Designer de interiores Luciana Gibaile defende as subjetividades para melhorar a composição dos espaços de trabalho

Um espaço qualificado para o trabalho

Espaço compartilhado e muitas subjetividades na mesma metragem. No mundo corporativo não existe regra geral, nem formato único capaz de dar conta da diversidade de uma equipe, que partilha o mesmo local para produzir.

A designer de interiores Luciana Gibaile, também estudiosa da Neuroarquitetura, alerta para as tendências no segmento e sugere cautela e pesquisa in loco.

Se o objetivo é integrar mais os profissionais na mesma meta e potencializar as capacidades de criação e produtividade, há questões que devem ser analisadas antes de qualquer decisão precipitada.

Como é o caso do coworking, uma ótima alternativa pela questão do custo e networking. Muitas empresas adotaram o sistema sem avaliar as consequências que podem trazer ao profissional. Desde o sentimento de impessoalidade e fragilidade até dificuldade de concentração.

“Espaços compartilhados tendem a ser mais generalistas e não consideram muito características específicas de certos setores e de seus funcionários. Por exemplo, pessoas com deficiência auditiva têm dificuldade de concentração em locais de ruído; pessoas que lidam com documentações internacionais precisam ter maior concentração e silêncio para avaliar e comparar legislações; pessoas tímidas preferem estar em locais mais reservados e discretos; setores de pesquisas requerem mesas maiores para estudo. Enfim, para a empresa escolher por este sistema é preciso avaliar as características de cada setor e tentar agrupar os que são mais afins”, defende Luciana.

Conversa e singularidades – O melhor espaço coletivo é aquele que atende as particularidades dos profissionais e como eles desempenham suas funções. Para chegar neste ponto é imprescindível a realização de pesquisa e levantamento detalhado para desenhar um local de trabalho saudável e seguro.

É como um check up completo do negócio para compreender todas as partes mínimas envolvidas. Como qual a forma e dimensão do mobiliário ideal, rotinas, horário de pique no expediente, áreas de descompressão para momentos de relaxamento, o grau ruído/ som, incidência de luz, a paleta cromática e os cheiros. Absolutamente tudo interfere na percepção e qualidade de tempo no lugar.

Com experiência na área e atualmente à frente de um projeto corporativo de uma multinacional com sede em Curitiba, a designer de interiores Luciana Gibaile aponta que o maior dilema ainda no mercado é a desmistificação dos espaços compartilhados.

Há muita confusão acerca do layout que serve para cada tipo de negócio, sem contar as referências de projetos executados que não se encaixam para aquela necessidade específica do cliente.

“Ainda ronda a ideia de que sala compartilhada precisa ser um grande salão cheio de mesas e que a distribuição interna dos ambientes precisa ser toda retilínea e padrão. Além do aproveitamento máximo da área de ocupação, sem considerar a questão do ruído, da renovação necessária de ar, da intensidade de luz natural e da circulação necessária, principalmente quando se fala em rota de fuga.”

“Para alguns empreendedores, muitas vezes, ser uma empresa atual e moderna é ter um grande salão com móveis atuais e pronto. E eles vêm cheios de fotos de empresas que visitaram ou viram em revistas e querem fazer igual, sem avaliar as características da sua empresa e de seus funcionários, a mensagem que querem transmitir a quem frequentar a empresa (o famoso B2B ou B2C).”

“Nestes casos, quando a empresa me diz que ela é B2B eu sempre pergunto: e o seu funcionário, por acaso ele não é B2C? Será que um funcionário que tenha suas necessidades bem atendidas, que se sentir respeitado não se comprometerá mais e produzirá mais?”, questiona a profissional.

Tudo que interfere no humano, interfere no negócio – Há ainda uma grande resistência de muitos gestores para priorizar as pessoas neste processo. Segundo uma pesquisa publicada pela The Health Foundation, nos EUA os ganhos com produtividade em função de espaços bem planejados são estimados entre 25 a 150 bilhões de dólares por ano. Por isso, apostar no bem-estar dos trabalhadores e ambientes saudáveis é um caminho certeiro.

A aplicação da Neurociência nos projetos corporativos também repercute em qualidade para o negócio. De acordo com Gibaile, estudos mostram que as formas arredondadas no mobiliário, ao invés das retilíneas, causam sensação de proximidade e aconchego.

Cores mais quentes aquecem os lugares e promovem maior sentimento de acolhimento. Assim como a fonte luminosa indireta e na potência correta aumenta a produtividade.

“Temos diversos exemplos como as mesas de trabalho muito próximas uma da outra podem gerar stress pela falta de privacidade e dificuldade na circulação. Porém, mesas muito longe podem passar a sensação de frieza, de isolamento. Ter pontos de fuga para a visão com vegetação, principalmente para quem fica muito tempo em frente ao computador, relaxam e trazem sensação de bem-estar”, explica a designer.

A ventilação natural é fator importantíssimo para a saúde dos profissionais. Ambientes internos com baixa ventilação e remoção de partículas são mais contaminantes do que áreas externas de cidades grandes. Inclusive aumentando o risco de proliferação de doenças respiratórias.

Contato:
Luciana Gibaile Interiores
(41) 996-970-598
https://lucianagibaile.com.br/

 

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