Arquitetura do Centro Cultural Rio-África traduz ancestralidade africana em formas contemporâneas, criando um espaço de memória e resistência no centro histórico do Rio de Janeiro
O Centro Cultural Rio-África propõe uma arquitetura que traduz a ancestralidade africana em linguagem contemporânea. Localizado na Pequena África, no Rio de Janeiro, o projeto articula técnica, materialidade e simbolismo em um espaço de celebração, resistência e diálogo com o patrimônio afro-brasileiro.
Inserção urbana e diálogo com a Pequena África
Implantado no coração do Rio de Janeiro, nas imediações do Cais do Valongo e das Docas Dom Pedro II, o Centro Cultural Rio-África estabelece uma relação direta com o território simbólico da Pequena África. A proposta articula passado e presente, configurando-se como espaço de memória, celebração e encontro. O projeto busca reinterpretar a ancestralidade africana por meio de soluções arquitetônicas contemporâneas, que evocam o pertencimento e a continuidade cultural das comunidades afrodescendentes.
Materialidade e sistema construtivo simbólico
A estrutura principal combina madeira e concreto, estabelecendo um diálogo entre tradição e técnica moderna. Pilares de madeira emergem do subsolo em concreto e sustentam a cobertura, cuja geometria orgânica remete à copa das árvores, aludindo à vitalidade e à conexão com a natureza, valores intrínsecos às cosmologias africanas.
A madeira, presente do térreo à cobertura, imprime calor e identidade material ao conjunto, enquanto a cobertura, inspirada nos tecidos Kuba Showa do Congo, traduz em linguagem construtiva a riqueza simbólica das tramas africanas.
Composição volumétrica e espacialidade
O partido arquitetônico organiza volumes independentes, conectados por áreas de transição e percursos de contemplação. Cada volume abriga fragmentos expositivos que, em conjunto, representam a pluralidade da diáspora africana. A disposição dos espaços conforma uma praça aberta — um pátio de encontro e convivência — que funciona como extensão da vida urbana, promovendo a integração entre o edifício e o território histórico.
Fachada e permeabilidade visual
A envoltória do edifício é composta por uma pele em tijolos de barro, cuja textura evoca tramas de palha, muxarabis e cobogós. Essa superfície atua como filtro de luz e elemento de proteção solar, modulando a luminosidade natural e favorecendo o conforto ambiental. A escolha do material, artesanal e de forte caráter simbólico, reforça o diálogo entre o fazer tradicional e a linguagem arquitetônica contemporânea.
Reconhecimento e relevância cultural
A força conceitual e poética do projeto foi reconhecida internacionalmente com o IAI Design Award 2025 e o Architecture Hunter Awards 2025, na categoria Unbuilt & Concepts – Commercial, Offices & Institutional. Tais distinções ressaltam o valor cultural e projetual do Centro Cultural Rio-África, cuja proposta transcende o edifício em si, consolidando-se como manifesto arquitetônico em defesa da memória afro-brasileira.

#Ancestralidade traduzida em linguagem arquitetônica
A proposta demonstra maturidade na leitura da ancestralidade como matriz conceitual e construtiva. O uso da madeira e do tijolo de barro revela coerência tectônica e simbólica, ao passo que a cobertura inspirada nos padrões africanos atua como elemento unificador e identitário. A transposição de referências culturais para sistemas estruturais e soluções formais expressa um domínio técnico que valoriza a tradição sem prescindir da contemporaneidade.
#Arquitetura como gesto de resistência e pertencimento
Ao propor um espaço que reconecta o território à sua memória, o projeto reafirma a dimensão social e política da arquitetura. A articulação entre praça pública, áreas expositivas e percursos simbólicos traduz a ideia de espaço coletivo como palco de resistência cultural.
O Centro Cultural Rio-África propõe, assim, uma arquitetura que abriga, narra e reinterpreta histórias, consolidando-se como instrumento de preservação da identidade afro-brasileira e de valorização do patrimônio imaterial.
Serviço:
Architecture Hunter Awards 2025
https://architecturehunter.com/aha_winners_2025/rio-africa-cultural-center-estudio-modulo-de-arquitetura/
IAI Design Award 2025
http://en.iai-ap.org/Federation-Member/Works-Detail.asp?id=1988&lei=0
Ficha:
Arquitetura: Estúdio Módulo
Autores: Marcus V. Damon, Érica Tomasoni, Guilherme Bravin
Colaboradores Concurso: Desirèe Vacques, Guilherme Amaro, Helena Langsdorff, Isabela Stamm, Mariana Kuroki, Rebeca Rocha, Rakel Reis, Alessandra Figueiredo
Organização: IAB-RJ e Prefeitura do Rio de Janeiro
Local: Rio de Janeiro–RJ
Programa: Escritórios, restaurantes, lazer
Área: 6.810 m²
Contato:
Estúdio Módulo de Arquitetura
https://arqbrasil.com.br/414/estudio-modulo-de-arquitetura/
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Referências — Centro Cultural Rio-África, Arquitetura contemporânea, Memória africana, Pequena África Rio de Janeiro, Arquitetura brasileira, Arquitetura simbólica, Patrimônio cultural afro-brasileiro, Arquitetura institucional, African heritage architecture, Contemporary architecture Brazil, @estudiomodulo, @guibravin, @mvdamon, @tomasonierica, @architecture_hunter_awards, @iaiglobaldesignaward, @iab.rj, Cobogó RP, @rpnacobogo.
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