Escritórios construídos para a inclusão projetados pensando no bem-estar de todos

Projetando para neurodiversidades

As discussões em torno da diversidade, que chegaram aos escritórios há algum tempo, estão ganhando um novo capítulo na construção de espaços inclusivos.

A pandemia acelerou e aumentou o interesse das empresas nas pessoas, trazendo para o primeiro plano questões ligadas à saúde e ao bem-estar dos colaboradores. Dentro desse cenário, as neurodiverdades destacaram-se.

Segundo a criadora Judy Singer, o termo  neurodivergente diz respeito às variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo no que se refere a sociabilidade, aprendizagem, atenção e outras funções cognitivas, fazendo com que cada um de nós pense e aja de forma única e particular.

“É fácil de compreender quando comparamos pessoas com diferentes características. Por exemplo, há quem precise de um espaço silencioso e com poucos estímulos para se concentrar, diferentemente daqueles que conseguem manter o foco mesmo em meio ao barulho e à movimentação ao redor”, explica Roberta Hodara, especialista em Workplace e Change Management da JLL no Brasil.

No Reino Unido, estima-se que uma em cada sete pessoas seja neurodivergente. O empresário Elon Musk e a ativista Greta Tumberg revelaram publicamente terem Asperger e reforçaram a importância da discussão da neurodiverdade dentro dos ambientes corporativos.

“Devemos celebrar a neurodiversidade pelo que é – uma superpotência”, diz Vivek Menon, Diretor Global de Gerenciamento de Produtos e presidente da Rede de Neurodiversidade da JLL. “As pessoas neurodivergentes pensam sobre as coisas de maneira diferente, fora da caixa. Elas são um ativo para qualquer organização e, por isso, as empresas precisam projetar seus espaços de escritório com elas em mente.”

Ao projetar para a neurodiversidade, é importante entender que as pessoas têm diferentes experiências sensoriais e que o escritório afeta todos os nossos cinco sentidos. Luz, acústica, cor, compartimentação, transições, sentidos, fugas e recuperação permitirão criar um espaço que não só funcione para aqueles neurodivergentes, mas que também funcione para todos os tipos de personalidades.

Alguns aspectos de projetos inclusivos, que foram pensados levando em conta as neurodiversidades:

Luz – O uso de luz natural ao invés de iluminação artificial brilhante torna o escritório mais confortável para todos. A solução também garante economia e está alinhada às boas práticas de sustentabilidade.

Acústica – Dar atenção à acústica de um espaço pode tornar um ambiente mais agradável para aqueles sensíveis ao ruído. Cabines privadas também são uma boa opção para pessoas que precisam escapar do barulho do escritório.

Biofilia – “Estamos incorporando coisas como biofilia e espaços verdes, que não só atingem nossos objetivos de sustentabilidade, mas também ajudam com o bem-estar, uma vez que está provado que o fato de estarmos ao redor da natureza aumenta o humor das pessoas, o que será uma grande ajuda para aqueles que são neurodivergentes”, diz Ines Cabrita, Chefe de Design da Tétris Portugal.

Projeto centrado no bem-estar – O bem-estar foi o ponto focal para o desenvolvimento do espaço de trabalho da Natixis, multinacional francesa de serviços financeiros, no Porto, em Portugal, onde a JLL criou um projeto que torna o escritório um destino.

“As pessoas que são neurodivergentes podem ter resistência apenas com a ideia de ir para o escritório, especialmente se não for um espaço acolhedor que possa acomodar todas as suas necessidades. Quando começamos o projeto, sabíamos que era importante criar um destino para o qual as pessoas se sentissem inspiradas e realmente quisessem se deslocar”, explica Cabrita.

Para isso, a executiva e sua equipe de designers criaram um conceito de ‘aldeia’ para refletir o negócio global da Natixis – com uma área do escritório destinada à cultura de um local onde a empresa está presente.

“Uma coisa que precisamos entender é que, quando está projetando para a neurodiversidade, você precisa projetar com todos os cinco sentidos em mente para criar uma experiência imersiva ao invés de apenas um escritório onde as pessoas trabalham. Isto incentiva as pessoas a voltarem ao escritório porque sabem que há uma experiência sensorial ou um espaço de trabalho que se adequará à sua personalidade, à forma como trabalham e acomodará qualquer pessoa”, detalha a profissional.

Cada um desses espaços possui elementos naturais encontrados nesses países, de modo que o projeto não é apenas inclusivo, mas também sustentável. Cada parte do escritório foi projetada com o bem-estar, a inclusão e a neurodiversidade em mente.

Desde os bazares de Mascate com estações de chá aromatizadas e um espaço de duna de areia para relaxar, até a área inspirada na parede de cortiça do Porto, onde o colaborador pode desfrutar de uma acústica anti-ruído.

O segredo está nos detalhes – O design inclusivo incentivará as pessoas a voltarem ao escritório depois de mais de um ano de trabalho em casa.

Se o escritório for mais do que apenas um lugar para trabalhar e permitir que os colaboradores realizem outros aspectos de sua vida, tais como exercício e socialização, as pessoas farão o esforço para voltar. No entanto, o design inclusivo não se trata apenas de neurodiversidade – trata-se também de acessibilidade.

“Trabalhamos para uma empresa global, mas nem todos entendem os mesmos idiomas”, diz Carolina Ferreira, uma designer da Tétris Portugal. “As empresas globais precisam ter certeza de que seus sinais sejam compreendidos por qualquer pessoa que possa usar o escritório, independentemente de sua origem. Pode valer a pena explorar o uso de símbolos de compreensão universal ao lado de sinais escritos para que todos possam entender. Todos nós poderíamos ir um passo além e incluir placas em braile para que os deficientes visuais possam navegar por espaços de maneira mais fácil e cheguem aonde quer que seja de forma independente”, completa.

Para Roberta Hodara, o primeiro passo é conhecer o perfil dos funcionários em vários aspectos, entre eles sob o ponto de vista das neurodiversidades.

“Essas informações são extremamente relevantes para que a equipe no design possa incluir no programa de necessidades espaços adequados para que os colaboradores usufruam da melhor forma possível do escritório, proporcionando acolhimento por meio de um espaço inclusivo. Mantenha um canal de comunicação aberto entre o RH e os colaboradores, para que eles possam falar sobre si, garantindo a confidencialidade das informações”, ressalta a executiva da JLL Brasil.

Contatos:
JLL Brasil
(11) 3043-6900 / (21) 2277-2719.
https://www.jll.com.br/pt

Tétris
(11) 3500-7974
https://www.tetris-db.com/ptbr/