A natureza, antes mera inspiração, agora dita as regras do design. Descubra como a sustentabilidade está moldando uma nova estética, mais profunda e desafiadora / Por Paula Bragagnolo

A sustentabilidade no comportamento do consumo e design

Arquiteta Paula Bragagnolo

A arquiteta Paula Bragagnolo explora a evolução do design, onde a sustentabilidade se torna um catalisador para a criação de novas estéticas. Cores, formas e materiais são reinterpretados para refletir a complexidade da natureza, resultando em um design mais consciente e sofisticado.


Há tempos, o design carrega uma ligação quase instintiva com a natureza. Contudo, o que antes se traduzia em associações diretas com tons de verde, materiais reciclados e biofilia evoluiu para algo mais complexo, profundo e desafiador. Estamos entrando em uma nova era criativa, onde a sustentabilidade e regeneração se fundem para moldar uma estética inovadora e sofisticada.

Essa transformação é mais do que uma tendência passageira; ela reflete uma mudança cultural, social e ambiental de longo prazo. Observando os rumos da moda, do design de interiores e da arquitetura, conforme pesquisas que levantamos para o Trend Book 2025, da PGB Inteligência, fica claro que a decomposição, a mutação e a regeneração natural não são apenas metáforas, mas sim catalisadores para a criação.

O novo papel da cor no design

A revolução começa pelas cores. Se antes a sustentabilidade evocava paletas previsíveis de verdes e terrosos, hoje as paletas abraçam a complexidade química da natureza em transformação.

O conceito de mutation through color (mutação através da cor), que já desponta nos trendbooks para 2025 e 2026, apresenta combinações que traduzem reações químicas naturais: fúcsias vibrantes, azuis elétricos e verdes profundos interagem com marrons terrosos e tonalidades que ecoam os corais e o mundo subaquático.

Essas cores não são apenas belas; elas narram histórias. São manifestações visuais de processos como oxidação, decomposição e regeneração. Elas desafiam nossa percepção de “natural”, deslocando a estética para um território onde o químico encontra o orgânico.

Formas que reproduzem a vida em transformação

Além das cores, as formas e texturas emergem como protagonistas dessa narrativa. Designers como Guilherme Wentz e Mateos Quadros exploram formas fúngicas, rizomáticas e tuberculares, evocando a desordem orgânica controlada da natureza.

Essa abordagem apresenta um conceito que na neuroarquitetura chamamos de “caos controlado”. Nosso cérebro se sente mais confortável com formas assimétricas e dinâmicas, como as texturas dos cogumelos ou as bolhas que se formam em superfícies vítreas. Essa estética é ao mesmo tempo, disruptiva e familiar, oferecendo conforto visual e tátil enquanto desafia os padrões lineares do design tradicional.

Texturas e materiais

Se as formas e as cores apontam para a natureza mutante, os materiais trazem um aspecto tangível dessa filosofia. Não se trata apenas de usar materiais reciclados; é sobre reinterpretar o que já existe e criar algo absolutamente único.

Na última década, vimos resíduos industriais se transformarem em superfícies inovadoras, como granulite e borracha reciclada. Agora, a nova onda vai além: luminárias feitas de cascas de maçã, fragrâncias que capturam a essência de biomas extintos, como a Baía de Guanabara antes da poluição. O luxo, nessa nova concepção, é definido pela singularidade, pela imperfeição deliberada e pela conexão intrínseca com a natureza.

A regeneração como novo luxo

Essa estética regenerativa, marcada por cores químicas, formas desordenadas e texturas que narram ciclos de vida e morte, não busca imitar o natural, mas reinterpretá-lo. Não é uma celebração da rusticidade ou do óbvio; é uma exaltação do inusitado, do imperfeito, do incomum.

No futuro, o verdadeiro luxo estará naquilo que é inimitável. Não porque foi produzido em pequena escala, mas porque carrega em si a história de um ciclo – de um resíduo que foi transformado, de uma superfície que ganhou vida.

Estamos apenas no começo dessa jornada. Mas uma coisa é certa: a regeneração não é apenas um tema para o design do futuro; ela é seu DNA. E é através dessa lente que continuaremos a moldar um mundo onde a criatividade não apenas respeita, mas celebra os processos naturais de transformação.

*Paula Bragagnolo é diretora criativa e fundadora da PGB Inteligência

 

Contato:
PGB Inteligência
Whaap (54) 991-676-196
https://pgbinteligencia.com.br/

 


#PrincipaisAspectos — Cores: a paleta evolui para representar processos naturais como oxidação e decomposição. Formas: inspiradas na natureza, as formas se tornam mais orgânicas e dinâmicas. Materiais: resíduos industriais são transformados em novos materiais, e a natureza se torna fonte de inspiração para texturas e fragrâncias. Conceito de luxo: a singularidade e a conexão com a natureza redefinem o conceito de luxo. Neuroarquitetura: o caos controlado proporciona conforto visual e tátil.

#Referências — Sustentabilidade no design; regeneração no design; Estética regenerativa; Neuroarquitetura; Mutation through color; Design biofílico; Design sustentável; Cores químicas no design; formas orgânicas no design; texturas naturais; Materiais reciclados; Luxo regenerativo; Design inspirado na natureza; transformação no design; processos naturais no design; design contemporâneo sustentável; PGB Inteligência; Tendências de design 2025; design de interiores sustentável; arquitetura e sustentabilidade; cores vibrantes no design sustentável; tendências de design regenerativo 2025; uso de materiais reciclados na arquitetura; design biofílico e sustentabilidade; Neuroarquitetura e formas orgânicas; estética do caos controlado no design; impacto da regeneração no design de interiores; inovação em superfícies a partir de resíduos; texturas e materiais sustentáveis na decoração; conexão entre química e orgânico no design; Imersão RP.

 

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