Livro modificou as regras do jogo das cidades em todo o mundo / Por Renato Cymbalista
Se tivéssemos que eleger um único livro que representasse a historia recente do urbanismo no Ocidente, possivelmente a escolha recairia sobre Morte e Vida de Grandes Cidades, publicado em 1961.
Jane Jacobs não foi a única nem a primeira voz crítica ao urbanismo modernista arrasa-quarteirão que prevaleceu nas décadas de 1940 e 1950, mas o seu livro atingiu em cheio a opinião pública e apoiou a construção de um senso comum crítico dos grandes projetos de renovação urbana e valorizador dos tecidos urbanos historicamente constituídos.
A leitura de Morte e Vida… nos permite, na verdade, problematizar a totalidade do urbanismo do século XX. A obra faz isso na chave retrospectiva – pelas radicais críticas que a autora faz simultaneamente ao modelo modernista corbusiano baseado em “torres no parque”, a cidade jardim descentralizadora de Ebenezer Howard e as propostas de planejamento regional de Lewis Mumford; e também na chave prospectiva, pois é um dos marcos de origem da sensibilidade atual que valoriza os tecidos históricos, a sociabilidade das ruas e calçadas, os bairros de usos mistos, que combate a hegemonia dos automóveis.
A primeira parte do livro traz os diversos aspectos de sua trajetória para além do livro. Os textos seguem de uma forma geral o curso de vida de Jane Jacobs e seu contexto, e constroem-se a partir de problemáticas especificas de interesse de seus autores. Não constituem capítulos de uma biografia, e por essa razão não são estritamente cronológicos.
A segunda parte do livro trata da recepção e circulação de ideias de Jane Jacobs no Brasil, assunto que ainda não foi devidamente percorrido pela literatura.
O capítulo 9 traz a progressiva chegada da autora à imprensa, à academia e às bibliotecas universitárias. O capítulo 10 é um ensaio que mostra a proximidade entre as ideias de Jane e alguns dos dispositivos de planejamento existentes no mais recente plano diretor de São Paulo. O capítulo 11 traz um conjunto de entrevista com urbanistas, professores e o editor de Morte e Vida… no Brasil.
A terceira parte do livro traz o exercício acima citado, que originou todo o trabalho, de sistematização de Morte e Vida…, tantas vezes citado mas nem sempre lido na integra. Os capítulos deste livro têm o mérito de irem além da superfície, trazem as ideias e a trajetória de uma pensadora sobre cidades que vai muito além de Morte e Vida de Grandes Cidades. O material ajuda a compreender Jane Jacobs como fruto de seu próprio tempo, cujas ideias foram se desenvolvendo no decorrer das décadas, capaz de produzir sínteses geniais e também de cometer algumas injustiças. Sobretudo uma mulher inquieta com a realidade que se apresentava nas grandes cidades americanas do pós-guerra, e determinada a interferir no debate público sobre seu futuro.
Morte e Vida de Grandes Cidades – de autoria de Jane Jacobs e publicado em1961, é um dos livros mais influentes da história do urbanismo. A obra atingiu em cheio a opinião pública e apoiou a construção de um senso comum crítico dos grandes projetos de renovação urbana e valorizador dos tecidos urbanos historicamente constituídos. Jacobs vem sendo cada vez mais citada, em geral para evocar aquilo que consideramos positivo em uma cidade: ruas vivas, usos mistos, fachadas ativas. Mas ela nem sempre é compreendida em todas as dimensões de sua atuação. Situando Jane Jacobs é uma contribuição importante para todos aqueles que buscam conhecera autora para além de sua obra mais conhecida, trazendo uma leitura que vai além de Morte e Vida de Grandes Cidades, e que leva em conta sua vida e trajetória, sua prática como jornalista e ativista, e os conflitos em que se envolveu. Além disso, aborda também os desdobramentos de sua ação, nos EUA e no Brasil.
Ficha:
Situando Jane Jacobs
Renato Cymbalista – organizador
Editora: Annablume
Edição: 1ª (31 de dezembro de 1969)
Formato 16x23cm, 320 páginas,
ISBN 978-85-391-0913-5
Idioma: Português
Peso de envio: 490 g
Contato:
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(11) 3539-0226
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