A nova exposição de Pascal Hachem explora a complexidade do cotidiano sociopolítico, tecendo um panorama vibrante de instalações e esculturas que dialogam entre o Oriente Médio e a América Latina na Galeria Karla Osorio

 

Diálogos entre cotidiano e geopolítica de Pascal Hachem

A Galeria Karla Osorio, em São Paulo, recebe “O CÉU MURMURANTE”, a primeira individual do artista libanês Pascal Hachem na cidade. A mostra é um desdobramento de sua residência artística em Brasília, propondo uma reflexão sobre as relações entre arte, urbanismo e o cotidiano sociopolítico. As obras, que incluem instalações e esculturas, utilizam elementos como bordados e pipas para tecer narrativas sobre a existência humana, a memória e a resiliência, promovendo um diálogo entre as culturas do Oriente Médio e da América Latina.


A Galeria Karla Osorio, em São Paulo, apresenta “O CÉU MURMURANTE”, a primeira exposição individual do artista libanês Pascal Hachem na capital paulista. A mostra, com abertura agendada para 31 de maio, às 10h, é um desdobramento da exposição “FEITO NO CÉU”, anteriormente realizada em Brasília, após um período de residência artística do artista na galeria.

Esta exposição reflete sobre as intersecções entre arte e as tensões sociopolíticas, propondo uma análise das ações humanas em contextos históricos.

Da Residência Artística à Nova Exposição

O trabalho de Hachem, com raízes em sua experiência urbana, traduz as incertezas de ambientes como Beirute em instalações e esculturas que provocam a contemplação. Sua abordagem é influenciada pela natureza transitória da vida em um cenário político dinâmico, característica que se reflete na concepção de cada peça, pensada para dialogar com o contexto de sua apresentação.

Durante sua residência artística em Brasília, entre setembro e novembro de 2024, Hachem criou mais de 40 obras que compõem a exposição. Estas peças estabelecem um intercâmbio poético entre as realidades do Oriente Médio e da América Latina, especialmente em meio a conflitos globais.

Tradições e Narrativas Visuais

A exposição “O CÉU MURMURANTE” é um aprofundamento na complexidade da existência, utilizando gestos cotidianos e objetos carregados de memória para construir narrativas. As obras incorporam elementos da paisagem cultural brasileira, como bordados, miçangas e pipas, resgatando tradições locais.

Hachem traduz momentos vividos em artefatos de reflexão, que carregam fragmentos de uma história não escrita. Impressões marcantes de sua viagem ao Brasil, como a visão de linhas de pipa cortando o ar, contrastam com a sonoridade da violência em sua terra natal, criando uma interconexão entre o efêmero e o permanente.

Reflexões sobre Ação e Construção

Questionamentos sobre responsabilidade e controle das ações humanas são centrais na proposta de Hachem. A exposição sugere um “manual emocional”, convidando o público a reconsiderar a relação entre imagem, ação e as ficções que moldam o cotidiano. A fragilidade da existência e a força dos gestos humanos são exploradas na intersecção entre destruição e construção.

A mostra também destaca a colaboração comunitária e o resgate de tradições manuais, com apoio de associações como a Encanto das Artes Recanto das Emas, e de nomes como Cecília Osorio, Nerly Fonseca, e Genesis Lopez, além do apoio da Embaixada do Líbano na exposição de Brasília.

#Abordagem Conceitual e Materialidade

A proposição de Pascal Hachem em “O CÉU MURMURANTE” exemplifica uma prática artística contextualizada, onde a materialidade das obras se articula com uma narrativa sociopolítica. A utilização de elementos como o bordado, as miçangas e as pipas não se restringe à mera citação de tradições; configura-se como uma estratégia de hibridização cultural, promovendo um diálogo entre as especificidades de sua origem no Oriente Médio e as ressonâncias encontradas no Brasil.

Esta escolha de materiais, intrinsecamente ligada a gestos cotidianos e memórias coletivas, transcende a função ornamental, tornando-se um suporte para a semiótica da ação humana.

#Diálogo Espacial e Efemeridade

A transitoriedade inerente à obra de Hachem, concebida para interagir com o espaço e o momento de sua apresentação, evidencia uma compreensão aprofundada da dinâmica expositiva. A releitura de “Feito no Céu” em um novo contexto espacial – de Brasília para São Paulo – demonstra uma capacidade de adaptação e uma ressignificação programática, onde a obra não é estática, mas se reconfigura em função do entorno.

Esta abordagem efêmera reflete uma percepção da arte como processo contínuo e dialogante, onde o objeto artístico não se esgota em sua forma, mas nas interações que provoca. A incorporação de elementos que remetem ao efêmero, como as pipas, e ao permanente, como a violência geopolítica, sublinha a tensão entre a fragilidade da existência e a resiliência criativa.

#Intervenção e Colaboração Comunitária

O aspecto da colaboração comunitária e do resgate de tradições manuais, evidenciado pelo apoio a associações de artesãs, é um ponto de interesse que amplia a dimensão da exposição para além da mera fruição estética.

Esta intervenção social através da arte fomenta uma articulação entre a produção artística individual e o saber coletivo, conferindo à obra um caráter de engajamento socio-construtivo.

A atuação de Hachem, nesse sentido, não se limita à criação de objetos, mas se expande para a ativação de redes de conhecimento e práticas, reforçando o papel da arte como vetor de transformação e memória cultural.

 

Do artista Pascal Hachem sobre o conceito e seu processo criativo no Brasil:

“Neste momento, escrevo uma carta íntima para o meu próprio espírito”
“Minhas mãos são suas mãos,
E suas mãos são minhas.
Há uma linha fina que nos conecta a todos, abrangendo desde brincadeiras até assuntos sérios.
Se você destruir meu lar, estará destruindo seu lar.
Se você me assistir cavando meu túmulo, estará testemunhando seu próprio túmulo.
Se você me matar, estará matando a si mesmo, seu espírito, sua alegria…
Meu túmulo é feito à mão,
não apenas pelo homem.
Muitas mãos cavaram meu túmulo, e ainda assim não foram usadas as mesmas ferramentas,
mas decidi decorar essas ferramentas para torná-las mais vibrantes.
Meu túmulo tem um teto sólido.
Meu teto é um emissor musical.
Se você andar sobre ele, posso ouvi-lo.
Se um pássaro pousar nele, posso imaginar a cor de sua cauda.
Se uma manga cair sobre ele, soará como uma bomba,
mas se uma bomba de verdade o atingir, o concerto musical termina!
Afinal, os sonhos são como estar em um telhado assistindo a fogos de artifício.
Os fogos de artifício de todos os telhados carregam o mesmo sonho?
A última vez que abracei os fogos de artifício, queimei-me.
Meu tijolo,
Eu carrego meu tijolo como se o estivesse abraçando!
Nós carregamos um tijolo como se o estivéssemos abraçando! Você percebeu isso?
Quem nunca abraçou um tijolo na vida?
Minha gaiola não tem teto de cobertura.
A percepção sem teto dá a você a impressão de que você é livre.
Uma gaiola grande, uma pequena, uma chique, uma moderada —
e você é livre por dentro…
Minha pipa, e não minha aeronave, corre.
Eu a chamo de pipa — eu a chamo de aeronave.
Eu a chamo de colorida — eu a chamo de ferramenta de destruição.
Eu a chamo de seguir o vento — eu a chamo de desespero sombrio.
Eu a chamo de alegria de criança — eu a chamo de peso dos pesadelos.
Eu a chamo de brinquedo barato — eu a chamo de símbolo de potencial desperdiçado.
Eu a chamo de tempo de prazer — eu a chamo de tempo de prazer real para refletir…
Por onde começamos?
Se ambos voam, se ambos empolgam as crianças, se ambos são feitos pelo homem — ou mais precisamente, feitos pelo homem — por onde começamos?
Talvez seja melhor começar reconhecendo a fragilidade da corda que nos une a um mundo melhor, especialmente durante ventos fortes — ou no caos do conflito”.

 

Agenda:
Período: 31 de maio a 16 de agosto de 2025
Local: Galeria Karla Osorio — Filial SP
Endereço: Rua França Pinto, 1100, sala 1
Vila Mariana, São Paulo–SP
Visitação: Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 10h às 17h
Entrada gratuita
Agendamento: via WhatsApp +55 61 98114-2100
ou DM no Instagram da galeria

Contatos:
Karla Osorio Galeria
(61) 8114-2100
https://karlaosorio.com/

Pascal Hachem
mailbox@pascalhachem.net
https://pascalhachem.net/

 

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