Escritório paulistano, Estúdio Flume, desenvolve sistema de arquitetura modular sustentável que integra técnicas construtivas ribeirinhas e materiais certificados em pavilhão educativo no coração da Amazônia

 

Pavilhão de Arquitetura Modular Sustentável do Estúdio Flume

Pavilhão educativo de 70 m² emprega sistema construtivo modular em madeira certificada e palha de ubuçu, incorporando técnicas ribeirinhas amazônicas em projeto temporário do Estúdio Flume para exposição do Instituto Tomie Ohtake no Museu Goeldi, Belém.


O Estúdio Flume, escritório paulistano fundado em 2015 por Noelia Monteiro e Christian Teshirogi, desenvolveu o projeto do Espaço Educativo da exposição “Um rio não existe sozinho”, em cartaz até 30 de dezembro de 2025 no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.

A mostra integra uma parceria entre o Instituto Tomie Ohtake e a instituição amazônica, com curadoria de Sabrina Fontenele e Vânia Leal, estabelecendo conexões com os debates da COP 30, prevista para novembro de 2025 na capital paraense.

Arquitetura Modular Sustentável do Estúdio Flume / Fotografia Ana Dias

Sistema construtivo modular articula flexibilidade e identidade regional

Sob coordenação de Noelia Monteiro, o projeto estrutura-se a partir de módulos independentes e adaptáveis, permitindo diferentes configurações espaciais. A solução privilegia áreas cobertas e descobertas que favorecem tanto as atividades educativas quanto o encontro entre visitantes e educadores. Com aproximadamente 70 m² de área coberta, o pavilhão organiza-se em módulos quadrados e curvos passíveis de expansão ou reorganização, respondendo às demandas programáticas da exposição.

Materialidade local e técnicas construtivas amazônicas definem linguagem arquitetônica

A estrutura emprega madeira certificada e palha de ubuçu, estabelecendo diálogo direto com a paisagem do Parque Zoobotânico. O sistema estrutural em madeira laminada colada — executado no próprio canteiro — incorpora pilares, vigas e terças dimensionados para montagem simplificada e reduzido impacto ambiental. A cobertura, leve e permeável, assegura ventilação natural e integração visual com o entorno.

Experimentação estrutural incorpora saberes tradicionais da construção naval ribeirinha

A curvatura dos elementos estruturais resulta de experimentação com técnicas construtivas ribeirinhas, conforme explica Noelia Monteiro: “O projeto nasce como um exercício de escuta e experimentação: uma oportunidade de aprofundar modos de construir uma instalação temporária que nos permite ensaiar o que posteriormente poderia ser construído em locais onde o acesso é difícil e cada gesto precisa fazer sentido. Aqui, exploramos a possibilidade de curvar a madeira, gesto aprendido com as canoas dos ribeirinhos de Belém e do Marajó, onde técnica e território se fundem.”

Trajetória do escritório consolida prática arquitetônica de base social

O Estúdio Flume mantém desde sua fundação compromisso com projetos que articulam dimensões estéticas, sociais, ambientais e culturais. Entre as realizações do escritório destaca-se o Centro de Referência das Quebradeiras de Babaçu, no Maranhão, e a Casa do Mel, no Pará. O reconhecimento obtido no 9º Prêmio Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel e no prêmio internacional Call for Solutions, na Itália, atesta a consistência dessa abordagem projetual.

Exposição propõe ocupação sensível do Parque Zoobotânico

A mostra coletiva reúne nove artistas de diferentes regiões brasileiras e o Estúdio Flume em intervenções específicas, concebidas em resposta direta ao ecossistema do Parque. Iniciado em 2024 com os seminários Diálogos São Paulo e Diálogos Belém, o projeto envolveu artistas, mestres tradicionais, arquitetos, cientistas e ativistas na construção de uma rede de reflexões sobre sustentabilidade e crise climática. Diferentemente de espaços expositivos convencionais, as obras adaptam-se às condições ambientais do museu centenário, respeitando fauna, vegetação e dinâmicas locais em proposição de convivência sensível com o território amazônico.

 

Newsletter

 

#Arquitetura efêmera como laboratório de práticas construtivas sustentáveis

O pavilhão projetado pelo Estúdio Flume demonstra como instalações temporárias podem funcionar como campo de experimentação para soluções arquitetônicas replicáveis em contextos de difícil acesso. A modularidade estrutural não se configura somente como resposta pragmática às demandas de montagem e desmontagem, mas estabelece matriz projetual que antecipa cenários de implantação em comunidades ribeirinhas e áreas remotas da Amazônia. O sistema construtivo adota lógica de pré-fabricação simplificada, viabilizando apropriação tecnológica por construtores locais.

#Síntese entre conhecimento vernacular e processos contemporâneos de projeto

A incorporação de técnicas tradicionais de curvatura da madeira, observadas na construção naval ribeirinha, transcende o gesto de valorização cultural para constituir estratégia estrutural efetiva. A execução do laminado colado in loco reduz a pegada de carbono associada ao transporte de componentes industrializados, além de potencializar cadeias produtivas regionais.

A cobertura em palha de ubuçu, combinada ao desenho permeável do pavilhão, responde climaticamente ao contexto equatorial, favorecendo ventilação cruzada e conforto térmico sem recurso a sistemas ativos de climatização.

#Espacialidade transitória que redefine fronteiras entre arquitetura e paisagem

As áreas de transição entre módulos cobertos e descobertos configuram gradiente espacial que dissolve limites rígidos entre interior e exterior. Essa porosidade programática potencializa múltiplas apropriações do espaço educativo, transformando o pavilhão em infraestrutura de encontro e mediação cultural integrada à dinâmica do Parque Zoobotânico.

Serviço:
Exposição coletiva Um rio não existe sozinho
Curadoria: Sabrina Fontenele e Vânia Leal
Em cartaz até 30 de dezembro de 2025
De quarta a domingo, das 09h às 17h
Ingresso: R$ 3,00 (Bilheteria aberta até às 16h)
Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi
Centro de Exposições Eduardo Galvão
Av. Gov Magalhães Barata, 376 – São Braz, Belém–PA
Fone: (91) 3211-1700
https://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/um-rio-nao-existe-sozinho/

 

Contato:
Estúdio Flume
https://arqbrasil.com.br/52182/estudio-flume/

 


Referências — arquitetura modular sustentável, Estúdio Flume, Espaço Educativo, Museu Goeldi Belém, Instituto Tomie Ohtake, pavilhão modular, madeira certificada, palha de ubuçu, técnicas construtivas amazônicas, COP 30 Belém, arquitetura sustentável, sistema construtivo modular, exposição Um rio não existe sozinho, @estudioflume, #ChristianTeshirogi, #NoeliaMonteiro, @museuemiliogoeldi, @institutotomieotake, #ITOH, @sab_fontenele, @vanialleal, Fotografia Ana Dias.

#ArquiteturaModular, #ArquiteturaSustentavel, #EstudioFlume, #MuseuGoeldi, #InstitutoTomieOhtake, #COP30Belem, #ArquiteturaBrasileira, #DesignSustentavel, #ArquiteturaAmazonica, #ConstrucaoSustentavel, #ArquiteturaContemporanea, #PavilhaoModular.

 

[Pesquisar nesta página]

 

 

capa

 

Apartementos

 

*Gostou da informação? Compartilhe!