A terra crua emerge na Bienal de Arquitetura como o material de excelência na vanguarda do design e da técnica, provando que a ancestralidade é a solução construtiva mais eficaz para o enfrentamento da crise climática global

 

Tectônica da Terra Crua para Inovação e Resiliência Climática

Casa AA de Argus Caruso, em Ubatuba–SP

A exposição “Terra” na 14ª Bienal de Arquitetura de São Paulo propõe um debate técnico e conceitual sobre a terra crua como material-chave para a arquitetura do futuro, focada na crise climática. A curadoria demonstra o percurso do material bruto à arquitetura final, destacando sua acessibilidade e baixo impacto ambiental.


Ancestralidade do material na resposta climática

A 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo apresenta, no Pavilhão da Oca no Parque Ibirapuera, a exposição “Terra”, um debate arquitetônico focado na urgente necessidade de soluções construtivas para a crise climática. A mostra propõe a terra crua, um recurso de domínio ancestral, como uma alternativa viável e de baixo impacto para o futuro da construção civil.

Colaboração e Curadoria Técnica Especializada

Com apoio do Instituto Francês, a curadoria da exposição é resultado da união de especializações complementares. O grupo francês CRAterre contribui com sua vasta experiência em acompanhamento técnico e iniciativas habitacionais com o material. A pesquisa acadêmica brasileira é representada pelo NAP PLAC – Núcleo de Apoio à Pesquisa: Produção e Linguagem do Ambiente Construído, da FAU USP.

Complementam o corpo curatorial os estúdios Argus Caruso Arquitetura e Laboraterra Arquitetura, este último sob a direção dos arquitetos Alain Briatte e Luciano Bottino, conhecidos pela ressignificação do uso da terra na arquitetura contemporânea.

Casa AA / Fotografia Gustavo Uemura

Casa AA de Argus Caruso, em Ubatuba–SP

O Percurso Expositivo e a Produção do Espaço

Segundo Argus Caruso, um dos curadores, a exposição materializa a confluência de saberes e experimentações dedicadas à narrativa da produção coletiva do espaço arquitetônico.

O percurso proposto ao visitante é didático, iniciando-se nos materiais primários, evoluindo para os ensaios científicos e ferramentas de trabalho, até chegar ao processo construtivo – que une a prática ao aprendizado – e, por fim, à arquitetura como síntese das etapas. O objetivo central é a contribuição para o futuro da construção a partir de uma perspectiva agroecológica.

A Terra Crua como Solução de Resiliência

Alinhada ao eixo temático “Extremos: Arquitetura para um Mundo Quente” da Bienal, a mostra sublinha a relevância da terra como material acessível, de baixo impacto ambiental e significativo valor cultural. O material é reposicionado como uma solução contemporânea para a criação de modos de habitar mais justos e resilientes.

Para Argus Caruso, é imperativo que a arquitetura vá além da estética, conectando-se com o saber ancestral para responder aos impactos ambientais da construção, buscando soluções que harmonizem design, técnica e responsabilidade ambiental.

Inovações em Acabamento e Cobertura Sustentável

O uso da terra se estende além da estrutura. As tintas de terra, formuladas a partir de pigmentos minerais extraídos do solo, representam uma solução sustentável no acabamento. Elas dispensam processos industriais complexos e produtos químicos, elevando a qualidade do ar interno e o bem-estar dos usuários, além de oferecerem durabilidade e uma paleta cromática natural com baixo custo de produção.

Outra solução destacada são os tetos verdes, ou coberturas vegetadas. Ao substituir superfícies impermeáveis por vegetação, minimizam o efeito de ilhas de calor urbanas, promovem o isolamento térmico e acústico das edificações, reduzindo o consumo energético com climatização. Adicionalmente, auxiliam na gestão de águas pluviais e no ganho de biodiversidade em meio ao espaço construído.

 

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#A Reversão do Paradigma na Materialidade Construtiva

A premissa da exposição, de confrontar a crise climática a partir da materialidade construtiva, demonstra uma visão crítica e contemporânea sobre o ciclo de vida dos materiais. A ênfase na terra crua não é uma regressão tecnológica, mas uma proposição inovadora que integra a tectônica ancestral à técnica moderna.

O projeto de curadoria, ao unir instituições de pesquisa (FAU USP) e grupos de competência prática (CRAterre, Argus Caruso e Laboraterra), consolida uma abordagem que é simultaneamente acadêmica e executiva, fundamental para a disseminação tecnológica e a superação de preconceitos sobre o material.

#A Estrutura Pedagógica e a Narrativa do Processo

A trajetória didática proposta ao visitante, que vai do material bruto ao projeto final, é um ponto de excelência do conceito curatorial. Essa sequência linear desmistifica o processo construtivo com terra, conferindo-lhe rigor científico e prático. Ao incorporar os ensaios científicos e as ferramentas de trabalho no percurso, a exposição eleva a compreensão do público sobre a necessidade de controle de qualidade e a complexidade técnica inerente à arquitetura de terra.

O foco na produção coletiva do espaço arquitetônico reforça a dimensão social e apropriação do saber-fazer.

#A Extensão da Sustentabilidade para o Acabamento e Cobertura

O destaque para as tintas de terra e os tetos verdes evidencia uma abordagem de sustentabilidade holística, que transcende a estrutura portante e alcança o envelope da edificação e seus elementos de vedação. O uso das tintas, com seu apelo à paleta natural de cores e à qualidade do ar interno, alinha-se aos princípios do design biofílico e da saúde construtiva.

Os tetos verdes, por sua vez, representam uma estratégia de infraestrutura verde essencial para a mitigação do efeito de ilhas de calor e a gestão hídrica urbana, transformando a cobertura de um elemento passivo em um sistema ativo e multifuncional de desempenho ambiental.

Serviço
Exposição: Terra — construindo um futuro sustentável
Evento: 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo
Local: Pavilhão da Oca, Parque Ibirapuera, São Paulo–SP
Período: até 19 de outubro de 2025
Atividades especiais: oficina (11 de outubro), roda de conversa (12 de outubro)
Horário de visitação: de terça a domingo, das 10h às 20h
Mais informações: https://bienaldearquitetura.org.br/programacao/terra/
Entrada gratuita.

Contato:
Argus Caruso Arquitetura
https://arqbrasil.com.br/51226/argus-caruso/

 

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