Livro sobre mobilidade e estrutura urbana de São Paulo, de Andreina Nigriello, vencedor do Prêmio Jabuti 2025, revela como os sistemas de transporte moldaram sua estrutura urbana e desigualdade social

Professora Andreina Nigriello e o livro premiado
Vencedor do Prêmio Jabuti 2025, o livro O desenho de São Paulo por seus caminhos, de Andreina Nigriello, investiga como os sistemas de transporte moldaram a estrutura urbana da metrópole.
Análise urbana a partir dos caminhos históricos
A formação territorial da metrópole paulista é o fio condutor do livro O desenho de São Paulo por seus caminhos, de Andreina Nigriello, que recebeu o Prêmio Jabuti 2025 na categoria Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional.
A premiação, considerada a mais tradicional do país no campo literário, foi anunciada em cerimônia no Teatro Sérgio Cardoso, no centro da capital.
Publicado pela KPMO Cultura e Arte, em parceria com o selo Cultura Acadêmica da Fundação Editora da Unesp, o livro apresenta uma abordagem crítica e cartográfica da produção do espaço urbano da Região Metropolitana de São Paulo.
A autora parte dos caminhos ancestrais — como trilhas de povos originários — até os atuais sistemas de mobilidade, examinando como cada etapa do deslocamento moldou as relações espaciais e sociais da cidade.
Caminhos que estruturam o território
O percurso metodológico parte da leitura dos sistemas de circulação em diferentes períodos históricos. A autora destaca como a mobilidade — dos deslocamentos a pé e de canoa até a incorporação de trens, bondes, rodovias, metrôs e monotrilhos — foi elemento estruturante das transformações urbanas. Nesse processo, identifica os vetores de crescimento e os condicionantes físicos, políticos e econômicos que orientaram a conformação da cidade.
A obra utiliza recursos visuais expressivos: são 154 ilustrações entre mapas, registros históricos e documentos cartográficos, muitos dos quais inéditos ou raramente acessados.
A cartografia comparativa e a sobreposição de redes viárias históricas revelam as permanências e rupturas no desenho urbano, evidenciando o papel da infraestrutura no adensamento, segregação socioespacial e na hierarquização dos acessos ao território metropolitano.
Conexões entre mobilidade e desigualdade
Com base em seu percurso acadêmico na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), onde leciona disciplinas de planejamento regional e transporte, Nigriello articula conceitos de urbanismo, história econômica e geografia crítica. Seu argumento central propõe que a lógica de transporte que molda os fluxos urbanos e as formas de apropriação e reprodução da desigualdade.
Ao propor uma leitura do território a partir da mobilidade, a autora evidencia que circular com eficiência em São Paulo ainda é um privilégio restrito. O livro propõe como diretriz de reestruturação urbana a ampliação da malha metroferroviário, articulada a uma descentralização funcional da cidade — distribuindo empregos e serviços para além do eixo Tietê–Pinheiros, para mitigar as assimetrias espaciais e reduzir o tempo de deslocamento da população periférica.

#Uma abordagem sistêmica da morfologia urbana
O mérito do livro reside na capacidade de articular leitura territorial e sistemas de mobilidade sob uma ótica integrada. O território metropolitano é tratado como palimpsesto urbano, onde os traçados históricos — de origem indígena, colonial ou industrial — permanecem como substrato da urbanização contemporânea. Essa leitura é aprofundada pela análise multiescala, que revela como a malha viária condiciona usos do solo, centralidades e formas de habitar.
#Cartografia como instrumento de leitura crítica
As ilustrações reforçam a dimensão investigativa da obra. O uso extensivo de mapas serve ao levantamento histórico e funciona como suporte de reflexão sobre políticas públicas e ordenamento territorial.
O domínio técnico na construção dos gráficos e sua articulação com a narrativa textual resultam em um material didático e acessível para diferentes públicos — de especialistas a leitores interessados em compreender a cidade.
#Planejamento como reequilíbrio do espaço metropolitano
A proposta de reorganização dos sistemas de transporte sob uma lógica redistributiva evidencia uma visão urbanística pautada pelo equilíbrio territorial. Ao defender a descentralização das oportunidades de trabalho e a valorização do tempo urbano, a autora reposiciona o planejamento como ferramenta de justiça espacial.
A cidade é lida como estrutura dinâmica, na qual redes de circulação e infraestrutura são vetores de inclusão — ou exclusão.
#O território como produto da mobilidade
O reconhecimento pelo Prêmio Jabuti sublinha a relevância do livro como referência contemporânea para os debates sobre mobilidade, estruturação urbana e planejamento nas metrópoles brasileiras. Mais do que descrever caminhos, O desenho de São Paulo por seus caminhos propõe novas direções para pensar o futuro do território.
Ficha:
O desenho de São Paulo por seus caminhos
Autora: Nigriello, Andreina
Edição: 1ª
Coeditoras: KPMO Cultura e Arte & Cultura Acadêmica
Ano: 2024
Páginas: 384
Comprar: https://amzn.to/4olCL2Z
Contatos:
Kpmo Cultura e Arte
(11) 2422-0448 / (11) 98138-2992
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Editora Unesp
(11) 3242-7171
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