A renovação na composição de elementos hospitalares a um custo acessível, segundo arquiteta especialista em neuroarquitetura, ajuda na recuperação dos pacientes e traz benefícios a todos

Ambientes hospitalares humanizados

Ir à um hospital nunca é uma experiência agradável, seja como acompanhante ou como paciente. Até a pessoa mais tranquila pode sentir certo desconforto ao ver todas aquelas paredes brancas, médicos perambulando pelos corredores, pessoas doentes e cheiro de remédios. Algumas pessoas chegam até mesmo a desenvolver nosocomefobia, o medo extremo de hospitais.

Encontrar soluções e apontar análises sobre a composição do ambiente hospitalar é sempre um desafio, mas, segundo a arquiteta Priscilla Bencke, alguns hospitais já encontraram formas de aplicar a neuroarquitetura neste ambiente tão carente de infraestrutura adequada e que trouxeram benefícios para a saúde de pacientes e motivação e resultados por parte de todos os colaboradores: de médicos a enfermeiros, de administradores a pessoas da área operacional, da limpeza à segurança, do escritório administrativo ao estacionamento.

A especialista afirma que o primeiro passo para modificar ou criar um projeto é ser capaz de entender para quem aquele projeto vai ser destinado. Ao analisar o fluxo de pessoas dentro de um hospital, Priscilla determina os públicos que devem ser considerados. Segundo a arquiteta, no caso do ambiente hospitalar, por exemplo, “são três públicos totalmente diferentes e que, portanto, tem necessidades diferentes.

” O primeiro deles é o paciente que se desloca para a unidade de saúde a fim de buscar tratamento de alguma doença. O segundo, os profissionais que trabalham nos hospitais, desde os médico e enfermeiros como os profissionais da área da administração. Por fim, o terceiro público é constituído por acompanhantes e visitantes, pessoas que também precisam de um cuidado especial para estar bem.

Além do bem estar do paciente, é primordial que os profissionais envolvidos estejam com qualidade de vida satisfatória. Em função da pressão da profissão e dos reduzidos períodos de sono e descanso, a qualidade de vida de médicos e enfermeiros despenca perigosamente.

“Normalmente, os ambientes onde esses profissionais trabalham são áreas que não têm local apropriado para descansar. Muitas vezes, são áreas inutilizadas onde são feitos espaços para eles poderem dormir e descansar, mas que nem sempre são adequados”, alega a especialista. Segundo a neuroarquiteta, um dos problemas desses espaços é a falta de iluminação natural. “A ausência de luz solar pode alterar o comportamento das pessoas, influenciando na produção cerebral da substancia melatonina”, afirma Priscilla Bencke.

Como opção à escassez da iluminação natural a especialista sugere uma iluminação artificial adaptável. “Uma luz que possa ser especificada com temperatura de cores diferente, ou seja, que ao longo dia consiga ter variações de luz artificial, conforme é a luz do sol”, diz a especialista.Segundo ela, então se consegue, por exemplo, pela manhã uma luz mais amarelada, durante meio dia uma luz mais branca e ao final do dia mais amarelada, pois é possível regular o círculo circadiano das pessoas por causa da simulação da luz do sol. Como resultado, os profissionais permanecem ambientados, conseguem entender o fluxo de sua atividade e isso reforça algumas características, deixando-os mais tranquilos, que resultará em um melhor desempenho de suas atividades. “Ganha o profissional, ganha também o hospital porque o resultado será o atendimento recebido pelo paciente”, salienta Priscilla.

Outro ponto relevante levantado pela Priscilla é a utilização de elementos naturais para humanizar o ambiente hospitalar. A especialista complementa a importância dos elementos ao citar a arquitetura inovadora de um centro de tratamento de câncer “Na Inglaterra, esse centro foi projetado pelos arquitetos Foster+Partners, e é quase todo feito com madeira e vidro para que as pessoas pudessem enxergar a área verde que os rodeia.

O centro é fora da urbanização da cidade, mas razoavelmente perto do Hospital Christie”, relata. No Brasil, a experiência adotada pelo Hospital Alemão Osvaldo Cruz, em São Paulo, reforça a importância do contato dos pacientes com áreas verdes para a recuperação da saúde. A unidade possui em sua área uma pequena área verde onde os pacientes podem caminhar, ouvir pássaros e ter contato com as plantas.

Uma pesquisa realizada pela “Human Space” informa que o contato com a vegetação melhora em 15% a sensação de bem estar das pessoas. Curiosamente, até mesmo os bebês vêm sendo alvo de estudos da neuroarquitetura “A pesquisa avaliou bebês que ficam em instituições ou abandonados. Os que ficavam dias inteiros nas caminhas ou enxergando simplesmente o teto branco, no decorrer do crescimento, tinham sérios problemas de relacionamento”, destacou a arquiteta.

A cor icônica de hospitais é a branca, sinônimo de pureza e limpeza. A cor branca também remete à frieza e pode gerar impaciência. Sendo assim, ambientes hospitalares não precisam ser necessariamente tão brancos. Para a neuroarquiteta, a utilização de outras cores, de revestimentos de madeira e de painéis com imagens, que remetem à natureza, podem trazer benefícios aos pacientes.

Serviço:
Arquiteta Priscilla Bencke
(51) 3350-5099
http://www.qualidadecorporativa.com.br/