Projeto de arquitetura sustentável no Sesc Parque Dom Pedro II, assinado pelo escritório Una BV, reconecta o centro histórico de São Paulo com cultura, esporte e paisagismo
O projeto do Sesc Parque Dom Pedro II propõe uma nova infraestrutura cultural e esportiva de 30 000 m², com soluções bioclimáticas, paisagismo intenso e integração urbana com reconhecimento internacional.
Prêmio internacional destaca proposta urbana e sustentável
O projeto do Sesc Parque Dom Pedro II, assinado pelo escritório UNA BV, recebeu destaque mundial ao ser contemplado pelo Holcim Foundation Awards, uma das mais prestigiadas premiações internacionais dedicadas à arquitetura sustentável.
Coordenado pelos arquitetos Fernanda Barbara e Fábio Valentim, o projeto foi reconhecido entre os quatro melhores da América Latina e premiado pela Fundação Holcim para a Construção Sustentável, sediada em Zurique, na Suíça. A cerimônia de entrega ocorrerá durante a Bienal de Arquitetura de Veneza, em 20 de novembro.
Um projeto urbano voltado à requalificação do centro histórico
O Sesc Parque Dom Pedro II nasce de um amplo plano urbanístico elaborado em 2011 para requalificar uma das áreas mais emblemáticas de São Paulo. Localizado em frente ao Mercado Municipal e ao Museu Catavento, o terreno de 9.200 m² abrigará uma estrutura de 30 mil m² de área construída, distribuída em oito pavimentos, seis deles de uso público.
O projeto, iniciado em 2020 e com inauguração prevista para o primeiro semestre de 2026, visa reconectar a região à cidade, transformando um espaço historicamente fragmentado pelos viadutos erguidos entre as décadas de 1960 e 1970 em um equipamento urbano de convivência, lazer e cultura.
Estrutura aberta e integração com o território
Com desenho arquitetônico que privilegia a abertura e a transparência, o novo Sesc propõe uma arquitetura permeável, que se integra ao tecido urbano e favorece o uso público. O edifício abrigará espaço cênico, biblioteca, cafeteria, restaurante, oficinas de criatividade, além de áreas esportivas com ginásio poliesportivo, piscinas na cobertura, pista de corrida e salas de ginástica.
A concepção privilegia a mobilidade vertical fluida, por meio de circulações generosas e terraços panorâmicos que oferecem vistas para o centro histórico e para a Serra da Cantareira. O conjunto será envolto por uma praça interna arborizada e mais de 140 novas árvores em todo o entorno, consolidando o caráter público e paisagístico do projeto.
Sustentabilidade como diretriz de projeto
O reconhecimento internacional se deve também ao rigor técnico e ambiental da proposta. O Sesc foi concebido a partir de estratégias bioclimáticas e soluções passivas de conforto térmico e eficiência energética, como ventilação natural cruzada, sombreamento de fachadas, uso de energia limpa e terraços ajardinados que contribuem para a retenção de calor e o controle microclimático.
O projeto inclui ainda ampliação das áreas verdes, valorizando a drenagem natural e reduzindo a impermeabilização do solo — aspectos fundamentais em um território central carente de espaços permeáveis.
Reencontro da cidade com sua origem
A proposta de Barbara e Valentim busca ressignificar o território do Parque Dom Pedro II, uma área que, apesar de ter sido a porta de entrada da cidade no passado, transformou-se em barreira urbana após décadas de políticas rodoviaristas. “A requalificação do entorno é também simbólica”, observa Barbara, ao destacar o papel do Sesc como agente de reconexão urbana e social.
Para o diretor do Sesc São Paulo, Luiz Deoclecio Massaro Galina, a nova unidade preenche uma lacuna sociocultural importante na região, oferecendo acesso à cultura, esporte e convivência, e se tornando um fator indutor de novas intervenções urbanas no centro paulistano.
#Arquitetura como instrumento de reparação urbana
A proposta do UNA BV articula-se como uma infraestrutura social e ambiental, reposicionando o papel da arquitetura pública na reconstrução dos espaços centrais. O edifício não se impõe sobre o território: ele se abre, respira e dialoga com o entorno, configurando um gesto de reconciliação entre a cidade e sua memória. A escolha por soluções volumétricas horizontais e terraços habitáveis reforça a intenção de diluir fronteiras físicas e restabelecer a continuidade visual e pedonal do tecido urbano.
#Integração paisagística e desempenho ambiental
O tratamento paisagístico extrapola o conceito de ambientação e atua como estratégia de desempenho ambiental. Os terraços verdes, o pátio central arborizado e o espelho d’água cumprem simultaneamente funções estéticas e técnicas — mitigando ilhas de calor, favorecendo a ventilação natural e promovendo a retenção de águas pluviais. Essa abordagem revela maturidade projetual e alinhamento às diretrizes contemporâneas de arquitetura bioclimática e urbanismo sustentável.
#Dimensão social e reprogramação do espaço público
Mais que um equipamento cultural, o Sesc Parque Dom Pedro II configura-se como infraestrutura cívica: um espaço de encontro e apropriação social que redefine o conceito de centralidade. Sua implantação devolve ao cidadão o direito de ocupar e reconhecer o centro histórico como território vivo, plural e acessível.
O projeto reafirma o papel da arquitetura brasileira no cenário internacional, demonstrando que a inovação pode emergir do compromisso ético e urbano com o lugar, e não somente de soluções formais ou tecnológicas.
Ficha:
Sesc Parque Dom Pedro II
Data de inauguração: 2026
Arquiteto responsável: Una BV Arquitetos / Fábio Valentin e Fernanda Barbara
Área do terreno: 9.203 m²
Área construída total: 30.645 m²
Contato:
UNA BV
https://arqbrasil.com.br/743/una-bv/
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