Até 19 de março de 2023 a exposição Tomie Ohtake Dançante celebra os 20 anos de fundação do Instituto Tomie Ohtake

Tomie Ohtake dançanteNesta exposição comemorativa – 20 anos de uma instituição compromissada em se renovar para oferecer ao público um programa de qualidade, tanto de exposições quanto de atividades culturais e educativas –, os curadores Paulo Miyada e Priscyla Gomes trazem novo olhar para a obra de Tomie Ohtake.

Em Tomie Ohtake Dançante, a dupla de curadores investiga se a pintura dança, ou se é possível dançar com a pintura.

“Palavras como movimento, gesto, matéria, ritmo, corpo, espaço, deslocamento, partitura e coreografia, antes mesmo de serem articuladas em uma sentença verbal, misturavam-se na hipótese de que na obra de Tomie Ohtake se dança, de que Tomie é dançante”.

Além da seleção de obras, para preparar a exposição os curadores conversaram ao longo de seis meses com coreógrafos e coreógrafas de perfis e trajetórias diversos, capazes de imergir na produção plástica de Tomie Ohtake.

Neste período os convidados conceberam obras em diálogo com a casa e a produção de Tomie e realizaram ensaios abertos na casa-ateliê da artista, compartilhando os respectivos processos com o público.

Essas peças farão parte da exposição com intuito agora de ocupar e ativar diferentes espaços do Instituto Tomie Ohtake.

Segundo os curadores, ao revisitar a obra de Tomie, encontraram algumas ênfases plausíveis para uma abordagem do que há de dançante no seu fazer e no seu experienciar.

“Em decorrência dessas ênfases, organizamos esta exposição com 45 obras, em três atos, três ambiências que conjugam seleções de pinturas de Tomie Ohtake com recursos expográficos escolhidos para intensificar a consciência sinestésica do corpo, do espaço e do movimento que atuam na percepção da imagem pictórica”, destacam Miyada e Gomes.

No primeiro ato, rasgos e combinações, estão reunidas pinturas da década de 1960, quando Tomie realizava estudos com papéis coloridos retirados de revistas, convites e outros impressos, rasgados à mão e agrupados em pequenas colagens.

O conjunto ressalta a recorrência de pedaços e formas que, com suas bordas tremidas, giram, multiplicam-se, ocupam diferentes posições, saltam de um lado para o outro, de uma tela para a outra.

Os curadores ressaltam que para acompanhar o ritmo dessa coreografia, o passo do visitante que adentra o ambiente é surpreendido pela maciez do piso revestido de espuma.

“Trata-se de uma sutil quebra da convenção museológica, apenas suficiente para lembrar a cada pessoa que ela também tem um corpo, e que cada movimento depende do encontro do gesto habitual com a consistência do espaço em que se pisa”.

Já em tatear a matéria sob uma penumbra, focos iluminam pinturas criadas pelo enfrentamento dos movimentos de Tomie Ohtake com a substância pictórica, sua densidade e transparência.

No centro desse ambiente estão as chamadas “pinturas cegas”, da década de 1960, de grande gestualidade: pinceladas feitas de olhos fechados.

Compõem este ato, pinturas realizadas a partir da década de 1980, que remetem diretamente à materialidade da tinta acrílica, à solvência de seu pigmento na água, cujas pinceladas compõem movimentos ritmados.

Por fim, planos e profundidades é o ato de conclusão da mostra, com pinturas produzidas desde a década de 1970 até 2010. Em um espaço amplo, planos pendentes do teto sucedem-se em um ritmo de diferentes alturas, larguras e distâncias.

“Esse recurso remete à cenografia de Tomie Ohtake para a ópera Madame Butterfly (1983), em que simples planos de cor dispostos em profundidades distintas eram suficientes, segundo a artista, para sugerir tanto contextos e espacialidades quanto estados emocionais de seus personagens”, lembram os curadores.

Esse ambiente pictórico coloca o visitante em deslocamento entre imagens que são em si mesmas sugestivas de movimento e acolhe uma pintura em grande escala – 10 metros de comprimento – que Tomie concebeu para a inauguração do Instituto e só agora volta a ser exibida. “Uma obra que, em si, desenha a coreografia de uma linha no espaço”, completam Miyada e Gomes.

Tomie Ohtake Ensaios

Na sala exclusivamente dedicada às exposições de Tomie, no térreo do Instituto Tomie Ohtake, será apresentada concomitantemente a mostra Tomie Ohtake Ensaios, que reúne, na íntegra, os registros em vídeos dos ensaios-abertos de Allyson Amaral, Cassi Abranches, Davi Pontes, Eduardo Fukushima com Beatriz Sano e Emilie Sugai realizados na casa-ateliê da artista.

O intuito da mostra é compartilhar com o público os processos coreográficos de criação desses artistas. Junto aos vídeos, será possível encontrar também gravuras e fotografias de obras públicas de Tomie.

A curadoria é assinada por Paulo Miyada, Priscyla Gomes, Diego Mauro e Julia Cavazzini.

Segundo os curadores, “se os ensaios são uma réplica (ou seja, respostas) à obra da artista, a exposição apresentada é uma tréplica: por meio desta seleção de trabalhos, Tomie Ohtake responde à dança.

Assim, dança, pintura, escultura somadas a gravuras e maquetes de obras públicas estabelecem formas de fricção e contágio”.

Instituto Tomie Ohtake 20 anos

O Instituto Tomie Ohtake marca a celebração do seu 20.º aniversário com a remodelação radical de sua missão para os próximos anos.

Servir como um PORTO, para abrigar as necessidades de apoio, aprendizagem, conexão, liberdade e invenção da comunidade artística e seus públicos, em especial as pessoas mais vulneráveis, e também servir como um FAROL, iluminando produções artísticas contemporâneas capazes de contribuir para leituras do passado, presente e futuro e para os desafios urgentes de nossa sociedade.

Serviço:
Exposições: Tomie Ohtake Dançante e Tomie Ohtake Ensaios
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros SP
Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela
(11) 2245-1900
https://www.institutotomieohtake.org.br/