Palíndromos Filosóficos – entre mito e história, da Editora Unifesp, discute a cultura da violência e não violência nas reflexões da filósofa Olgária Matos
De Proust a Derrida, de Guy Debord a Clastres. Os diferentes ensaios reunidos em Palíndromos Filosóficos – entre mito e história, da professora e filósofa Olgária Matos, publicado pela Editora Unifesp, têm por eixo as reflexões de Benjamin, filósofo judeu alemão inspirador da Escola de Frankfurt. O objetivo: entender a sociedade de hoje e discutir a cultura da violência e não-violência.
Ao revisitar filósofos e autores que tentaram entender a modernidade, Olgária Matos analisa porque as tradições bélicas e a solução violenta de conflitos sempre foram valorizadas como a virtude dos corajosos em contraponto à não-violência, vista como prerrogativa das “belas almas”. Suas reflexões permitem ao leitor dar algum sentido às experiências e situações aparentemente contraditórias e ambíguas do atual momento do mundo moderno.
Para ilustrar esta questão, Olgária cita a querela entre os filósofos Jean-Paul Sartre e Albert Camus. “Enquanto Sartre escreve As Mão Sujas, exaltando o campo da violência revolucionária – uma racionalização filosófica da violência – Camus produz Os Justos, criticando simultaneamente o nazismo, o bolchevismo, o colonialismo francês e o terrorismo. Espero que minhas reflexões possam contribuir para reaver a importância da diplomacia como a arte política por excelência, esquecida na modernidade”, pontua a autora.
Sobre os desafios do mundo moderno e as tensões nas relações, de forma geral, Olgária destitui a tecnologia do posto de vilã e responsabiliza a crise generalizada de valores. “Penso que o mundo moderno não se orienta mais pela noção de ‘limite’, por valores do que é proibido e do que é consentido, tendo assim rompido com a própria ideia de transgressão, de modo que a questão não é a tecnologia propriamente — com seus extraordinários desenvolvimentos -, mas a escassez de recursos morais para lidar com ela. Desta forma, a ciência e a técnica evoluem sem rumo nem direção, sem saber se caminham para o aprimoramento ou o fim da vida e do planeta”, destaca Olgária.
Na visão da professora, a “sociedade do controle” se tornou incontrolável. “As fake news, por exemplo, não se inscrevem no âmbito do verdadeiro e do falso, mas na indiferença ao verdadeiro e ao falso. Cada um já tem suas ‘convicções’, não se beneficiando mais da dúvida que, ensina a Filosofia, não é tarefa de um dia ou poucas semanas, mas de uma vida inteira”, analisa a professora.
Olgária Chain Feres Matos é formada em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1970), tem mestrado em Filosofia pela Université Paris 1 (Panthéon-Sorbonne) (1974) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1985), além de pós-doutorado pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (França). Atualmente é professora titular aposentada da USP e professora titular no departamento de Filosofia da Unifesp.
Sua tese de doutorado Os arcanos do inteiramente outro: A Escola de Frankfurt, Melancolia, A Revolução (orientada pela historiada Marilena Chauí) ganhou o Prêmio Jabuti de Ciências Humanas, em 1990. É autora, ainda, de As barricadas do desejo, livro sobre o maio de 1968 francês, e Contemporaneidades, onde discute algumas das questões mais importantes do nosso tempo, sob o viés da filosofia, cultura, política e história.
Descrição:
Esta obra reúne reflexões recentes de Olgária Matos, apresentadas inicialmente em congressos e seminários entre 2011 e 2017, com vistas a um entendimento da sociedade dos dias de hoje, explorando principalmente as áreas de filosofia política e história da filosofia moderna e contemporânea. Suas análises têm como referência maior a teoria crítica frankfurtiana, como um fundamento de desconstrução da razão técnica e do tempo acelerado e destrutivo da modernidade.
Considerando o percurso histórico da filosofia e revisitando filósofos e autores que pensaram e tentaram entender a modernidade, como Derrida, Benjamin, Camus e Baudelaire, a autora estabelece com eles um diálogo profundo e profícuo, e procura dotar o leitor de instrumentos que lhe permitam dar algum sentido a experiências e situações aparentemente contraditórias e ambíguas do momento presente. Trata-se da busca de respostas, no plano das ideias, às perplexidades que a atual crise do processo civilizatório moderno desencadeia por toda parte.
Ficha:
Palíndromos Filosóficos – Entre Mito e História
Autor: Olgária Matos
Formato: 16 x 23
Número de páginas: 360
ISBN: 9788555710407
Preço: 64,90
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