes como um `Gesamtkunstwerk´ (obra de arte total, traduzido do alemão), o grande o desafio era esse: criar algo em algo que não precisa de mais nada, por já se tratar de uma obra completa. E, com essa genialidade, Aldo definiu seu trabalho com maestria, usando, segundo ele, uma cor que não é cor e uma forma que não é forma.

Outro capítulo à parte é a iluminação de Carlos Fortes que, entre outras coisas, teve como principal intervenção desenvolver as superfícies luminosas verticais, trazer luz para um ambiente sem vista para área externa, criar ´falsas´ janelas. O principal desafio, segundo o luminotécnico, foi desenvolver luminosidade que levasse à realidade desejada com a intensidade perfeita para exposição dos produtos.

O projeto de Fortes simula luz natural dentro do edifício com projeto de automação que permite fazer a variação de diferentes tonalidades e temperaturas de cor, extinguindo a luz branca permanente, sem manter a mesma tonalidade o tempo todo.

“O projeto luminotécnico prevê que a automação, dimerizada e controlada por bluetooth, acompanhe durante o dia o espectro da luz natural, já que a luz da tarde é completamente diferente da luz da manhã”, conta Fortes. Tal tecnologia se torna imprescindível em uma arquitetura que não contempla janelas e cuja ocupação terá a venda de cortinas. Em consonância com o desenho proposto por Aldo e com o real projeto de Paulo, estabeleceu-se toda integração do edifício, incluindo linhas de luminárias e paginação do forro do edifício com base nos grids da arquitetura.

No teto, há uma repetição de luz natural intensa que se projeta nas entradas no térreo, criando duas falsas clarabóias. “O projeto de iluminação do edifício estava desconfigurado, muitas luminárias não eram originais e não havia nenhum sistema que devesse ser preservado. Então, tirar as luminárias existentes e incluir um novo projeto de luz, foi o mesmo que a arquitetura fez: criou elementos novos sem interferir no original”, conclui Fortes.

A fachada também terá uma nova apresentação e trará o desenho do Templo Malatestiano, que fica em Rimini na Itália, por Leon Battisti Alberti, o primeiro grande teórico de arquitetura da modernidade em meados do século XV. É mais uma referência, pensada por Aldo, à obra que se mantém original, mas que recebe uma releitura contemporânea na qual o arquiteto ´encapa´ a fronte da igreja com mármore, mas preserva toda sua estrutura original. Ainda hoje, seiscentos anos depois, o templo Malatestiano se mantém surpreendente.

Para Mario, que inaugura sua terceira loja da marca, é um momento especial estar dentro de um edifício imponente e importante da cidade, repaginado por conceituados nomes no mercado. “É uma honra e um privilégio estar inserido em uma arquitetura modernista e icônica de São Paulo, sob a assinatura de Paulo Mendes da Rocha e com um projeto de implementação de conceituados profissionais da nossa arquitetura contemporânea, como o Estúdio Tupi e o luminotécnico Carlos Fortes”, comemora o empresário.

Após sete meses de reforma – entre projeto e obra – a loja terá espaço para abrigar e exibir mais que apenas produtos, como conta Mario: “Ter a oportunidade de reunir num único lugar opções de cortinas, persianas e rolôs, com um sistema funcional, agregado à alta tecnologia, traz inúmeros benefícios na decisão de compra, pois aqui será possível compreender todo o esquema de motorização, com iluminação integrada e decoração ao mesmo tempo. Com acesso ao sistema completo, o cliente pode, em uma única vez, visualizar o funcionamento do produto, economizar tempo e valorizar ainda mais seu projeto”, finaliza.

 

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