Fábio Ramos, do escritório Plenno Arquitetura, mostra como adaptar a infraestrutura do condomínio para atender à necessidade de pontos de recarga, frente à crescente demanda por carros elétricos
A instalação de carregadores para carros elétricos em condomínios enfrenta desafios como adaptação de infraestrutura, legislação e segurança. Este artigo aborda as etapas do processo, a importância da NBR 17019 e as medidas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros.
Desafios e Adaptações em condomínios
O crescimento expressivo do mercado de veículos elétricos no Brasil, com mais de 79 mil emplacamentos apenas no primeiro semestre de 2024, segundo a ABVE, revela um cenário promissor.
Projeções indicam que, até 2040, a frota de veículos elétricos pode chegar a 11 milhões. No entanto, esse avanço esbarra em desafios relacionados à infraestrutura, especialmente nos condomínios, onde a demanda por pontos de recarga tem aumentado.
Adaptação de condomínios antigos
Em São Paulo, a Lei n.º 16.642, de 2021, tornou obrigatória a inclusão de estações de recarga em novos empreendimentos, mas o problema maior está nos edifícios antigos. Muitos deles não possuem capacidade elétrica ou estrutura para atender à nova demanda, como ressaltou Fábio Ramos, da Plenno Arquitetura.
Uma pesquisa da CondoConta aponta um crescimento de 35% em reformas elétricas para essa finalidade no último ano, com destaque para São Paulo, embora o índice ainda esteja aquém das necessidades nacionais.
O processo de adaptação exige aprovação em assembleia de condôminos, onde se definem custos, modelos de instalação e cobrança pelo uso da energia elétrica. Adicionalmente, é necessário avaliar a infraestrutura técnica do prédio, assegurando que a rede elétrica suporte a carga adicional sem riscos de sobrecarga ou incêndios.
Segurança e regulamentação
A Norma Técnica Brasileira NBR 17019, que regulamenta instalações para veículos elétricos, estabelece diretrizes para segurança, mas não aborda diretamente o risco de explosões durante a carga das baterias.
Esse vácuo normativo torna indispensável a consulta ao Corpo de Bombeiros, como exemplificado em São Paulo. Recentemente, a corporação publicou diretrizes e iniciou consultas públicas para aprimorar normas de segurança, freando temporariamente cerca de 400 projetos de instalação de carregadores.
De acordo com Ramos as fases de implantação são:
• Aprovação da instalação em assembleia de moradores — É quando os moradores decidem quem vai arcar com os custos da instalação. A modalidade da instalação (se é um ponto único — utilizado de modo compartilhado por quem tem esse tipo de veículo —, ou vários — um para cada condomínio que precisa) e a forma de cobrança da conta de luz ligada aos pontos de recarga, tendo em vista que essa energia será de uso particular e não deve ser rateada entre todos os condomínios.
• Infraestrutura técnica — não basta aprovar com os moradores a instalação dos carregadores, é necessário também avaliar a infraestrutura elétrica da edificação para saber se ele está apto a receber o projeto em relação à potência elétrica da rede, os modelos de carregadores mais indicados e os locais adequados para instalação. Essa avaliação deve ser realizada por profissional especializado que garantirá a segurança do projeto.
• NBR 17019 e Corpo de Bombeiros — Um dos mais importantes debates sobre a instalação de carregadores e a crescente demanda de carros elétricos são as questões de segurança e os riscos de incêndios. Por isso, é imprescindível pesquisar e se manter informado em relação à Norma Técnica Brasileira, n.º 17019, que especifica os requisitos para a instalação elétrica fixa destinada a fornecer energia elétrica aos veículos elétricos e determina condições e regras para a questão. No entanto, a norma não abrange a avaliação de risco de explosão durante a carga da bateria. Portanto, é imprescindível a verificação com o órgão de Corpo de Bombeiros do estado na qual o condomínio está localizado.
‘No estado de São Paulo, por exemplo, o Corpo de Bombeiros publicou em abril, uma minuta com imposições que devem ser adotadas em prédios e estabelecimentos que contam com os carregadores. Iniciando também uma consulta pública — que terminou no início de agosto — para aprimorar os protocolos de segurança e subsidiar a criação de normas mais eficazes para o setor’, explica Fábio.
Segundo documento do Corpo de Bombeiros de São Paulo, os edifícios não adaptados da forma correta podem provocar curtos-circuitos e fogo de “difícil extinção”; assim como a “alta dissipação de gases tóxicos”.
Conforme a ABVE, essa minuta dos bombeiros freou cerca de 400 projetos de instalação de pontos de recarga, e os estabelecimentos seguem na espera para definição das normas da corporação em São Paulo.
‘Caso os projetos de implantação não seguirem as regras do órgão, os condomínios podem perder o alvará da instituição ou não conseguirem a renovação do documento’, finaliza o profissional da Plenno Arquitetura.
O não cumprimento das normas pode acarretar penalidades severas, como a perda ou não renovação do alvará de funcionamento dos condomínios.
[Essencial] — A integração de carregadores em condomínios representa um avanço necessário para acompanhar a transição energética no setor de mobilidade.
Contudo, a complexidade do processo expõe lacunas na regulamentação e na capacidade técnica de muitos edifícios, demandando investimentos robustos e a atuação de especialistas.
A legislação paulista, apesar de pioneira, evidencia a urgência de harmonizar normas em âmbito nacional, criando uma infraestrutura segura e sustentável.
Do ponto de vista técnico, o uso de normas como a NBR 17019 é um passo importante, mas incompleto.
A inclusão de estudos específicos sobre dissipação de gases e mitigação de riscos de incêndios durante o carregamento seria essencial para ampliar a segurança.
O planejamento estratégico, envolvendo síndicos, condôminos e especialistas, deve priorizar soluções eficientes, evitando improvisações que possam comprometer tanto a segurança quanto a funcionalidade da estrutura.
Principais Aspectos
• Desafios da adaptação — A necessidade de adaptar a infraestrutura elétrica de condomínios antigos representa um obstáculo significativo.
• Legislação — A Lei n.º 16.642/2021, embora importante, não abrange todos os desafios, especialmente em relação à segurança.
• Segurança — A NBR 17019 e as exigências do Corpo de Bombeiros destacam a importância de normas e protocolos específicos para garantir a segurança das instalações.
• Planejamento estratégico — A necessidade de um planejamento cuidadoso, envolvendo todos os condôminos, é fundamental para o sucesso da implantação.
• Custos — Os custos da instalação e da energia consumida pelos carregadores devem ser considerados no planejamento financeiro do condomínio.
Contato:
Plenno Arquitetura
https://arqbrasil.com.br/12380/plenno-arquitetura/
https://www.plenno.com.br
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