Projeto do escritório Horizontes Aarquitetura, para Escola de Música UFPE, se adapta às demandas acústicas, com volumetrias, ângulos e planos que evocam movimento e ritmo
A Escola de Música da UFPE é um edifício projetado para harmonizar a arquitetura e a acústica. O projeto utiliza elementos distintivos, como luz e sombra, espaços de convívio e movimento, para criar um ambiente que celebra a música.
A concepção de uma Escola de Música, que não só ofereça educação musical de excelência, mas também proporcione um palco para concertos públicos, é um desafio que transcende os limites da arquitetura e da decoração.
É uma busca pela harmonia entre a complexidade simbólica das salas de concerto e as necessidades didáticas e culturais de uma instituição de formação musical.
Tais empreendimentos, ao longo da história, moldam a cultura musical de nações e gerações, emulando as palavras do filósofo Arthur Schopenhauer: “Arquitetura é música congelada”.
A Arquitetura como Extensão do Significado
Uma escola de música não deve ser apenas um conjunto de salas organizadas, mas sim um edifício que transcende sua função primária.
No caso da Escola de Música da UFPE, o projeto se baseia em elementos distintivos que qualificam e diferenciam sua arquitetura: luz e sombra, espaços de convívio, áreas de observação e interação, e, crucialmente, o movimento.
O ponto de partida desse projeto foi a excelência acústica, que determinou não apenas a forma das salas, mas também a setorização e a disposição dos espaços adjacentes.
A arquitetura se adapta às demandas acústicas, criando uma volumetria que utiliza ângulos e planos em balanço para evocar uma sensação de movimento e ritmo. As fachadas, por meio de suas variações de ângulos e planos, expressam a dinâmica inerente à criação musical.
Acústica Perfeita como Prioridade
As salas de recitais, salas de ensaio e salas de treino/prática têm requisitos rigorosos de acústica.
Grandes aberturas, como janelas, seriam prejudiciais para o desempenho acústico, tornando-as pouco desejáveis.
Portanto, o volume resultante do edifício enfatiza a presença de elementos sólidos sobre vazios.
O envelope externo recebe um tratamento especial, com brises e placas metálicas texturizadas que marcam ritmos verticais. O uso de cores metalizadas na fachada exterior confere uma imagem contemporânea ao edifício.
Conforto e Eficiência
Contudo, uma escola de música não se trata apenas de estética e acústica. O conforto dos professores, funcionários e alunos é uma parte essencial do projeto.
A fachada ventilada em placas de alumínio, afastada da alvenaria, cria uma ventilação entre a parede e o envelope externo, contribuindo para a redução da temperatura interna.
No coração do edifício, um grande pátio central serve como uma chaminé de ventilação natural, proporcionando iluminação e ventilação naturais e conectando visualmente os pavimentos.
Um Espaço de Convivência Artística
A entrada do edifício, no nível térreo, convida com um grande foyer sombreado por elementos verticais que marcam a fachada. Esse hall de entrada principal funciona como um pilotis, abrindo-se para o pátio externo e atuando como um ponto de transição para o foyer do recital e para a escola.
A área frontal é projetada de forma topográfica, preservando árvores existentes e criando um ambiente com rampas suaves, platôs, arquibancadas e um palco para eventos externos.
Gera um amplo espaço de convivência, semelhante a locais como a Place Stravinsky, ao lado do IRCAM em Paris, e à praça do Lincoln Center em Nova York. Um anfiteatro completa a composição dessa praça de entrada.
A Expressão Contemporânea
O uso de formas livres e anguladas na implantação e volumetria, juntamente com superfícies metálicas, confere ao projeto uma identidade contemporânea, refletindo o espírito da época no edifício.
A Escola de Música da UFPE não é apenas um local de educação musical, mas uma obra arquitetônica que integra perfeitamente forma e função, oferecendo uma experiência que celebra a música em sua essência e a expressa através da arquitetura. É um tributo à harmonia entre som, espaço e luz.
Ficha:
Arquitetura: Horizontes Arquitetura e Urbanismo (Gabriel Velloso da Rocha Pereira, Luiz Felipe de Farias e Marcelo Palhares Santiago), Fernando Luiz Lara, Acústica & Sônica (José Augusto Nepomuceno e Júlio Gaspar), Rafael Yanni, Silvia Guastaferro e Thais Minardi.
Acústica, Planejamento dos Espaços e Sala de Recital: Acústica & Sônica (José Augusto Nepomuceno e Júlio Gaspar)
Colaboradores: Camila Alberoni, Iris Dias Resende Pereira e Mariana Carneiro
Estagiários: Ana Vitória Leão, Heidi Brandenberger e Mariana Tobias Leite
Imagens renderizadas: Box Image @boximage.3d
Isométricas, plantas, cortes, etc.: Horizontes Arquitetura e Urbanismo
Localização: Campus Recife da Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE
Área construída: 8.884 m²
Área do terreno: 2.925 m²
Contato:
Horizontes Arquitetura + Urbanismo
https://arqbrasil.com.br/28522/horizontes-arquitetura-urbanismo/
https://horizontesarquitetura.com.br/
Tópicos: Escola de Música UFPE; Arquitetura e Acústica; Excelência Acústica; Salas de Recitais; Salas de Ensaio; Espaços de Convívio; Movimento Arquitetônico; Fachadas Metálicas; Cores Metalizadas; Conforto de Professores e Alunos; Ventilação Natural; Iluminação Natural; Foyer Principal; Espaço de Convivência Artística; Expressão Contemporânea; Place Stravinsky; IRCAM em Paris; Lincoln Center em NY; Formas Livres e Anguladas; Identidade Contemporânea;