Projeto Bambu da Unesp já produz o próprio material de pesquisa

Tropical, renovável e perene

Com o crescente desmatamento e pressão sobre as florestas tropicais, bem como sobre as áreas de reflorestamento, torna-se cada vez mais necessária a busca por materiais renováveis e soluções alternativas capazes de atenuar em parte este processo. A cultura do bambu, embora seja milenar em nosso planeta, tem sua utilização e pesquisa, em sua maioria, restritos aos países orientais, sendo que, ultimamente, no ocidente, uma maior atenção vem sendo dedicada a esta cultura.

O bambu é uma cultura predominantemente tropical, renovável, perene, de produção anual, de rápido crescimento, com centenas de espécies espalhadas por todo o planeta e com milhares de aplicações. Considerado um rápido seqüestrador de carbono atmosférico possui, ainda, características físicas e mecânicas que o tornam apto a ser utilizado no desenvolvimento de produtos normalmente produzidos com madeira nativa ou de reflorestamento, tais como: Componentes da construção civil; Indústria moveleira; Cabos para erramentas agrícolas; Painéis; Chapas, entre outros.

O Projeto Bambu iniciado no ano de 1990 na Unesp/Campus de Bauru, conta com plantação própria que desde o ano de 1998 vem produzindo colmos com dimensões adequadas para o processamento e utilização em pesquisa. Dados de campo relativos ao desenvolvimento e produção de colmos são importantes para o acompanhamento da adaptação e desenvolvimento da cultura. Dados sobre suas características físicas e de resistência mecânica são importantes para a avaliação da qualidade do material e seu potencial tecnológico, visando posterior uso em aplicações diversas.

Com essa idéia, nos preocupamos em desenvolver o Projeto Bambu, inicialmente através de um trabalho de localizar e plantar em nosso campus uma coleção com as melhores espécies disponíveis em nosso meio, seguindo orientação fornecida pelo INBAR (International Network for Bamboo and Rattan, 1995). Das 1300 espécies de bambu existentes e espalhadas pelo mundo, são recomendadas a introdução e estudo de 19 espécies consideradas prioritárias com base em critérios relativos à sua utilização, cultivo, processamento e produtos, recursos genéticos e agro-ecologia. Muitas destas espécies prioritárias já foram introduzidas em nosso meio e encontram-se adaptadas às nossas condições de clima e solo.

O projeto bambu possui 10 destas espécies prioritárias, cultivadas na Área Experimental Agrícola do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp/Campus de Bauru, algumas delas já aptas a produzir colmos (matéria prima) para a pesquisa do bambu como madeira, como é o caso da espécie Dendrocalamus giganteus.

Com a crescente diminuição e restrição ao uso e exploração de nossos recursos florestais naturais (florestas), pensamos que o desenvolvimento de pesquisas e posteriormente produtos que utilizem a matéria prima bambu, possa contribuir não como uma solução definitiva, mas como uma alternativa e/ou material alternativo que num futuro próximo contribua, (como material renovável e de rápido estabelecimento que é) para a diminuir a pressão sobre nossos recursos naturais e meio ambiente.

Projeto Taquara – Bambu

O Projeto de Extensão Taquara, composto por alunos dos cursos de design, arquitetura, artes, relações públicas e engenharia da Unesp, com coordenação do Prof. Dr. Marco Antonio dos Reis Pereira do Departamento de Engenharia Mecânica, vem desde o ano de 2009 adquirindo conhecimento e atuando na capacitação de seus membros dentro da cadeia produtiva do bambu existente no Laboratório de Experimentação com Bambu.

O bambu é um material renovável, de fácil cultivo, introdução e exploração, sendo capaz de produzir colmos anualmente sem a necessidade de replantio, sendo sua cultura considerada sustentável. Com rápido crescimento (cresce até 30 metros em 4 meses) esta matéria prima é considerada um excelente sequestrador de carbono atmosférico e devido as suas excelentes características físicas e mecânicas aliados a sua beleza ao natural ou processado, pode ser utilizado em milhares de aplicações, do broto comestível a uma casa, podendo em muitos casos substituir ou mesmo evitar o corte de árvores nativas ou de florestas.

O grupo Taquara que se renova anualmente, através da entrada de novos alunos, num processo de continuidade do projeto, atua na disseminação da informação e conhecimento na cadeia produtiva, adquirida dentro do Projeto Bambu (em atividade desde o ano 1990), envolvendo espécies prioritárias de bambu, seu cultivo, colheita, manejo e produção de colmos para estudos, tratamento, caracterização física e mecânica, processamento e desenvolvimento de aplicações em artesanato, mobiliário e produtos em bambu laminado colado (BLaC), estruturas e construção , além de desenvolver projetos sociais com a comunidade, como o projeto em desenvolvimento com a Associação de Agricultores Viverde do Assentamento Rural Horto de Aimorés desde 2010 .

O projeto busca combinar informações técnicas adquiridas, com a atividade criativa dos alunos, procurando disseminar a cultura do bambu através de material teórico, prático e crítico a respeito de seu uso como matéria prima para aplicações, atuando ainda pela participação em eventos, congressos, feiras e mostras, além da promoção de cursos e palestras.

A partir de 2012, com o objetivo de atuar positivamente na sociedade irradiando informações e conhecimento adquiridos dentro da universidade pública, o Projeto Taquara, está aberto a uma maior participação da comunidade, principalmente através da realização de palestras, cursos e oficinas teóricas e práticas sobre a utilização do bambu.

O projeto procura atender a comunidade em geral e particularmente a comunidade escolar de Bauru, envolvendo escolas de 1º, 2º e 3º grau, através de agendamento diretamente com o grupo Taquara.

O projeto funciona no Laboratório de Experimentação com Bambu na Unesp.

Contato:
Projeto Bambu / Unesp
Prof. Dr. Marco A. dos Reis Pereira
taquaradesign@gmail.com
(14) 3103-6121 / 3103-6120 ramal 6844
http://wwwp.feb.unesp.br/pereira/