Implantação do sistema de reciclagem ainda tem muitos desafios a serem enfrentados / por Francisco Oliveira
Mesmo com a popularização de assuntos relacionados à reciclagem, o Brasil ainda enfrenta muitos desafios para implementar ações e conscientizar a população a respeito da importância e urgência do descarte correto e reaproveitamento do lixo. As barreiras encontradas são grandes e um longo caminho ainda deve ser percorrido.
Mas, a grande questão é que o tempo está ficando cada vez mais curto porque 41,6% das 78,3 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente ainda têm destinação inadequada, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e, de acordo com uma pesquisa do Banco Mundial, caso não ocorra uma mudança nos atuais padrões, a quantidade de lixo despejada no mundo crescerá 70% até 2050.
Esses números podem não significar tanto para quem não entende a gravidade da situação. Mas, atualmente, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países com maior produção de lixo plástico, segundo um estudo da World Wildlife Fund (WWF).
E somente 17% da população do país é atendida pela coleta seletiva, de acordo com um relatório de 2018 da ONG Compromisso Empresarial de Reciclagem (Cempre) e, para piorar, há sete anos, lixões a céu aberto deveriam ter sido erradicados nos municípios de todo o país, seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Porém, o prazo foi prorrogado para 2022 para cidades com mais de 100 mil habitantes.
Destaco esses dados para mostrar que os desafios estão por todas as partes, desde a mudança cultural da população, até mesmo ações efetivas por parte do poder público e privado. Mas, também sabemos que se tornar ambientalmente responsável não é uma tarefa fácil para todos. É necessário entender que somente fechar a torneira ao escovar os dentes ou não jogar um papel na rua não é o suficiente.
Todos devem ser reeducados para compreender e colocar em prática o conceito os três “Rs”: reduzir, reutilizar e reciclar. Para se ter uma ideia, um estudo feito pelo Ibope revelou que 75% das pessoas dizem não separar os materiais recicláveis em casa – e acredite, grande maioria não tem a mínima noção de como fazer essa seleção dos resíduos.
Além dos governos, empresas necessitam investir em parcerias para adotar políticas sustentáveis. Muitas, já estão aplicando estas práticas, como companhias que fornecem recompensa pela devolução de embalagens usadas, praticando a logística reversa e incentivando o seu consumidor final para adotar esta mudança de comportamento. Mas, ainda é preciso muito mais.
Falta conhecimento, investimento, responsabilidade ambiental e social. Para mudar o mundo, é necessário mudar o ser humano e isso deve acontecer já.
Francisco Oliveira é engenheiro civil e mestre em Mecânica dos Solos, Fundações, Geotecnia e sócio diretor da EPAL Engenheiros Associados
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