Arquiteta Flávia Ranieri, especialista em adaptação, conta como a simples passagem de um cômodo ao outro pode ser um enorme problema; pequenas adaptações diminuem os riscos e ajudam a manter a independência dos mais velhos
A autonomia é um fator muito importante para a qualidade de vida. Porém, é muito difícil para filhos e netos responsáveis deixarem seus pais ou avós mais independentes por conta das limitações naturais que a idade traz. O que eles não sabem, no entanto, é que o próprio lar pode ser o grande vilão.
Pensando no bem-estar emocional da pessoa e na segurança para os familiares, a especialista em arquitetura para este nicho de mercado, Flávia Ranieri, mostra aqui os grandes riscos que uma casa “normal” pode trazer, e como algumas pequenas adaptações podem facilitar o dia a dia.
“Mapeei fatores que parecem bobos ou irrelevantes, mas trazem chances de um machucado na pele ou queda evitáveis. Um tombo pode causar problemas de saúde irreversíveis e até mesmo levar à óbito”, conta a especialista. Com vários projetos adaptados, Flávia explica como os avanços tecnológicos e arquitetônicos vêm se tornando grandes aliados na rotina desse público.
Risco 1 / Falta de luz adequada – Conforme a idade avança, a visão também envelhece e sofre degeneração. Usar óculos é bastante comum, mas mesmo assim, não impossibilita a limitação visual caso não esteja usando. Sem enxergar clara e nitidamente, ele tem mais chances de tropeçar, escorregar e bater em móveis.
A solução – Não tenha medo de exagerar no número de pontos de luzes. Quanto mais, melhor. Abuse de pendentes, arandelas, abajures, luminárias de mesa e spot de piso, que aumentam a iluminação de paredes, escadas e corredores. Para esses pontos de apoios, prefira opções com dimer, que permite o ajuste gradual da intensidade da luz. Para garantir o aconchego do ambiente, a temperatura da cor deve ser entre 2400k e 3000k (branco quente).
Para quem puder investir, um sistema de automação pode ser instalado para quando a pessoa se levantar do sofá ou da cama no escuro, uma luz de vigília no piso é acionada, ajudando a se localizar e se deslocar, por exemplo, até o banheiro.
Risco 2 / Quinas – Com o tempo, a derme, camada intermediária da pele, perde elasticidade, hidratação e oleosidade. Isso resulta em uma pele mais fina, frágil e mais vulnerável a machucados, infecções e doenças de pele em geral. Uma simples esbarrada nas quinas dos móveis pode machucar a pele mais delicada. E um simples machucadinho pode se tornar um grande problema.
A solução – Aposte nas quinas arredondadas. Por não terem as temíveis pontas, não ocasionam lesões mais graves. Se não puder trocar o móvel, em lojas de produtos para casa é possível encontrar adaptadores de silicone, que são facilmente acoplados nas quinas tradicionais e fazem o serviço. Aposte nas quinas arredondadas. Por não terem as temíveis pontas, não ocasionam lesões mais graves. Se não puder trocar o móvel, em lojas de produtos para casa é possível encontrar adaptadores de silicone, que são facilmente acoplados nas quinas tradicionais e fazem o serviço.
Risco 3 / Pisos e tapetes – Escorregar no chão liso e tropeçar em tapetes são acidentes comuns em qualquer casa. Em casas onde moram pessoas mais velhas, com a mobilidade já comprometida, esses acontecimentos são mais recorrentes. Um piso escorregadio e tapetes mal posicionados podem causar mais do que uma simples queda.
A solução – Pisos emborrachados e vinílicos antiderrapantes, por exemplo, dificultam as quedas. Eles são encontrados em várias padronagens e cores. Os tapetes têm uma função importante de acústica e limitação de espaço e não precisam ser eliminados, apenas usados de maneira estratégica. Alinhe-os com o piso, sem desnível, e só os posicione em lugares que garantam a segurança, por exemplo, cobrindo todo o piso da sala.
Risco 4 / Móveis não adaptados – Camas altas demais ou baixas exigem um esforço que nem todo mundo tem quando atinge certa idade. Cadeiras com rodinhas podem virar e derrubar quem estiver sentado. Bancadas baixas impedem o encaixe de uma cadeira de rodas. Quando os móveis de uma casa não são adaptados para quem mora nela, viver ali vira um tormento. Além de riscos à saúde, compromete a mobilidade do morador.
A solução – Os móveis de uma pessoa com mobilidade reduzida precisam ser pensados em termos de altura, estabilidade e profundidade. Aposte em bancadas e mesas mais profundas onde caiba a cadeira de rodas, barras de apoio, poltronas ou cadeiras fixas. A cama deve ficar em uma altura onde a pessoa sentada consiga encostar o pé no chão e a perna faça um ângulo de 90º ao sentar.
Risco 5 / Cores homogêneas e falta de contraste – A percepção espacial também sofre mudanças com a idade. O reflexo da luz no piso do banheiro pode alterar a percepção de profundidade e causar confusão – e até uma queda. Objetos com a mesma cor em um mesmo ambiente tendem a não serem vistos por completo, podendo provocar esbarrões ou tropeços.
A solução – Opte por elementos com contraste, cores vibrantes e formas diferentes. Assim, os objetos da casa ficam mais visíveis e fáceis de serem desviados.
Contato:
Flávia Ranieri
(11) 976-112-616
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