A arquitetura social em Teresina vai além da forma: no Centro Comunitário Edgar Gayoso, ela se torna um catalisador vital para a economia local e a coesão comunitária
O Centro Comunitário Edgar Gayoso, em Teresina, Piauí, destaca a arquitetura como ferramenta de transformação social. O projeto, concebido com escuta comunitária, integra espaços para trabalho, aprendizado e convívio sob uma grande cobertura de madeira, utilizando terra crua para conforto térmico. Soluções como a captação de água da chuva promovem sustentabilidade e lazer.
Ativação Comunitária
A arquitetura transcende a mera construção de edifícios; ela se configura como um elemento catalisador de transformações sociais e econômicas, especialmente em contextos de vulnerabilidade urbana. No Centro Comunitário Edgar Gayoso, em Teresina, Piauí, a abordagem arquitetônica focou em ativar economias locais, fortalecer redes de cuidado e ampliar as possibilidades de vida coletiva.
O projeto não se limitou a impor uma forma, mas buscou gerar permanência, estimular o cuidado comunitário e criar uma infraestrutura que fomenta o crescimento econômico e os laços afetivos.
Escuta Comunitária como Fundamento Projetual
O desenvolvimento do Residencial Edgar Gayoso, em colaboração com o WRI Brasil, teve como pilar a escuta contínua da comunidade. Em vez de importar soluções externas, o projeto foi construído a partir dos saberes, usos e potenciais já existentes no local.
Essa perspectiva permitiu que a arquitetura respondesse à carência de equipamentos que acolhessem o cotidiano das famílias e oferecer espaços para produção e aprendizado profissional. O desenho arquitetônico integrou atividades como cozinhar, trabalhar, aprender, brincar e circular com segurança em um único complexo.
Soluções Arquitetônicas e Ambientais
O centro comunitário é organizado sob uma ampla cobertura de madeira, que abriga volumes construídos em terra crua, proporcionando conforto térmico em uma das regiões de clima mais quente do país. A captação de água da chuva é realizada por um sistema de calhas serpenteantes, projetado para o reúso e também para o lazer, culminando em uma bica d’água que atrai as crianças.
Essas soluções foram concebidas em diálogo com as mulheres da comunidade, que, posteriormente, organizaram uma feira semanal na praça adjacente, comercializando produtos locais como plantas, artesanato e alimentos, demonstrando o poder da arquitetura em auxiliar a ativação da economia local e dar corpo a um desejo compartilhado de transformação.
Impacto e Geração de Renda
O projeto, inserido na iniciativa Alianças para Transformação Urbana, reforça a visão de que a arquitetura é também mediação e gesto político. Em áreas periféricas, onde a escassez de equipamentos públicos e as barreiras cotidianas são marcantes, cada detalhe projetual — a sombra, o mobiliário urbano, o vão, o acesso, o ponto de encontro — contribui para a construção de uma cidade mais inclusiva.
Previsto para ser implementado em um terreno cedido pela prefeitura, o espaço visa impulsionar a geração de renda, a qualificação profissional e educacional, e oferecer um local de convívio, esporte e lazer com alta qualidade, inexistente na região. O projeto engloba espaços de trabalho como cozinhas profissionais, lojas, áreas para feiras, ateliês de artesanato, costura e marcenaria.
Conta ainda com soluções inovadoras baseadas na natureza para a captação de água, áreas para produção de alimentos, compostagem e reciclagem, e um enfoque significativo na criação de espaços verdes onde atualmente não existem.
#Potencialidades do Desenho Arquitetônico Comunitário
O projeto do Centro Comunitário Edgar Gayoso exemplifica uma abordagem projetual que transcende a mera funcionalidade. A incorporação da escuta ativa com a comunidade como base para o desenvolvimento do programa arquitetônico é uma premissa fundamental para a relevância e pertinência social da intervenção.
A utilização de materiais e técnicas construtivas vernaculares, como a terra crua, confere identidade local e responde de maneira eficaz às condições climáticas severas, minimizando a necessidade de sistemas mecânicos de refrigeração e, consequentemente, reduzindo o consumo energético.
#Estratégias Arquitetônicas para Flexibilidade e Sustentabilidade
A grande cobertura de madeira atua como um elemento unificador, articulando diferentes volumes e funções, ao mesmo tempo, em que oferece proteção solar e térmica.
A integração de um sistema de coleta e reuso de água pluvial, com um componente lúdico na bica d’água, demonstra uma compreensão do papel da infraestrutura verde na educação ambiental e no bem-estar comunitário.
Concepção de espaços flexíveis e multifuncionais, capazes de abrigar atividades diversas – desde a produção de alimentos e artesanato até a qualificação profissional e o lazer –, reflete uma compreensão da complexidade do cotidiano em áreas de vulnerabilidade social.
#Impacto Socioeconômico e Resiliência Urbana
O projeto não se limita à criação de um edifício, mas propõe uma infraestrutura de suporte para o desenvolvimento socioeconômico local.
A interligação entre o centro comunitário e a praça adjacente, estimulando a organização de feiras e o empreendedorismo local, demonstra como o desenho urbano e arquitetônico pode ser um facilitador de processos de auto-organização e empoderamento comunitário.
A ênfase na sustentabilidade ambiental, com áreas para produção de alimentos e sistemas de gerenciamento de resíduos, integra o projeto a um contexto mais amplo de resiliência urbana e qualidade de vida.
Ficha:
Centro Comunitário Edgar Gayoso
Data: 2023
Localização: Teresina | Piauí | Cerrado | Brasil
Parceria WRI | UFPI
● Time Casa Floresta: Anna Dietzsch, Clara Jaxuka Morgenroth, Paulla Mattos, Luis Octavio de Faria e Silva, Rodrigo Rocha, Mário Lopez, Gui Castagna, Beatriz Marcos
● Time WRI: Henrique Evers, Paula Santos, Ariadne Samios, Simone Gatti, Camila Alberti, Larissa Oliveira, Luisa Elias, Tátila Távora
● Time UFPI: Roberto Alves de Lima Montenegro Filho, Kayo Gabriel da Silva Sousa, Ana Rosita Lima Avelino, Victor Israel Sousa e Silva, Tomaz Neto Meneses Cavalcante Medeiros
● Time Aliança pelo Residencial Edgar Gayoso: Moradores do Residencial, Grupo de Trabalho do Centro Comunitário Multiuso, Agenda 2030 – PMT, SEMCASPI – Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência, Social e Poláticas Integradas – PMT, Cooperativa em Trabalho e Economia Solidária dos Catadores de Materiais Recicláveis do Território Norte – COOPCATA 3R’s.
Contato:
ArC – Arquitetura da Convivencia
https://arqbrasil.com.br/49845/arc/
https://arquiteturadaconvivencia.squarespace.com/
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