Artista exibe um recorte de cinco séries produzidas na última década de sua trajetória na fotografia contemporânea e mais uma série inédita realizada durante o período de reclusão social

Surface de Gabriel Wickbold no MAB

As séries autorais de Gabriel Wickbold são construídas por meio de narrativas inspiradas no ser humano inserido em questões cotidianas.

Sustentabilidade, envelhecimento, tecnologia, conectividade, luz e corpo são algumas das temáticas exploradas pelo fotógrafo, que apresenta a exposição individual SURFACE, no Museu de Arte Brasileira da FAAP (MAB FAAP), a partir de 21 de outubro.

Durante o período de isolamento social, o artista se reinventou e mergulhou na criação de algo que representasse esse momento de desconexão tátil e traduzisse o desejo da aproximação física, surgindo SóMóS. A série inédita traz obras que exploram uma linguagem híbrida entre a fotografia de estúdio, a manipulação digital e a pintura diretamente sobre a imagem, refletindo sobre o contato, o tato, o isolamento, a incerteza e o escurecimento de vidas.

“Antes da quarentena eu estava com uma exposição que remetia aos 14 anos do meu trabalho. Foi uma ginástica gigante, que levou meses para dar forma a essa exposição. A mostra durou apenas uma semana e precisou ser interrompida. Nesse tempo tive a oportunidade de criar algo novo, tentar contar uma história por meio do momento que estamos vivendo e sentir sobre a necessidade desse reencontro do ser (indivíduo) e do “somos” (lugar onde estamos juntos)”, afirma Gabriel.

A curadoria da exposição é de Marcello Dantas. “SóMóS evoca em mim o conceito de ‘bardo’, que para o budismo tibetano significa um estado de existência intermediária entre a morte e o renascimento. A série busca representar o local transitório entre a perda de uma conexão física e o desejo de contato, trazendo com ela a melancolia do distanciamento e a energia da fricção”, acrescenta Dantas.

Além de SóMóS, o artista reúne mais de 100 obras que integram cinco séries autorais desenvolvidas durante 14 anos de trabalho. São elas: I am Light, Naïve, Sexual Colors, I am on-line e Sans Tache.

Dividida em seis salas no MAB FAAP, a mostra dedica um espaço para cada série, em um percurso que permite conectar a trajetória do artista por meio de seus trabalhos mais icônicos. SóMóS (2020), reflete a ansiedade, a ocultação da identidade e a distância física no retrato; I am Light (2018), converge pinturas humanas com a aplicação de glitter e tem como resultado telas com cores potentes, que criam efeitos de aura nos personagens.

Sans Tache (2014) critica a relação do homem com o envelhecimento e provoca uma reflexão sobre as marcas de expressão e o uso abusivo de recursos de computação para manipular uma estética inatingível. Em I am online (2016), o fotógrafo discute o sufocamento causado pelo excesso de conectividade com a internet e as máscaras que criamos para as redes sociais.

“Tem sido um prazer enorme viajar pelo mundo com a minha arte e entender que, independente do lugar, os temas das minhas séries são extremamente humanos e conseguem dialogar com qualquer cultura”, finaliza Gabriel. Para o artista, a exposição individual no MAB FAAP é uma oportunidade para o público conhecer a pesquisa e estética de seu trabalho, que já passou por importantes exposições no Brasil e no mundo.

Serviço:
Surface
Museu de Arte Brasileira da FAAP
R. Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
Até 31 de janeiro de 2021
Horários: De quarta a segunda, das 11h às 17h
Entrada Gratuita
(11) 3662-7198 / (16) 3913-6300
http://www.faap.br/museu/

Contato:
Gabriel Wickbold
(11) 3051-4919
https://gabrielwickbold.com.br/

____________________