A pintura branca e preta de Hélio Cabral ganha leitura crítica de Leon Kossovitch em livro da Edusp, articulando gesto, contraste e pensamento pictórico

Hélio Cabral_Díptico II_2018 (Detalhe)
O livro A Pintura Branca e Preta, de Hélio Cabral, reúne 24 obras analisadas por Leon Kossovitch. A publicação da Edusp acompanha exposição na Dan Galeria e explora a tensão entre gesto, contraste e pensamento pictórico, em uma produção onde o preto e o branco não são opostos, mas forças simultâneas na construção artística.
O lançamento do livro A Pintura Branca e Preta, de Hélio Cabral, reúne 24 obras do artista — pintor, desenhista, gravurista e escultor — e ganha densidade ao ser acompanhado pelas análises de Leon Kossovitch, professor emérito da Universidade de São Paulo e crítico de arte.
A publicação da Edusp chega ao público em paralelo à abertura de uma exposição na Dan Galeria, criando uma sobreposição entre reflexão teórica e experiência sensível da obra.
As composições em preto e branco de Cabral são tratadas por Kossovitch como campo de experimentação conceitual, em que pares como fantasia e fantasma, visualidade e visionariedade, se articulam. O crítico mobiliza textos gregos e latinos traduzidos, somados com referências da psicanálise, para decifrar a lógica interna das pinturas.
Tensão entre gesto e matéria
Nas telas, o preto e o branco não se apresentam como opostos excludentes, mas como forças simultâneas. A luz não se limita à condição de claridade externa, mas surge como processo imanente à construção pictórica, resultado do choque entre superfícies secas, sem mediação de gradações conciliadoras. O uso do gesso acrílico sobre têmpera reforça essa fricção, criando uma materialidade que preserva a pureza cromática e sustenta o contraste sem dissolução.
As linhas giram, se cruzam e interrompem o curso previsto, produzindo composições que recusam estabilidade formal. Essa dinâmica aproxima a pintura de práticas corporais, como o Tai Chi Chuan, em que precisão e serenidade coexistem sem hierarquia.
A trajetória desviante
Kossovitch observa que o processo de Cabral se configura como uma “trajetória desviante”, ou seja, um fazer que não obedece a preceitos prévios. O artista assume o risco de uma construção revelada no próprio ato, recusando a homogeneidade. Nesse movimento, a pintura deixa de ser somente imagem para tornar-se método e pensamento, em diálogo com a imprevisibilidade do gesto.

#O papel do contraste na construção pictórica
A recusa do cinza como mediador é um aspecto decisivo. Cabral não busca a diluição entre luz e sombra, mas a manutenção da tensão, permitindo que o preto e o branco convivam em estado de fricção. Esse procedimento projeta sua pintura em um campo mais estrutural do que representativo, onde a cor deixa de ser elemento decorativo e age como operador crítico.
#O gesto como dispositivo construtivo
A ênfase no traço interrompido, giratório ou contido mostra que o gesto, mais que recurso expressivo, é fundamento construtivo. Essa abordagem aproxima a pintura da ideia de um campo expandido da prática artística, em que o corpo do artista opera como mediador direto da visualidade.
#Pintura como pensamento e método
Ao transformar a superfície em lugar de experimentação contínua, Cabral desloca a pintura da representação para a reflexão. Sua obra estabelece um espaço de tensão entre disciplina e acaso, controle e abertura, produzindo um pensamento visual que encontra ressonância nos comentários de Kossovitch.
Assim, a pintura branca e preta de Hélio Cabral se consolida como um processo de investigação, no qual gesto, contraste e materialidade não somente constroem imagens, mas instauram um campo metodológico próprio da prática artística contemporânea.
Ficha:
Pintura Branca e Preta, de Hélio Cabral, A
por Leon KOSSOVITCH
ISBN 13: 9786557852293
Peso: 0,386 kg
Ano: 2025
Coleção: Prismas
Páginas: 96
Formato: 17,5 × 23,5 cm
Coleção: Prismas
Editora: Edusp – Editora da Universidade de São Paulo
Comprar: https://amzn.to/45Mnj7u
Contato:
Edusp
(11) 3091-4154
https://www.edusp.com.br/
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