O que nossa construção civil pode aprender com Portugal / Por Carlos Lopes
“Nasci” na obra, minha família é ligada à construção civil na sua essência. Meu avô era pedreiro, numa época em que ser pedreiro era a arte de trabalhar com pedra. Meu pai constrói em Portugal, e foi dele que herdei o gosto pela construção civil. Também foi dele que trouxe a veia empreendedora.
Ainda criança, adorava ver as gruas funcionando, e uma imagem que nunca esqueço é de um dia em que o meu pai me explicou como funcionavam os comandos. Minha irmã seguiu na mesma linha e se formou arquiteta. Comecei a ajudar na obra muito cedo, durante o período de férias escolares. Quando entrei na faculdade para estudar Engenharia Civil, sabia exatamente o que queria: construir e desenvolver pessoas para construir o melhor possível.
Hoje sou mestre em Construções Civis. Escolhi o Brasil para estudar, viver e trabalhar há quase dez anos. Pouco antes, meu país de origem, Portugal, atravessava uma crise que atingiu, principalmente, o mercado da construção civil.
Em comparação a estudos europeus, as construções no Brasil são recentes, assim como o estudo de patologias de construções. Sempre digo para a equipe: se já se errou tanto na Europa em construções mais antigas, não precisamos cometer os mesmos erros aqui.
Revestimentos de fachada que, com o passar dos anos, dão problema, como a pastilha cerâmica, fundações e estruturas sem as impermeabilizações e aditivos necessários que diminuem a vida útil das construções, são alguns desses aprendizados. No que diz respeito à térmica e à acústica, as normas europeias são muito exigentes e o desempenho é exigido pelo cliente.
Na minha formação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, temas como patologias e desempenho termo acústico eram amplamente discutidos.
Contrariamente ao que se pensa, esses cuidados com o desempenho não se devem ao fato de nos países europeus fazer mais frio que no Brasil, mas sim pelas amplas oscilações térmicas, tanto para o frio quanto para o calor. Em Joinville (SC), por exemplo, as oscilações térmicas são enormes e muitas vezes no mesmo dia.
Na construtora de meu pai, pude conhecer a visão operacional da construção, desde o servente ao mestre de obras. Ajudou-me a entender o dia a dia de uma obra, e principalmente encontrar a minha paixão pelo desenvolvimento de pessoas, que na maioria das vezes precisam de um bom direcionamento.
Com isso, pude entender que a técnica, por si só, não é suficiente. Na construção civil, por exemplo, todos os dias dependemos de pessoas, nos mais diversos perfis – desde o arquiteto renomado até o servente de obra que não teve oportunidade da boa educação.
Quem dá o último toque no apartamento para entregar ao cliente normalmente é um funcionário com menos formação, e ele pode valorizar o trabalho feito até então; sua participação no processo é das mais relevantes.
Assim, é fundamental que todos os profissionais estejam alinhados ao propósito da empresa, só assim o resultado é perfeito, impecável. E só assim conseguimos apaixonar as pessoas pelos nossos imóveis.
O Brasil é enorme, rico, e sabemos que existe um enorme déficit habitacional. A construção civil tem muito espaço para crescer. Falando especificamente de construção de edifícios, estamos em um momento único, com taxas de juro baixas, a taxa Selic mais baixa da história, de maneira que a compra de imóveis voltou a ser um dos melhores investimentos.
Ao mesmo tempo, a qualidade das construções vem melhorando, especialmente após a publicação da chamada Norma de Desempenho, em 2013, mas existe muito caminho a percorrer quando falamos de durabilidade, desempenho e conforto das habitações. São, vale dizer, alguns quesitos que fazem parte de todos os projetos na Daxo.
Carlos Lopes é engenheiro civil, mestre em Construções Civis e diretor de Obras da incorporadora Daxo, de Joinville (SC)
Contato:
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