Ambientes de trabalho bem projetados afetam diretamente o desempenho profissional e a saúde dos colaboradores / Por Priscilla Bencke

Cores frias ajudam a combater estresse

Oferecer bem-estar e mais qualidade de vida ao colaborador no ambiente de trabalho tem sido muito estimulado pelas empresas na Alemanha, até porque isso pode impactar diretamente na saúde e na produtividade dos funcionários. O que poucos sabem é que esse conceito pode, inclusive, auxiliar no combate ao estresse também, que pode estar sendo causado pelo ambiente físico onde o profissional desempenha suas atividades. Já parou para pensar nisso?

Priscilla Bencke, arquiteta especialista em ambiente de trabalho e criadora do conceito de qualidade corporativa no Brasil, afirma que o local de trabalho em que estamos inseridos afeta diretamente nossas emoções e que, se for mal projetado, pode ainda prejudicar a saúde física e mental. “Nós somos seres sensoriais. Temos receptores em nosso corpo que interpretam as informações do meio externo e enviam para o cérebro. Consequentemente, isso vai gerar uma emoção, estimulando um determinado comportamento”, explica Priscilla.

Não é novidade que a atividade profissional, seja qual for, causa estresse ao colaborador da empresa. Os motivos mais conhecidos são as cobranças contínuas, o acúmulo de trabalho, as discussões, as insatisfações, entre outros. Além deles, há outro fator que passa despercebido, o espaço físico onde essa atividade é desempenhada. Priscilla explica, por exemplo, que uma cor usada na ambientação da empresa, muitas vezes, pode gerar sensação de mal estar, ansiedade e irritação no funcionário que, ao longo do tempo, vai somando aos demais fatores desencadeantes do estresse. “Acabamos não percebendo essas influências do meio externo, pois muitas delas entram em nosso cérebro de forma inconsciente”, diz a arquiteta.

As cores afetam o ambiente e as pessoas  – As cores são estudadas e utilizadas por diversas áreas, como por exemplo, o marketing, que usa cada cor para inspirar um sentimento ou desejo no público-alvo. Da mesma forma, as cores podem ser utilizadas de uma forma assertiva em um projeto de ambiente de trabalho.

“Eu vejo que muitas pessoas deixam de explorar a questão das cores e mantêm as paredes dos escritórios clarinhas ou brancas. É realmente um desperdício. Hoje, investir em estratégia de cor para o ambiente é uma das maneiras mais econômicas de estimular determinados comportamentos nas pessoas, porque pintar uma parede de branco ou de outra cor vai ter o mesmo preço. É uma ferramenta disponível, acessível e pouco explorada”, afirma a especialista.

Cada cor atinge uma área do cérebro de forma diferente a partir da nossa visão, gerando determinados comportamentos em cada um. Por isso é muito importante ter um estudo na hora de escolher a melhor cor para o ambiente, observando de forma bem generalizada suas categorias: as cores quentes e as cores frias. “As frias dão sensações mais calmas, tranquilizantes. Já as quentes passam sensação de calor, são ligadas ao sol e às altas temperaturas, nos deixam mais ativos”, salienta a arquiteta.

Dentre as cores básicas, estão na categoria “quentes” o amarelo, laranja e vermelho. Já as frias são o azul, verde e violeta. Dentro dessa variação, há muitas formas de se trabalhar o ambiente, pensando sempre em qual será a melhor para cada área de atuação. Em se tratando do estresse, as cores quentes devem ser evitadas, pois elas deixam o ambiente mais acelerado, causando as sensações de excitação e ansiedade.

Pesquisas mostram que a cor vermelha ativa uma região do cérebro que se chama amígdala cerebral. Essa região é responsável pelo sentimento primitivo de luta ou fuga, que vem desde os antepassados. “É justamente essa área do cérebro que dá sensação de excitação, de medo, acelera nossos batimentos cardíacos, gera a ansiedade. Se o objetivo é ter um ambiente mais tranquilo, deve-se evitar o uso excessivo dessa cor no trabalho”, alerta Priscilla. Para conseguir um ambiente mais calmo e tranquilo, que combata o estresse, o indicado é usar cores mais frias.

O azul, por exemplo, estimula o córtex pré-frontal, região do cérebro que está relacionada com tomadas de decisões, metas internas e planejamento de comportamentos. “Essa região é a parte da clareza mental, que, se estimulada, pode proporcionar calma, concentração e sensação de tranquilidade”, destaca. A arquiteta diz ainda que a cor verde também desempenha esse papel e que, portanto, “para o combate ao estresse as melhores opções são as cores frias”, recomenda Priscilla.

A especialista lembra que para o uso das cores funcionar é necessário associá-las ao campo de visão, incluindo a cor onde a pessoa possa enxergar e não em suas costas. As cores podem ser incorporadas em outros elementos do ambiente como na mobília, no plano de fundo do computador, em um quadro, entre outros.

Contato:
Priscilla Bencke
(51) 3350-5099
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