Até 02/02/2025 o Instituto Tomie Ohtake apresenta retrospectiva de Carlito Carvalhosa, uma imersão sensorial em um universo artístico marcado pela experimentação com materiais e pela busca constante por novas formas de expressão

40 anos de experimentação de Carlito Carvalhosa no ITOH

Carlito-Carvalhosa /Sem título P03 90 / 1990 / óleo, cera, pigmento e carvão sobre tela / 200x150x2cm (Detalhe)

Exposição “Carlito Carvalhosa — A metade do dobro” apresenta uma retrospectiva completa da obra do artista, desde suas primeiras pinturas até suas últimas esculturas em cera. A mostra explora a relação entre matéria e espaço, a transformação dos materiais e a busca pelo háptico.


A metade do dobro de Carlito Carvalhosa

O Instituto Tomie Ohtake recebe, até o dia 02 de fevereiro de 2025, a exposição Carlito Carvalhosa — A metade do dobro, uma retrospectiva extensa da obra do artista Carlito Carvalhosa (1961–2021), reunindo cerca de 150 criações produzidas entre 1984 e 2021.

Esta é a primeira grande mostra que abrange quase quatro décadas de uma carreira marcada pela experimentação com materialidades diversas e pela exploração dos limites entre pintura, escultura e instalação. A exposição é dividida em sete núcleos temáticos, cada um abordando diferentes fases e técnicas utilizadas pelo artista.

O Ateliê Casa 7 e o Início da Trajetória

O primeiro núcleo é o único a seguir uma cronologia rígida. Ele apresenta as pinturas do início da carreira de Carvalhosa, quando integrou o grupo Casa 7, composto por jovens artistas como Fábio Miguez, Paulo Monteiro e Rodrigo Andrade.

Entre as obras expostas, destacam-se duas criações de 1985 que fizeram parte da 18ª Bienal de São Paulo, caracterizadas pelo uso intenso de tinta e a presença de elementos táteis, uma característica que marcaria toda a produção subsequente do artista.

Este impulso inicial em direção ao háptico — a materialidade da imagem — é essencial para compreender o desenvolvimento de seu trabalho.

O Fascínio pela Cera e o Espelho

A seguir, o visitante encontra uma coleção de encáusticas produzidas entre 1988 e 1991. Nesses trabalhos, Carvalhosa utiliza uma mistura de cera e terebentina para criar camadas espessas, texturizadas e translúcidas, que parecem flutuar sobre a superfície.

Ao lado dessas encáusticas, encontram-se os espelhos graxos, feitos a partir de 2003, que investigam a relação entre a imagem refletida e o espectador, explorando as qualidades reflexivas e abstratas do espelho como material.

Esculturas e Transformações Materiais

Outro ponto forte da exposição são os dedinhos, pequenas esculturas em cera que formam mosaicos de cores e texturas, e as ceras perdidas, esculturas originalmente altas, moldadas pelo próprio corpo do artista e que, ao longo do tempo, sofreram mudanças morfológicas significativas. Esse processo contínuo de transformação evidencia a efemeridade e a mutabilidade da forma — temas centrais na obra de Carvalhosa.

Diálogos entre Luz e Matéria

Um dos momentos mais imersivos da exposição é a instalação Qualquer direção, de 2011, onde o artista utiliza lâmpadas fluorescentes para criar uma ambientação lumínica que dialoga diretamente com suas pinturas em chapas de alumínio, exibidas na mesma sala.

As luzes frias e o brilho metálico estabelecem uma contraposição intrigante com as texturas orgânicas de suas esculturas em porcelana e gesso, criando uma experiência sensorial multifacetada.

O Retorno à Cera e a Geometria

No último núcleo, as obras do fim da carreira de Carvalhosa retomam o uso da cera, agora em um contexto mais geométrico e controlado. As cores vibrantes e a organização rigorosa por meio de moldes contrastam com as formas mais orgânicas de suas criações anteriores, mostrando uma nova abordagem técnica que, ao mesmo tempo, dialoga com a sua produção inicial, especialmente com os dedinhos.

 

[Essencial] A retrospectiva de Carlito Carvalhosa desvela um percurso artístico que, embora diversificado em termos de técnicas e materialidades, mantém uma coesão temática em torno da exploração sensorial e da transformação dos materiais ao longo do tempo.
A busca pelo tangível, pelo háptico, é uma constante em sua obra, evidenciada desde suas pinturas no grupo Casa 7 até suas esculturas em cera e instalações com luz.
A oscilação entre o visível e o oculto, a forma e a anti-forma, cria um dinamismo plástico que desafia a percepção do espectador.
A capacidade do artista de integrar diferentes meios — como espelhos, cera e luz — em um diálogo contínuo com o espaço expositivo demonstra uma compreensão profunda da relação entre matéria e espaço, aspectos centrais para a arquitetura e a escultura contemporânea.
O uso recorrente de processos que alteram a própria materialidade das obras, como a degradação natural das ceras perdidas, sugere uma reflexão sobre a impermanência e a transformação, conceitos que dialogam diretamente com a noção de espaço em constante modificação.

 

Pontos Notáveis

• Diversidade técnica — A exposição revela a versatilidade de Carvalhosa ao explorar diversas técnicas, como pintura, escultura e instalação, utilizando materiais como cera, espelho e luz.
• Exploração da materialidade — O artista demonstra um profundo interesse pela materialidade da obra, buscando transformar os materiais e explorar suas propriedades sensoriais.
• Relação entre forma e espaço — A obra de Carvalhosa estabelece um diálogo constante entre forma e espaço, criando ambientes imersivos e experiências sensoriais únicas.
• Transformação e tempo — A noção de transformação e a passagem do tempo são temas recorrentes na obra do artista, evidenciados pela utilização de materiais que se modificam ao longo do tempo.
• Háptico e sensorialidade — A obra de Carvalhosa convida o espectador a uma experiência sensorial intensa, estimulando o tato e a percepção visual.
• Legado artístico — A retrospectiva consolida o lugar de Carlito Carvalhosa como um dos maiores artistas brasileiros de sua geração, deixando um legado importante para a arte contemporânea.

 

Contato
Instituto Tomie Ohtake
(11) 2245-1900
https://www.institutotomieohtake.org.br/

 


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