Figueroa Arquitetos resgata patrimônio modernista assinado por David Libeskind, preservando marcenarias de Tenreiro e mobiliário de Sérgio Rodrigues em revitalização exemplar no Jardim Paulistano

 

Revitalização de Casa Modernista de David Libeskind pelo Figueroa

Escritório Figueroa Arquitetos Associados conduz intervenção respeitosa em residência projetada por David Libeskind entre 1966–1967, preservando marcenarias de Joaquim Tenreiro, mobiliário de Sérgio Rodrigues e palmeiras-imperiais. O projeto reorganiza fluxos, integra áreas sociais e valoriza iluminação natural, demonstrando que preservação patrimonial e contemporaneidade podem coexistir.


Patrimônio Moderno Revitalizado no Jardim Paulistano

Em meio ao impulso constante de substituição que caracteriza o tecido urbano paulistano, a Casa MB representa uma inversão de lógica: a escolha pela preservação fundamentada.

Projetada por David Libeskind entre 1966 e 1967, a residência atravessou mais de cinco décadas mantendo sua integridade formal, porém enfrentando degradação progressiva de seus sistemas construtivos.

A intervenção conduzida pelo escritório Figueroa Arquitetos Associados propõe uma abordagem que transcende a restauração convencional, estabelecendo um diálogo contemporâneo com a matriz moderna original.

Revitalização de casa modernista / Fotografia Manuel Sá

Contexto Histórico e Estratégia de Intervenção

A edificação, adquirida em 2019 por proprietários sensíveis ao seu valor patrimonial, apresentava deterioração acelerada, especialmente em seus elementos de vedação e sistemas hidráulicos.

A equipe liderada pelo arquiteto Mário Figueroa — profissional chileno radicado no Brasil desde a década de 1970, com atuação reconhecida em patrimônio e projetos urbanos de grande escala — identificou elementos de excepcional relevância: marcenarias executadas por Joaquim Tenreiro, mobiliário concebido por Sérgio Rodrigues e um conjunto paisagístico de palmeiras imperiais que estrutura a relação entre construído e natureza.

“O projeto parte do reconhecimento da história sedimentada na obra. Não se trata de sobreposição, mas de estabelecer um diálogo que amplie as possibilidades espaciais sem comprometer a integridade conceitual”, explica Figueroa, sintetizando o partido adotado.

Revitalização de casa modernista / Fotografia Manuel Sá

Reorganização Espacial e Fluxos

As principais intervenções concentraram-se na reformulação das áreas sociais, núcleos hidráulicos, no ateliê suspenso e na laje de cobertura — originalmente sem programa definido.

A estratégia projetual dissolveu compartimentações que fragmentavam a experiência espacial, promovendo integração entre sala de estar, sala de jantar e jardim por meio de uma sequência contínua de ambientes. A reorganização dos fluxos privilegia a transparência e a permeabilidade visual, características fundamentais da arquitetura moderna paulista.

O pátio interno assume centralidade tanto funcional quanto simbólica no projeto. Concebido como elemento articulador, este espaço de contemplação estabelece pausas no ritmo doméstico, reforçando a importância da introspecção na organização espacial.

Revitalização de casa modernista / Fotografia Manuel Sá

Materialidade e Iluminação Natural

A paleta material adotada evidencia a intenção de continuidade: madeiras de tonalidade clara, revestimentos de origem natural e texturas discretas resgatam a essência construtiva original enquanto conferem atualidade à intervenção. As novas aberturas foram estrategicamente posicionadas para reconfigurar a incidência de luz natural, elemento tratado como componente projetual que revela volumes, define percursos e qualifica encontros.

Preservação como Posicionamento

A revitalização da Casa MB transcende a dimensão técnica, configurando-se como posicionamento crítico diante da lógica imediatista que rege a transformação urbana. Preservar uma obra autoral, carregada de memória afetiva e rigor conceitual, constitui escolha consciente em favor da identidade arquitetônica.

Revitalização de casa modernista / Fotografia Manuel Sá

“Reinterpretar uma construção concebida com precisão por nomes de relevância histórica representa atitude mais significativa do que sua substituição por construções genéricas”, conclui o arquiteto, sintetizando o valor da operação que devolve ao Jardim Paulistano um exemplar relevante da produção moderna brasileira.

 

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#Estratégias de Continuidade Projetual

A intervenção demonstra maturidade ao reconhecer na pré-existência não um obstáculo, mas um sistema de referências espaciais e construtivas, capaz de orientar decisões contemporâneas. A opção por dissolver compartimentações excessivas, preservando simultaneamente a estrutura formal original, evidencia compreensão refinada dos princípios que fundamentaram a arquitetura moderna paulista: a planta livre como possibilidade de flexibilização programática e a integração interior-exterior como condição essencial da experiência espacial.

A reorganização dos fluxos não se configura como ruptura, mas como aprofundamento das premissas estabelecidas por Libeskind na concepção original.

#Pátio como Dispositivo Espacial

A valorização do pátio interno como elemento articulador revela entendimento sofisticado dos mecanismos de introspecção característicos da residência moderna brasileira. Longe de constituir mero vazio residual, este espaço opera como câmara de descompressão entre os diversos setores funcionais, estabelecendo ritmo à circulação e qualificando a experiência sensorial por meio da luz zenital e da presença vegetal.

Sua permanência reforça a genealogia tipológica que conecta a produção paulistana às tradições mediterrâneas e hispano-americanas de organização espacial em torno de pátios.

#Luz Natural como Matéria Projetual

O reposicionamento das aberturas evidencia tratamento da iluminação natural não como consequência, mas como elemento estruturante da composição arquitetônica. A calibragem da incidência luminosa ao longo do dia redefine a percepção volumétrica dos ambientes, revelando texturas, modulando temperaturas cromáticas e estabelecendo gradientes de intimidade.

Essa operação reconhece a luz como material de projeto, capaz de transformar a espacialidade sem alterações substanciais na configuração física dos planos horizontais e verticais.

#Materialidade como Narrativa Temporal

A seleção material traduz postura consciente quanto à construção de continuidade histórica. Madeiras claras, revestimentos naturais e texturas discretas não reproduzem literalmente a paleta original, mas estabelecem afinidade cromática e tátil que permite coexistência harmônica entre estratos temporais distintos.

Essa abordagem evita tanto o mimetismo nostálgico quanto a diferenciação excessiva, propondo terceira via: a atualização que respeita a gramática construtiva preexistente enquanto incorpora exigências contemporâneas de desempenho térmico, acústico e durabilidade.

#Preservação como Projeto de Conhecimento

A recuperação de marcenarias de Tenreiro e mobiliário de Sérgio Rodrigues transcende o restauro de objetos isolados, configurando preservação de sistemas de relações entre arquitetura, design e modo de habitar. Esses elementos documentam a integração entre disciplinas projetuais característica do período, onde móvel e espaço eram concebidos em reciprocidade.

Ficha
Ccasa MB
Localização: Jardim Paulista, São Paulo–SP
Área do terreno: 265,68 m²
Ano do projeto: 2017
Ano construção: 2021
Arquitetura Original: David Libeskind/ #DavidLibeskind
Revitalização: Mario Figueroa, Letícia Tamisari/ @figueroa.arq
Equipe: Everton Penariol, Matheus Borges, Luiz Sakata, Augusto Longarine
Ambiência: Ana Marta Ditolvo / @anaditolvo / @ambiencia_
Construção: Hauz Engenharia/ @hauzengenharia
Fotografia Manuel Sá/ @omanuelsa

Contato:
Figueroa Arquitetos Associados
https://arqbrasil.com.br/52059/figueroa/

 

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