Caboclos da Amazônia: Arquitetura, Design e Música em Foco em Exposição no Museu A CASA do Objeto Brasileiro a partir de 30 de setembro de 2024
A exposição “Caboclos da Amazônia: Arquitetura, Design e Música” apresenta uma coleção de mais de 300 peças que exploram a cultura cabocla da Amazônia. O visitante poderá conhecer a arquitetura, o design, a música e outras expressões artísticas da região.
O Museu A CASA do Objeto Brasileiro, em colaboração com Alcantarino Design, tem a honra de apresentar a exposição “Caboclos da Amazônia: Arquitetura, Design e Música”, uma celebração envolvente que destaca o riquíssimo universo da arquitetura, design e expressões artísticas do Pará.
Esta mostra única, que tem o patrocínio do Ministério da Cultura e do Instituto Cultural Vale, estará aberta ao público de 30 de setembro de 2023 a 07 de janeiro de 2024, na sede da instituição localizada na Rua Pedroso de Moraes, 1216, em Pinheiros, São Paulo.
Uma Jornada pela Essência Cabocla da Amazônia
Idealizada pelo renomado designer Carlos Alcantarino, a exposição mergulha profundamente na autenticidade da cultura cabocla da Amazônia. A jornada de Alcantarino pelas comunidades da ilha de Marajó, incluindo Afuá, e da ilha do Combu, situada em Belém, revela conceitos originais que desafiam as normas estéticas convencionais e capturam a rica atmosfera cultural vivenciada pelos caboclos na floresta.
Durante suas incursões, Alcantarino documentou de forma meticulosa suas impressões da paisagem amazônica. Elementos do cotidiano, como a elevação das habitações para proteção contra as cheias das marés, a vibrante paleta de cores das casas, a música regional e as elaboradas inscrições nas embarcações, minuciosamente confeccionadas pelos talentosos artistas conhecidos como “abridores de letra”, coexistiam de maneira harmoniosa em seu cenário.
Uma Coleção que Cativa a Imaginação
A exposição “Caboclos da Amazônia” apresenta uma coleção diversificada com mais de 300 peças, organizadas em quatro categorias distintas:
Arquitetura e Interiores: Esta seção exibe uma coleção de fotografias tiradas nas ilhas do Marajó e do Combu, enfatizando a arquitetura única das casas de ribeirinhos, pescadores e outros cenários da Amazônia.
A cenografia é composta por tábuas de construção sem acabamento, pintadas nas cores tradicionais dessas habitações, proporcionando uma representação fiel da autêntica arquitetura cabocla em toda sua dimensão.
Objetos: A área dedicada aos “Objetos” apresenta instalações que incluem elementos da vida cotidiana dos caboclos, como o carrinho de raspa-raspa, garrafas com ervas do Mercado Ver-o-Peso, brinquedos feitos de miriti e as pipas que são empinadas nos céus de Belém.
Letras: Na seção dedicada às “Letras”, os visitantes terão a oportunidade de se familiarizar com os símbolos de comunicação do caboclo amazônico, com destaque para os “abridores de letras,” que são os artistas responsáveis por pintar os nomes nas embarcações. As paredes servirão como suporte para exibir o trabalho de alguns desses artistas, cada um com seu estilo único.
Música: No espaço dedicado à “Música”, a atmosfera evoca os bares à beira da estrada do interior amazônico, com destaque para a trilha sonora que inclui os ritmos de carimbó, guitarrada e festa de aparelhagem.
Colaborações Notáveis
Para a realização desta exposição singular, Carlos Alcantarino contou com colaboradores notáveis. A designer gráfica Fernanda Martins, especializada em Tipografia e Design com foco na região amazônica, coordenou o projeto “Letras que Flutuam”.
Além disso, Alessandro Lima Abreu, um profissional da pintura que iniciou sua carreira aos 14 anos, auxiliando seu pai, contribuiu com sua expertise. Sua trajetória inicial na pintura se assemelha à de muitos jovens na região, onde seu pai cuidava dos traços das letras, enquanto Alessandro ficava responsável por preencher os desenhos.
Não perca a oportunidade de explorar a riqueza da cultura cabocla da Amazônia através da exposição “Caboclos da Amazônia: Arquitetura, Design e Música”, uma experiência enriquecedora que promete surpreender e encantar os visitantes.
Caboclos Da Amazônia: Arquitetura, Design e Música
Texto de Carlos Alcantarino, organizador da exposição
“Nascido e criado em Belém do Pará, o céu, a mata, os rios, a atmosfera regional e cultural, para mim tudo era absolutamente normal e corriqueiro. Anos se passaram, radicado no Rio de Janeiro, trabalhando como designer e atuando em algumas frentes relacionadas às artes, volta e meia voltava a Belém. O olhar mudou. Navegando pelos furos na ilha do Combu, me dei conta de que aquele cenário era de uma exuberância única, e aquelas simples casas pareciam ter nascido naqueles locais. Parece pouco? Não é.
Ficava imaginando projetos de renomados arquitetos, e cada vez mais essa arquitetura invisível e pura do caboclo me parecia a melhor alternativa para acompanhar a floresta, protagonista da cena.
Iniciei uma pesquisa, viajei pelo Marajó fotografando vilas de pescadores e centros urbanos, entrei nessas casas e deparei com uma explosão de cores. É interessante essa completa dissociação da arquitetura e decoração com o restante do país, onde o minimalismo e as cores neutras predominam.
Percebi que poderia agregar nessa busca outras expressões artísticas dessa região, com o mesmo conceito original, desvinculado de qualquer tendência vigente – como as letras abertas que denominam os barcos amazônicos, um legado que muitas vezes passa de pai para filho, criando intuitivamente uma identidade gráfica.
Os objetos nascem não apenas pela necessidade do seu uso, como canoas e redes, mas muitas vezes com um pensamento involuntariamente lúdico, cuja função é apenas transmitir a magia desse povo, como por exemplo uma banca de ervas e garrafas no mercado Ver-o-Peso que resulta em uma bela instalação sensorial.
Finalmente, a música local é a trilha sonora desse conjunto denominado cultura amazônica, embalando e contagiando com personalidade ímpar. Nossa proposta é apresentar uma amostra desse universo, oriundo do mais puro sentimento caboclo.”
Como resultado da exposição, foi produzido um catálogo que inclui textos contribuídos por conceituados autores, sendo a apresentação assinada pela renomada jornalista Adélia Borges, que detém o título de Doutora Honoris Causa concedido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Texto de Adélia Borges
“A Amazônia é internacionalmente conhecida por suas riquezas naturais. O que poucos conhecem são as riquezas construídas pelas mulheres e pelos homens que a habitam. Esta exposição desvenda o universo da arquitetura e do design elaborados na Amazônia, mostrando que as criações locais atendem com muita inteligência as funções a que se destinam e são totalmente adaptadas ao território em que se inserem. Ao contrário de agredir a natureza, convivem harmonicamente com ela.
Mas elas vão muito além. Não basta que as casas sejam erguidas sobre palafitas para enfrentar bem a subida das águas e descida das águas ou que os objetos utilizem com sabedoria as matérias-primas do território. Em tudo se vê um vocabulário formal incrível. Tudo é exuberante e superlativo. Não há monotonia. Em oposição a um mundo que fica cada vez mais homogêneo, igual e monótono, aqui se vê uma diversidade de cores e grafismos a expressar o desejo de beleza e a expressão individual de cada morador. As cercas que delimitam o privado do público são vazadas para propiciar a necessária ventilação em ambientes de alta umidade do ar, sendo portanto uma solução coletiva adaptada ao meio. Mas cada uma tem a sua identidade própria, em grafismos que parecem nunca se repetir. Os interiores das residências poderiam estar em revistas de arquitetura e decoração, se elas se abrissem para a expressão popular, tal a personalidade dos ambientes que combinam sem constrangimento diferentes estampas e materiais, dos plásticos à toalhinha de crochê, e sempre com muitas, muuuuiiiiitas cores.
O organizador desta surpreendente e valiosa exposição reúne condições ideais para a tarefa que empreendeu. Carlos Alcantarino nasceu no Pará e portanto enxerga desde “dentro” a realidade que aborda. Ao mesmo tempo, soma o olhar “de fora”, pois há 40 anos foi para o Rio de Janeiro, onde construiu uma carreira nacional e internacional solidamente reconhecida. Tem, portanto, repertório mais do que suficiente para navegar nessas águas.Alcantarino se cercou de outras pessoas que também nutrem um olhar experiente e amoroso em relação à região, a exemplo da designer Fernanda Martins, que fez a seleção dos letreiros dos barcos, ampliando o acesso à sua pesquisa sobre os “abridores de letras”, como são conhecidos os pintores de barcos, e trazendo três deles para a frente da cena, garantindo seu protagonismo. Os objetos vernaculares como o carrinho de raspa-raspa e as garrafadas de ervas, as fotos mostrando a diversidade das embarcações artesanais e os objetos carregados de significado espiritual ofertados por ocasião do Círio, entre outros, compõem um conjunto muito estimulante, e tudo isso embalado pela música da região, igualmente diversa e vibrante.
Ao trazer à luz esses múltiplos inventários, esta exposição vai incentivar que esse rico patrimônio seja respeitado e valorizado por todos aqueles que querem um futuro melhor, em que o fazer humano não só não entre em choque com a natureza, mas também celebre com formas e cores a alegria de estarmos vivos.”
Programação de Abertura da Exposição
Para a cerimônia de abertura da exposição, agendada para o dia 30 de setembro, sábado, das 14h às 18h, está previsto um bate-papo com a participação de Carlos Alcantarino, Fernanda Martins e Alessandro Lima Abreu, mediado por Regina Galvão, jornalista, curadora e consultora de conteúdo especializada em design, arte e arquitetura.
O Museu A CASA oferecerá aos visitantes uma oportunidade para uma experiência autêntica da gastronomia paraense, apresentando iguarias como o tacacá servido em cuia, creme de cupuaçu, açaí com tapioca, sucos regionais e cachaça de jambu.
Sobre Carlos Alcantarino
Nasceu em Belém do Pará, em 1958, e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1982 onde está baseado até o presente. Designer autodidata, possui graduação em engenharia civil com mestrado pela PUC – Rio.
Em 1996 montou o Estúdio Alcantarino, especializado no desenvolvimento de móveis e objetos utilitários, projetos arquitetônicos e cenográficos e consultoria em design. Tem se destacado na área de design sustentável e socioambiental com seu projeto Experiência Design.
Já participou de inúmeras exposições internacionais e ganhou os principais prêmios de design no Brasil e exterior.
Serviço:
O Museu A Casa Do Objeto Brasileiro E Alcantarino Design Realizam A Exposição
Caboclos Da Amazônia – Arquitetura, Design, Música
De 30 de Setembro a 07 de Janeiro de 2024
Abertura: 30 de Setembro, Sábado, das 14H00 às 18H00
MUSEU A CASA DO OBJETO BRASILEIRO
Av. Pedroso de Morais 1216, Pinheiros, São Paulo SP
CEP: 05420-001 São Paulo, SP, Brasil +55 11 3814-9711
Horários: de terça a domingo, das 10h às 18h30
Entrada gratuita | Amigável aos animais
Contatos:
Museu A CASA do Objeto Brasileiro
(11) 3814-9711
https://www.acasa.org.br/
Alcarino Design
https://www.alcantarino.com/
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