Arquiteto Celso Rayol encontrou nas charges uma forma de trazer humor ao cotidiano e questões das nossas moradias e cidades

Humor no isolamento

Arquiteto Celso Rayol cria série de charges com temática da vida em isolamento

O dia-a-dia do isolamento social inspirou o arquiteto e urbanista Celso Rayol a criar a colorida e bem humorada série de charges “Diário de uma Quarentena”, que pode ser acompanhada pelas redes sociais . Rayol divide com os seguidores as angústias de personagens com nomes antigos como Adalgisa e Adamastor durante o isolamento social, tendo como fonte a própria rotina ao lado dos filhos Luiz Eduardo e Mariana e com a namorada, a chef Carolyna Vaz.

“É um processo fácil porque esses traços já acompanham o meu trabalho como arquiteto e professor. Mas tinha uma particularidade: eu queria que o desenho fosse leve, com cores suaves, que passasse uma mensagem de pausa, para rir um pouco, com humor, para manter a gente em equilíbrio, porque de pesado basta o que estamos passando”, afirma.

Além de descomprimir a quarentena ao tratar com leveza situações como a divisão de tarefas domésticas, o tédio, a solidão, o novo processo de trabalho virtual e as consequentes reuniões por aplicativos de vídeo, os desenhos abordam questões de desenho dos imóveis e das cidades brasileiras que acabaram ganhando destaque após tanto tempo de isolamento e com a perspectiva de medidas especiais para a retomada das atividades.

“Acho que nunca falamos tanto de arquitetura. Por exemplo, aquelas pessoas que fecharam as varandas de seus apartamentos e agora queriam usar aquele espaço para tomar sol, ficar no ventinho; e teve gente que construiu 90% de uma cobertura, sem deixar espaços abertos; ou quem pintou a casa em tom muito escuro e se sente mais confinada ainda; ou uma rua mal planejada. Ou seja, a ideia foi misturar um pouco do bom humor, tornar a pausa da descompressão e fazer pensar. São várias coisas entre arquitetura e o cotidiano.”, afirma.

O contexto da Arquitetura – Presidente da sucursal carioca da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA-RJ) e sócio da Cité Arquitetura, Rayol acredita que alguns nichos, como o mercado imobiliário, sofreram um pouco menos do que o esperado com a pandemia, apesar de considerar cedo para comemorar.

“Claro que projetos de lojas, principalmente de interiores, deram uma parada porque as pessoas não podem receber em casa, e os estabelecimentos também estão parados. O nosso escritório tem funcionado de uma forma bem bacana, online, e é uma maneira de estar até mais presente do que viver tanto em reunião e deslocamentos. Acho que devemos manter algumas reuniões quando vier o “novo normal” e, principalmente, os trabalhos fora do Rio. A gente viu que dá certo e desmistificou muita coisa”, afirma.

Rayol também vê com otimismo a criação de uma visão mais crítica acerca dos projetos em todas as escalas, e entende que tais reflexões serão úteis no futuro. “Muitas vezes, reclamamos da qualidade da arquitetura, da cidade, mas não acompanhamos a construção.

Com a vivência dentro de casa, a pessoa vai poder escolher um edifício, por exemplo, conforme a posição do nascer do sol, se voltado para o norte ou sul, ou seja, as pessoas vão ficar mais críticas e exigentes e valorizar os espaços públicos. Está todo mundo querendo voltar às praias, e acredito que elas vão fazer isso de forma mais disciplinada. Tem um grande aprendizado nisso tudo”, conclui.

Serviço:
Diário de uma Quarentena
https://www.instagram.com/diariodeumaquarentena_2020/

Contato:
Cité Arquitetura
(21) 2556-1813
https://www.citearquitetura.com.br/

 

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