Os constantes apagões em São Paulo evidenciam a fragilidade das redes elétricas aéreas. Enterrar os fios é uma solução que poderia garantir um fornecimento de energia mais seguro e eficiente
O enterramento de fios elétricos em São Paulo enfrenta desafios como o alto custo e a complexidade da obra, mas oferece benefícios a longo prazo, como maior segurança e menor manutenção. O projeto exige um planejamento urbano integrado e investimentos significativos.
Custo e viabilidade do enterramento de fios elétricos em São Paulo
A discussão sobre a vulnerabilidade das redes aéreas de energia e telecomunicações em São Paulo voltou a ganhar relevância após mais um apagão que impactou a cidade.
Com a queda de postes e rompimento de cabos, em função de eventos climáticos, a sociedade enfrenta os recorrentes desafios da interrupção dos serviços essenciais.
A solução que parece lógica para muitos — o enterramento dos fios — apresenta barreiras consideráveis, como explicou o engenheiro eletricista Paulo Takeyama, do Crea-SP.
O desafio financeiro do enterramento de cabos
A principal dificuldade para a implementação dos fios subterrâneos reside no custo elevado. Estima-se que o investimento necessário para enterrar a fiação seja de oito a dez vezes maior em comparação ao sistema aéreo.
Esse custo adicional está relacionado à complexidade das obras, que requerem a construção de túneis e a integração de diversas disciplinas de engenharia, como a Civil, Elétrica e de Telecomunicações. Conforme Takeyama aponta, “não basta aproveitar as galerias já existentes, como as do metrô, por exemplo.
É necessário planejar esse uso desde a concepção do projeto, assegurando que haja espaço e infraestrutura adequados para suportar a fiação subterrânea”.
Menos manutenção, maior eficiência
Apesar do custo inicial elevado, as redes subterrâneas oferecem benefícios a longo prazo. O engenheiro ressalta que, uma vez instalada corretamente, a rede subterrânea exige menos manutenções corretivas em comparação às tradicionais redes aéreas.
A média nacional de instalações subterrâneas é de cerca de 2%, com São Paulo apresentando um índice ainda menor, de apenas 0,3%. Além disso, a proteção contra fenômenos meteorológicos, como vendavais, é significativamente maior, ainda que, em caso de falhas, a manutenção seja mais complexa devido à invisibilidade do problema.
Limites da rede aérea
Atualmente, as redes aéreas são projetadas para resistir a ventos entre 80 e 85 km/h, o que, em situações de tempestades mais severas, torna as quedas de postes e a interrupção de serviços inevitáveis.
Nesse sentido, o engenheiro Takeyama destaca não haver muito o que fazer quando os fenômenos superam as previsões iniciais. A substituição de postes e a atualização das linhas para padrões mais robustos poderiam ser soluções temporárias, mas não eliminariam o problema de raiz, que está no próprio conceito das redes aéreas.
Complexidade do planejamento urbano
O enterramento de fios não é uma solução isolada que depende apenas da Engenharia Elétrica. Como explicou Takeyama, é necessário um trabalho integrado de diversas áreas, como a Geologia, a Engenharia Agronômica e Florestal, além da Engenharia Civil.
Esse planejamento multidisciplinar reflete a complexidade das cidades modernas, onde intervenções no subsolo precisam ser cuidadosamente planejadas para evitar conflitos com outras infraestruturas e preservar o ecossistema urbano.
[Essencial] — A proposta de enterramento dos fios elétricos em São Paulo apresenta-se como uma solução técnica superior, especialmente no que tange à resiliência das redes em relação aos eventos climáticos.
A redução das manutenções corretivas, somada à maior durabilidade das instalações, torna essa abordagem altamente eficaz a longo prazo.
Contudo, o principal obstáculo continua sendo o custo elevado, que demanda não apenas investimentos significativos, mas também uma reestruturação do planejamento urbano.
A sugestão de integração com o sistema de transporte, como o metrô, revela uma solução interessante, embora insuficiente sem o planejamento prévio das infraestruturas necessárias.
A análise técnica dos custos, dos benefícios e das necessidades de manutenção, somada à multidisciplinaridade envolvida, torna claro que o enterramento dos fios deve ser considerado parte de um planejamento urbano holístico, envolvendo diferentes áreas da engenharia para assegurar um sistema eficiente e sustentável.
Pontos Notáveis
• Solução para apagões — O enterramento de fios reduz a vulnerabilidade das redes elétricas a eventos climáticos extremos, como vendavais e tempestades.
• Maior eficiência — As redes subterrâneas exigem menos manutenção e têm maior durabilidade, reduzindo os custos a longo prazo.
• Planejamento urbano integrado — O projeto requer um planejamento detalhado e a participação de diversas áreas da engenharia, como civil, elétrica e geologia.
• Investimento significativo — O alto custo inicial é um dos principais desafios para a implementação do projeto.
• Benefícios para a cidade — Além de garantir um fornecimento de energia mais seguro, o enterramento de fios pode contribuir para a valorização do patrimônio histórico e estimular o desenvolvimento urbano.
Contato:
CREA-SP
0800 017 18 11 / Wapp(11) 9 1000-8888
https://www.creasp.org.br/
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