Para urbanista Nicole Garrido Saddi, apesar da capital ter um bom índice de área verde por habitante, planejamento urbanístico está mais concentrado em poucos bairros
A capital goiana, que nos últimos dias registrou índices de umidade do ar abaixo de 12% e temperaturas perto dos 40º, o que configura um clima de deserto, poderia ter sofrido bem menos com esses números meteorológicos se tivesse mais árvores e uma melhor distribuição de suas áreas verdes.
A avaliação é da arquiteta e urbanista Nicole Garrido Saddi, sócia da Norden Arquitetura, escritório que já assinou mais de 6 milhões de metros quadrados em projetos executivos, de interiores e paisagismo, grande parte deles em Goiânia.
Neste 21 de setembro, Dia da Árvore, ela destaca que várias cidades grandes no Brasil sofrem mais do que deveriam nesta época de estiagem por falta de um planejamento urbanístico e paisagístico adequado.
Goiânia, que apesar de ter um bom IAV (Índice de Área Verde Por Habitante), 14,78 m² por morador, tem seu grande número de árvores mal distribuídas. Nicole Garrido Lembra que o melhor planejamento urbano está concentrado em bairros tidos como nobres, como Setor Bueno e Marista, enquanto outras localidades mais afastadas carecem de mais áreas verdes por habitante.
“É fácil perceber que muitos centros urbanos brasileiros carecem de um estudo e planejamento para que haja uma arborização adequada. Infelizmente a arborização, assim como vários outros aspectos de infraestrutura urbana, é priorizada apenas em bairros considerados nobres, as áreas verdes não distribuídas de forma democrática nas cidades”, esclarece a urbanista.
Uma maior cobertura verde e uma maior arborização influi significativamente nos índices de qualidade de vida. Não é por menos, que regiões nobres de Goiânia,como Marista e Jardim Goiás, registram um IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] acima do 0,950, ao passo que as regiões mais pacíficas e com menos áreas verdes planejadas, como Madre Germana e Residencial Buena vista, registram um IDH abaixo de 0,700, conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Ter árvores nas cidades é tão importante que a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza uma quantidade mínima de área verde por habitante: 12 m² por habitante, o equivalente a uma árvore por pessoa. Porém, a entidade internacional indica como ideal o índice de 36 m², cerca de três árvores, por morador.
Saúde – De acordo com Nicole, bem planejada sob o ponto de vista de paisagismo, além de muito mais bonita, uma cidade bem arborizada é mais saudável. “Quanto mais árvores, maior o conforto térmico promovido em um local, podendo até mesmo resultar em redução térmica efetiva em relação a áreas vizinhas, o que conhecemos como microclima”, explica a arquiteta e urbanista.
Ela ainda completa, ao esclarecer porque as árvores influem diretamente na qualidade do clima e do ar: “Além do efeito direto das áreas de sombra e atenuação de radiação solar no solo, as árvores promovem um efeito conhecido como evapotranspiração, uma espécie de transpiração vegetal, em que há captação de água do solo, através das raízes, e devolução dessa água para a atmosfera. Isso melhora significativamente a qualidade do ar”, diz Nicole Saddi.
Contato:
Norden Arquitetura
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