Como muitas das tecnologias que usamos hoje, a internet começou como uma inovação financiada pelos militares no início dos anos 1960, como um importante meio de comunicação / Por Gustavo Salviano
Durante a Guerra Fria, os EUA queriam uma forma de comunicação descentralizada, que continuasse ativa mesmo se uma parte dos servidores fosse atacada. Já no Brasil ela chegou pelo mundo acadêmico, conectando em 1981 um laboratório norte-americano à FAPESP. E como a internet mudou nestes 40 anos no país, não é mesmo?
As conexões que antes não chegavam a 100Kbps hoje passam nas grandes cidades, em planos básicos, de 100 Mbps. Com o leilão do 5G, realizado em novembro, crescem as expectativas para a chegada da tecnologia, que irá aumentar ainda mais estes valores, permitindo o acesso remoto com grande velocidade, largura de banda e baixa latência.
Esse avanço vai permitir o desenvolvimento de novas tecnologias que antes eram inviabilizadas pela qualidade da conexão. E essa inovação vai afetar a todos, dos usuários às empresas de todos os portes.
Por exemplo, durante a minha graduação, entre 1997 e 98, participei de um experimento de ensino à distância, que buscava criar uma estrutura digital de aulas entre universidades.
O que hoje é comum, sendo possível o acesso de qualquer notebook ou mesmo smartphone, na época, dadas as limitações de conexão, criava uma experiência limitada e extremamente frustrante. Imagine hoje você em uma videoaula em uma péssima conexão. Os travamentos que você vai enfrentar. Na época a experiência de uso era muito pior que isso.
Com a evolução da internet será possível acelerar o desenvolvimento e fazer funcionar – e bem – produtos que hoje ainda são inviáveis. A internet das coisas (IoT) não será apenas uma interface de voz em casa, mas sim ver o mundo funcionando independente da ação humana.
E isso trará muitos benefícios ao varejo, da grande loja ao microempreendedor, seja em pop-ups aparecendo quando você esquece de comprar algo no supermercado, logística descentralizada e inteligente que acelera as entregas com base em dados, a espelhos inteligentes em lojas que tiram as suas medidas e fazem as melhores sugestões de peças e tamanhos, conectando diversos vendedores que poderão, com base nessas informações, oferecer novos produtos e personalizar ainda mais essa experiência de compra.
Essa será a união do digital com o físico, que permite ativar áreas dos negócios que hoje não estão habilitadas.
Uma característica interessante deste progresso tecnológico é a massificação cada vez mais rápida destas tecnologias. A criação de um site ou de uma loja virtual antes acessível apenas aos grandes players através de uma robusta estrutura própria e equipes dedicadas passou para algo tão simples e rápido que pode ser feito de um simples smartphone.
O próprio metaverso, em alta por causa dos anúncios recentes do Facebook, é um novo território tecnológico, um terreno fértil para as grandes corporações que, em breve, estará também mais acessível para as PMEs.
Mas esse avanço não vai extinguir tecnologias já existentes. Como exemplo, a TV não acabou com o rádio, o carro não acabou com a bicicleta e o WhatsApp não acabou com o e-mail. Apesar das novidades que já estão no mercado e outras que irão surgir, algumas formas de comunicação continuam firmes. O grande desafio é evoluir essas plataformas, como o e-mail mencionado, sites etc., para não ficarem obsoletos e acompanhem a evolução da jornada do consumidor.
Gustavo Salviano é CTO da Locaweb, responsável pelas áreas de operações, infraestrutura e aplicações corporativas
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