O Pavilhão da Bienal dá adeus à escada rolante mais antiga de São Paulo com troca do equipamento e o restauro do seu entorno depois de quase sessenta anos de uso
Em 1954, a cidade vivia a efervescência das comemorações de seu quarto centenário. O maquinário, que hoje faz parte do cotidiano urbano, causou alvoroço na época de sua instalação.
Considerado um marco moderno na cidade, foi inaugurado no dia 9 de julho daquele ano, em uma solenidade em memória à Revolução Constitucionalista de 1932, no então Palácio das Indústrias – hoje Pavilhão Ciccillo Matarazzo, também conhecido como Pavilhão da Bienal – com a presença das figuras mais ilustres do país.
O jornal Folha da Manhã descreveu a novidade em riqueza de detalhes: “Tem capacidade para transportar cinco mil pessoas por hora e trabalha numa velocidade de 27 metros por minuto. A escada obedece às linhas arquitetônicas do conjunto, com marcha reversível, isto é, pode funcionar tanto para subir como para descer.”
Modernização
Durante mais de sessenta anos, os degraus rolantes da escada transportaram chefes de Estado, empresários, público e artistas do mundo inteiro. Este ano, a Fundação Bienal de São Paulo realiza sua substituição, um projeto complexo que vem sendo planejado há dois anos pela equipe da instituição junto a especialistas e órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio.
Entre a retirada do equipamento e a montagem da nova escada, também será realizado o restauro do muro de concreto ao redor – parte da obra arquitetônica de Oscar Niemeyer.
Os processos de retirada, restauro e colocação do novo maquinário acontecem entre os dias 10 de outubro e 10 de novembro de 2022, e a Fundação Bienal de São Paulo está à disposição para a realização de filmagens, imagens e entrevistas, assim como para falar de outras iniciativas ligadas à gestão, administração e conservação do Pavilhão.
Pavilhão Ciccillo Matarazzo
Concebido no início da década de 1950 para ser um espaço de exibição de maquinário industrial e batizado inicialmente como Palácio das Indústrias, o Pavilhão foi projetado como parte do conjunto arquitetônico do Parque Ibirapuera por Oscar Niemeyer.
Foi inaugurado junto com o Parque, em 21 de agosto de 1954, com uma exposição de indústrias paulistas, integrando as celebrações do IV Centenário da cidade. Em 1957, recebeu a 4ª Bienal de São Paulo, que tem acontecido no espaço desde então.
Assim como os outros edifícios presentes no Parque, o Pavilhão pertence à Prefeitura de São Paulo, que concede seu uso e salvaguarda à Fundação Bienal de São Paulo.
Com extensão de 250 metros de comprimento por cinquenta metros de largura, o Pavilhão é articulado ao conjunto arquitetônico do Parque Ibirapuera pela grande marquise. No interior do edifício, o projeto de Niemeyer emprega com maestria o conceito de planta livre, pelo qual a sustentação vertical da construção é formada por vigas e pilares e não por paredes, que podem ser levantadas e demolidas sem afetar a estrutura do edifício.
Outro elemento marcante do projeto são os recortes ondulantes das lajes de piso no segundo e terceiro pavimentos, formando um “vazio” ao qual se liga a rampa de acesso em espiral. As mesmas formas sinuosas são encontradas no mezanino que abriga o bar/restaurante.
Além da rampa em espiral, a circulação pelo espaço se dá também por escadas rolantes, uma novidade na cidade no período de construção. A monumentalidade de sua escala, unida à invenção formal característica da obra de Niemeyer, tornam o Pavilhão um marco na história da arquitetura moderna brasileira, patrimônio tombado nas esferas municipal, estadual e federal.
Contato:
Fundação Bienal de São Paulo
(11) 5576-7600
http://bienal.org.br/