Ferro Frente entra com nova ação para impedir o bilionário leilão da ferrovia Norte-Sul, marcado para março

Vícios do edital sobre concessões de ferrovias

José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Ferro Frente

Após audiência pública do ministro Tarcísio Gomes de Freitas na comissão de infraestrutura do Senado, nesta terça-feira (26.02), o presidente da Ferro Frente – Frente Nacional pela volta das Ferrovias, José Manoel Ferreira Gonçalves, anunciou que entrará com ação pessoal para impedir o leilão da ferrovia Norte-Sul, previsto para o mês de março, com a expectativa de arrecadar pelo menos R$ 1 bilhão.

O novo documento se soma à ação popular que a Ferro Frente já havia encaminhado à 14.ª Vara Cível Federal de São Paulo, com justificativas para a anulação do leilão da Norte-Sul, que estipula concessão de 30 anos. O trecho em questão a ser concedido liga as cidades de Estrela d’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO).

Um dos pontos mais importantes da audiência, na avaliação da Ferro Frente, foi a necessidade de se ter um marco regulatório para o sistema ferroviário, conforme salientou o senador Carlos Viana (PSD-MG).

“Seria fundamental discutirmos se o interesse público está sendo preservado com os modelos de concessão que o Governo Federal pretende implantar. Não dá para entender como o ministro defende resolver primeiro o problema da carga, para depois pensar nos passageiros”, comenta o presidente da Ferro Frente.

Para o engenheiro, é preocupante que o ministro entenda que o direito de passagem seja uma “questão mítica” (o direito de passagem corresponde à permissão de passagem de um operador por outro de determinada quantidade de carga de propriedade do operador que não é o concessionário da linha ferroviária).

Ele acredita que os editais precisam de fato preservar o direito de passagem, pois, da maneira como está, “não há garantia de interoperabilidade entre concessões, ou seja, não se permitirá, com esse modelo, a livre circulação de todos os trens em toda a malha ferroviária”.

Na ação, José Manoel Ferreira Gonçalves alerta que o edital resultará em favorecimento às atuais concessionárias. “O governo poderia arrecadar mais se estipulasse um valor de outorga maior, visto que este montante se refere a um trecho que já recebeu R$ 16 bilhões de investimento público. Mas o principal problema é que o edital, da forma como foi elaborado, privilegia as empresas que já exploram as atuais concessões de ferrovias no Brasil”, conclui.

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