A exposição ‘Na Altura dos Olhos’ redefine a tapeçaria como uma forma de arte que interage profundamente com o espaço e o espectador

Tapeçarias escultóricas de Jessica Costa na Zipper

Jessica Costa — Sobejos X 2024 — Detalhe / Tapeçaria em tufagem manual com fios de lã natural, moldura com vidro museológico

A exposição ‘Na Altura dos Olhos’, de Jessica Costa, apresenta tapeçarias que desafiam a bidimensionalidade, criando instalações escultóricas que interagem com o espaço e o corpo humano, promovendo uma reflexão sobre arte e artesanato.


Tapeçarias que Transformam Espaços Expositivos

A Zipper Galeria, conhecida por promover a arte contemporânea, apresenta ‘Na Altura dos Olhos’, a primeira exposição individual de Jessica Costa, artista paulistana que combina técnicas de design com arte têxtil.

A mostra, que ocorre de 21 de setembro a 1º de novembro de 2024, faz parte do projeto Zip’Up, focado em artistas emergentes, e destaca a tapeçaria como prática artística contemporânea, subvertendo as convenções tradicionais da arte têxtil e suas fronteiras com o artesanato e as belas-artes.

Tapeçaria como intervenção espacial

A proposta central da exposição é a transformação do espaço expositivo por meio de tapeçarias que transcendem a bidimensionalidade tradicional dessa técnica. Jessica Costa utiliza a tapeçaria de forma escultórica, criando instalações que interagem diretamente com o ambiente arquitetônico da galeria.

Ao reconfigurar o conceito da tapeçaria — de ornamento plano para uma forma tridimensional —, a artista propõe uma nova maneira de ver e experienciar o têxtil no campo das artes visuais. A mostra também explora a relação da tapeçaria com o corpo humano, trazendo formas que aludem a fragmentos corporais e sugerem uma conexão tátil com o espectador.

Série ‘Sobejos’ e a expansão da moldura

Um dos destaques da exposição é a série ‘Sobejos’, que questiona os limites convencionais da moldura. As peças, que se estendem pelo chão da galeria como ‘esculturas suaves’, subvertem a ideia de contorno fechado, expandindo-se de maneira fluida pelo espaço expositivo.

Essa abordagem amplia o campo de visão e desafia a percepção tradicional da obra de arte confinada a uma parede. A presença física dessas esculturas têxteis gera uma interação espacial e sensorial que envolve o público, conferindo um caráter dinâmico à mostra.

Técnica da tufagem e referências históricas

Jessica Costa emprega a técnica da tufagem — que consiste em ‘pintar’ com fios têxteis, criando uma densidade e textura únicas — para confeccionar suas peças.

Essa técnica, tradicionalmente associada à produção de tapetes e carpetes, é reinterpretada pela artista como meio de expressão escultórica e arquitetônica.

As referências à tapeçaria medieval e ao movimento Arts & Crafts, que valorizam o trabalho manual e as artes decorativas, são revisitadas em um contexto contemporâneo, onde a tapeçaria transcende o utilitário e o decorativo, assumindo um papel de destaque como arte visual.

A crítica à separação entre artes visuais e artesanato

A exposição também provoca uma reflexão sobre a histórica separação entre as belas-artes e o artesanato. Ao integrar a tapeçaria em um contexto de arte contemporânea, Costa desafia a hierarquia que coloca a arte têxtil em uma posição inferior na história da arte.

Essa integração entre arte e design, bem como a escolha dos materiais — como lã e bordados —, reforça a intenção da artista de romper com essas divisões e de trazer o têxtil para o centro da discussão artística.

 

[Considerações]A exposição de Jessica Costa revela uma habilidade na utilização da tufagem, que vai além de seu uso funcional tradicional, transformando-a em uma técnica de caráter escultórico. Ao estender a tapeçaria pelo chão, como na série ‘Sobejos’ o espectador tanto visual quanto fisicamente. A escolha de referências históricas, como o movimento Arts & Crafts, demonstra uma compreensão das tradições artesanais, enquanto sua reinterpretação para o contexto atual revela um discurso crítico acerca das barreiras entre o artesanato e as artes visuais. A tapeçaria, aqui, assume um papel arquitetônico, com as texturas e formas estabelecendo um diálogo com o espaço da galeria, desafiando as categorias estabelecidas de arte e propondo uma reflexão sobre a condição do têxtil como meio legítimo de expressão artística contemporânea.

 

Pontos Relevantes

• Transformação do Espaço — A exposição utiliza tapeçarias para criar intervenções espaciais, desafiando a percepção tradicional da arte.
• Série ‘Sobejos’ — As obras se expandem pelo chão, promovendo uma nova experiência sensorial ao público.
• Técnica da Tufagem — Jessica Costa reinterpreta a tufagem como uma forma escultórica, conectando tradição e inovação.
• Reflexão Crítica — A mostra provoca um debate sobre a separação entre artes visuais e artesanato, elevando a tapeçaria à condição de arte contemporânea.

 

Serviço:
‘Na Altura dos Olhos’ — Jessica Costa
Período expositivo: até 1º de novembro de 2024
Rua Estados Unidos, 1494, São Paulo–SP
Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 17h
Entrada: gratuita

 

Contato:
Zipper Galeria
(11) 4306 4306
https://www.zippergaleria.com.br/

 


#Tópicos — Zipper Galeria; Jessica Costa; Na Altura dos Olhos; exposição de arte têxtil; tapeçaria contemporânea; arte têxtil; tapeçaria esculpida; tufting; tufagem; soft sculptures; tapeçaria tridimensional; arte visual contemporânea; série ‘Sobejos’; técnica da tufagem; tapeçaria medieval; movimento Arts & Crafts; artes visuais; artesanato e belas-artes; exposição Zip’Up; artistas emergentes; galeria de arte contemporânea; tapeçaria e escultura.

 

[Pesquisar nesta página]

 

 

capa

 

*Gostou da informação? Compartilhe.